Segundo Paulo Rogério Braz, gerente de vendas da Weg Automação, observa muitos avanços nos sistemas de automação aplicados à refrigeração e ar condicionado, com destaque para as tecnologias de conectividade industrial (IIoT, Industrial Internet of Things), possibilitando a redução dos custos operacionais, particularmente a energia elétrica, através da otimização e do aprimoramento do processo de controle e monitoramento das instalações. “Nos sistemas de automação atuais, os sensores de temperatura, pressão e vazão, por exemplo, estão conectados a um CLP (Controlador Lógico Programável), que faz o controle automático de todas as variáveis do processo de refrigeração e climatização, possibilitando que o sistema se ajuste às melhores condições de operação, evitando desperdício de energia. Os mais modernos sistemas de automação possibilitam também a visualização de todo o processo através de Interfaces de Operação (IHMs) digitais, que, além do controle local dos equipamentos, oferecem ainda o monitoramento remoto de todo o processo. Como exemplo cito as IHMs da Weg, que através da funcionalidade EasyAccess possibilitam o controle, monitoramento e visualização de todo o sistema de refrigeração e de climatização pela internet, através de tablets e celulares. Considerando a evolução dos sistemas de refrigeração e ar condicionado, entendemos que a eficiência energética e a conectividade continuarão demandando a atenção dos projetistas e operadores de novas instalações. Os sistemas mais antigos em instalações existentes também continuarão sendo completamente modernizados para a redução dos custos operacionais e possibilitando maior controle e monitoramento”.
“A IoT tem estimulado os fabricantes a descentralizarem o processamento da informação nos periféricos, possibilitando uma integração direta na plataforma/software a ser utilizado. Alguns fabricantes de válvulas, sensores, compressores, e até mesmo fancoils e refrigeradores, já oferecem seus equipamentos com um microprocessador que permite o tratamento das informações coletadas e, através de um controle stand alone, faça uma regulagem prévia antecipando ações dos gerenciadores. Um grande passo dos equipamentos IoT é a possibilidade de se ter mais variáveis lidas e escritas, gerando uma massa de dados mais qualificada, permitindo a análise e a tomada de decisão da melhor forma possível. Um aspecto interessante notado no AVAC-R é a inevitável migração dos comandos puramente elétricos para uma análise e comando via protocolos e principalmente o uso do meio físico IP. Acredito que num futuro próximo os equipamentos possam ser integrados na automação predial individualmente, como uma câmera de segurança, por exemplo, através de um protocolo totalmente aberto e nativo, com um meio físico padrão, como TCP e IP. Assim facilitaria a gestão preventiva e tomada de decisão dos gestores em ações que podem prevenir despesas desnecessárias, vindo de encontro à eficiência energética e operacional”, revela Igor Nakamura, diretor da Viridi Technologies.
Para Renato Santos, diretor da Brainset, a Internet das Coisas é uma realidade e um primeiro passo para sistemas mais complexos, ressaltando que os controladores e os equipamentos IoT ainda são usados basicamente em funções de monitoração através de interfaces web e com o apelo da distribuição dos controles. “A grande revolução, acredito, se dará no momento em que estes equipamentos e os algoritmos de controle distribuídos passarem a interagir entre si com trocas diretas e inteligentes de informações, sem a necessidade de gerenciadores de rede. Na minha visão, as redes de comunicação seriais deixarão de existir e os dispositivos com comunicação IP serão os mais utilizados. Isso trará um grande desafio, já que para implantação e operação destes dispositivos, será necessário o compartilhamento de responsabilidades entre diferentes áreas, por exemplo, de tecnologia da informação e de engenharia e manutenção. A automação será mais padronizada com o uso de rotinas já testadas e aprovadas, reduzindo horas de desenvolvimento e testes. O comissionamento automatizado será um recurso bastante utilizado e o uso de inteligência artificial para o desenvolvimento e aprimoramento autônomo dos algoritmos de controle já é realidade em fase de testes. Existem hoje avanços importantes em termos de tecnologia e recursos, mas o principal avanço se dá em relação ao conhecimento e boas técnicas de projeto”.
“O software tem evoluído bastante e hoje praticamente todas as plataformas são WEB based e o protocolo BACNet ficou dominante. Novidades como FDD (Fault Detect and Diagnostic) vão ser cada vez mais presentes e necessárias. O FDD permite que falhas por mau funcionamento sejam detectadas automaticamente sem precisar da análise de um operador. Por exemplo, um fancoil que continua suprindo ar gelado com a válvula fechada é notado pelas rotinas de FDD como válvula com defeito, uma bomba ligada fora da programação horária também. Além disso, novos recursos de big data e analíticos estão disponíveis. Estamos na era dos dados. Hoje existem ferramentas muito simples e baratas para monitoramento e controle remoto. Nós da CCN, inclusive, provemos este serviço em regime de 24x7x365. Com o monitoramento remoto via internet é possível detectar alarmes e avisar as equipes de manutenção. Além disso, é possível coletar dados para análise de funcionamento, manutenção preditiva e otimização energética. Tudo muito simples e barato. A Internet das Coisas é um fenômeno inevitável. O mais importante é que os avanços de escala permitem que os preços caiam drasticamente. No início se imaginou que bastaria levar todas as informações dos sensores para nuvem, fazer o processamento remoto e devolver o comando para instalação. Dificuldades de conectividade mostraram a inviabilidade dessa opção. Dessa forma nasceu o conceito de FOG computing, que se traduz num meio termo. Os controles continuam a ser realizados localmente e as informações são transmitidas para nuvem onde grandes sistemas de big data podem gerar os analíticos e repostas de otimização. Sem dúvida IoT é uma tendência irreversível. Nossa empresa já avançou muito nessa área e consegue fornecer vários serviços bem interessantes”, conclui Luciano Antar Ribeiro, da CCN Automação. (APB)
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