Em projetos com aplicação do conceito de baixa exergia, a água proveniente do vapor d’água condensado no processo de desumidificação do ar, contém um nível exergético de resfriamento adequado para, por exemplo, proceder ao tratamento higrotérmico do sistema de ar para arrefecimento da central de água gelada e quadros elétricos e eletrônicos a ela associados. Isso evitará o uso de ar externo com níveis elevados de salinidade, comum nas regiões litorâneas, conferindo longevidade aos circuitos eletrônicos de controle e automação dos equipamentos.
É adequada, também, para proceder a climatização por processo radiante nos sistemas ar-água de climatização, como pisos e tetos frios radiantes e sistemas de vigas frias ativas e passivas, os quais usam altas temperaturas de resfriamento (³ 15°C).
Essa visão exergética direciona a cadeia energética para um aproveitamento progressivo da sua utilização, aplicando o condensado inicialmente para obtenção do objetivo fim, que é a climatização, lançando-o nas bacias das torres de resfriamento somente após exauri-lo exergeticamente, para então utilizá-lo no objetivo meio (arrefecimento do processo de refrigeração).
A maioria dos sistemas de climatização usa temperatura da água gelada de retorno mais baixa do que a temperatura média da água resultante da condensação do vapor nos processos de tratamento de ar com desacoplamento entre cargas (± 14°C). É, pois, racionalmente vantajoso fazer o uso do condensado como parte ativa da produção de frio (reduzindo a requerida potência frigorífica), ao invés de usá-lo apenas para reduzir o “lift” da compressão mecânica por abaixamento da temperatura da água de arrefecimento, ao misturá-lo com a água recirculada nas torres de resfriamento. Essa é a diferença entre eficiência energética e eficiência exergética.
Francisco Dantas, diretor da Interplan – Planejamento Térmico Integrado
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