O presidente executivo da Abrava faz um balanço de como as empresas de refrigeração e ar-condicionado, e sua principal entidade, reagiram à maior pandemia do presente século
Como você avalia a reação do setor AVAC-R brasileiro à ameaça da Covid-19?
AB: Considero que o setor reagiu bem, graças ao princípio empreendedor dos seus empresários, que é uma característica do brasileiro, e tentaram desde o início buscar alternativas e explorar oportunidades para que mantivessem seus negócios em operação de maneira saudável.
Quais as medidas essenciais tomadas pelo setor e particularmente pela sua sua principal entidade?
AB: Todos os departamentos nacionais da Abrava aplicaram os seus conhecimentos mais aprimorados e atualizados referentes ao uso de tecnologias adequadas e das boas práticas de engenharia. Houve muita interação entre os departamentos, sempre buscando o que existia em comum dentre suas expertises para buscarem em conjunto, na medida do possível, como levar uma mensagem adequada para o consumidor da refrigeração e do ar-condicionado o que tinha de melhor disponível das boas práticas de engenharia e tecnologia.
A realização de lives e documentos procurando demonstrar esses conhecimentos para a população foram empregados. Foram realizadas diversas lives, que designamos como webinares que, graças aos conteúdos gerados, deram vitalidade para os colegas que colaboram com a Associação no sentido de levar conhecimento e aplicação correta das boas práticas de tecnologia para os usuários.
Aplicamos imediatamente, mesmo antes de começar a quarentena, dentro da Abrava, os procedimentos recomendados pelos órgãos de saúde e os especialistas em saúde, no que diz respeito à proteção com EPIs e procedimentos de proteção para evitar contágios e contaminação.
Qual foi o impacto das medidas assumidas pelo setor para reduzir a disseminação do Sars-CoV-2?
O impacto inicial naturalmente foi de cautela. Praticamente parou-se tudo para analisar o que acontecia no Brasil e no hemisfério norte, para que se pudesse entender o que seria necessário adotar e como aplicar os procedimentos em nossa comunidade aqui no Brasil.
Todos os procedimentos foram interpretados como necessários e, com naturalidade e muita dedicação, foram aplicando progressivamente e de maneira cada vez mais intensa, de acordo com as recomendações das autoridades sanitárias e médicas. A primeira ação relevante foi realizada no dia 13 de março. Foi a primeira live do setor que procurou levar ao conhecimento de todos como o ar-condicionado poderia ser utilizado como um elemento positivo e bom para se evitar a contaminação viral. A segunda grande ação foi trabalhar de maneira intensa e imediata no reconhecimento de que o ar-condicionado e a refrigeração são áreas importantes e consideradas de utilidade pública e essenciais para a segurança e o conforto da sociedade.
Diante da grande ameaça que tem sido a Covid-19, houve alguma mudança de percepção dos usuários em relação à qualidade do ar interno?
No início, nas primeiras semanas, não. O maior desafio que a Associação viveu e ainda vive é demonstrar aos usuários e para a sociedade de um modo geral, que o ar- condicionado é parte da solução e não do problema, ou seja, o ar-condicionado quando bem aplicado, bem operado e bem mantido, pode ser um elemento que ajuda a evitar a contaminação, melhorando a condição da qualidade interna do ar. As pessoas quando tomam conhecimento da usabilidade do ar-condicionado, começam a perceber exatamente isso, mas ainda estamos longe de chegarmos a um ponto ideal para que a sociedade entenda os benefícios do sistema de ar-condicionado bem dimensionado, bem aplicado e bem operado.
É possível dizer que o AVAC-R, ou o seu impacto na vida das pessoas, foi alterado pela Covid-19? Em que sentido?
De certa forma sim; muitas pessoas ainda pensam, mesmo com todo esse esforço e toda a divulgação que temos feito, que o ar-condicionado ajuda a proliferar e transmitir o vírus, o que não é exatamente uma verdade. Essas dúvidas que os leigos e que, infelizmente, a mídia explora de uma maneira inadequada e incorreta, cria uma confusão na interpretação das pessoas que, à medida que vão tento oportunidade de conhecer como usar o sistema de ar-condicionado, mudam o seu conceito. Mas ainda falta muito para que a sociedade chegue num entendimento pleno dos benefícios do ar-condicionado.
E isso não fica somente no âmbito dos ambientes internos ocupados, mas também no uso de coletivos, ônibus, trens, aviões e veículos em geral. O uso do ar-condicionado nesses ambientes começa a ter uma importância mais significativa, e isso acontece graças a uma parte da mídia que tem procurado entender a usabilidade e os benefícios que o ar-condicionado propicia. Eu digo que o setor do ar-condicionado e da ventilação sofreu e ainda sofre as consequências e o impacto da interpretação incorreta das pessoas.
Quais as soluções apresentadas pela Abrava para a melhoria da qualidade do ar interno e a contenção da infecção pelo Sars-CoV-2?
A Abrava, através do DNPC (Depto Nacional de Projetistas e Consultores) editou a Renabrava 9 (Recomendação Normativa Abrava no. 9), com as recomendações especificas de como agir durante o período de pandemia. Os parâmetros estabelecidos por esta diretiva fogem ao usual do bom dimensionamento e uso de sistemas centrais de ar-condicionado mas, pela situação de excepcionalidade, indicaram como operar sistemas com frestas para a recirculação de ar, assim como janelas e portas abertas em situações extremas para facilitar a troca de ar e a tomada de ar externo. A Abrava editou também uma Renabrava específica para a retomada das atividades no pós-pandemia, dando ênfase para as questões de higienização, desinfecção e limpeza. Editou também as boas práticas recomendáveis para a retomada das atividades pós período de pandemia. Além disso, a Abrava disponibilizou no site da entidade (abrava.com.br) um FAQ – frequent asking question, compêndio de perguntas e respostas que ficam armazenadas e onde são registradas as perguntas direcionadas à Abrava, com as respectivas respostas dos profissionais colaboradores, visando atender as demandas do mercado.
Basicamente, e em geral, essas questões são relacionadas com o aumento da taxa de renovação de ar exterior, incremento na qualidade e na eficácia dos filtros de ar, tanto de renovação quanto de tomada de ar externo, aplicação de disposto e sistema com lâmpadas UVC para prevenção de colônias de fungos nas serpentinas. Além disso, outras questões como pressurização de ambientes, um cuidado mais intenso no projeto e na elaboração de ambientes com pressurizações mais adequadas, recomendação do uso de sistema de exaustão, para exaurir o ar já contaminado dos ambientes internos, maior intensidade aos procedimentos de operação e manutenção, maior cuidado na limpeza dos equipamentos, e especial atenção aos componentes e sistemas de automação.
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