Lâmpadas UV, ionização catalítica, limpeza de dutos, entre outras ações, contribuem para a manutenção de ambientes saudáveis

A qualidade do ar de interiores parte  da aplicação do PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle, permitindo que sejam mantidas limpas e higienizadas as casas de máquinas, tomadas de ar exterior, e unidades condicionadoras com seus filtros substituídos dentro dos períodos adequados. A manutenção de procedimentos de limpeza e higienização das serpentinas de resfriamento, bandejas de condensados, rotores e volutas dos ventiladores, bem como da parte interna destas unidades condicionadoras, é parte fundamental das práticas exigidas.

Segundo Guilherme Francisco Botana, responsável técnico da Ductbusters Engenharia, os bons resultados dos procedimentos de manutenção estão presentes nos laudos das análises de qualidade do ar realizados semestralmente. “Quando necessário deve ser realizada uma operação de limpeza e higienização mais profunda de todo o sistema climatizado, incluindo a limpeza e higienização de redes de dutos por procedimentos de escovação mecânica robotizada a seco, com a utilização de coletores de alta vazão equipados com filtros absolutos HEPA (99,7% de eficiência de filtração para partículas até 0,3 mícron comprovado por teste DOP), associada à aspiração mecânica localizada com aspiradores de alta capacidade de sucção, equipados também com filtros absolutos HEPA (99,7% de eficiência de filtração para partículas até 0,3 mícron comprovado por teste DOP)”. Sistemas climatizados que possuem retorno pelo forro pleno, assim como aqueles que se utilizam de pisos elevados, também devem ser igualmente limpos e higienizados de acordo com os procedimentos descritos.

“Penso que a qualidade do ar de interiores vai além do conforto térmico como usualmente é compreendido. De modo geral, identificamos uma grande preocupação com a temperatura dos ambientes, porém, uma boa qualidade do ar depende, também, de outros fatores, como controle de CO2, odores, partículas em suspensão etc., sendo assim, creio que a medida mais eficaz para uma boa manutenção seja a insuflação de ar exterior tratado e nas quantidades preestabelecidas”, opina o engenheiro Maurilio Gabriel, técnico comercial da Multivac.

Em relação às redes de dutos, a Ductbusterss realiza a verificação da condição de estanqueidade das redes. “Pontos de vazamentos nas redes de dutos acima dos limites permitidos pela norma, além de diminuírem a eficiência do funcionamento de todo o sistema, podem vir a criar pontos de acúmulo  e umidade externa que acabam por gerar a formação de mofo no interior destes dutos. Acabam, também, por criar condições para a disseminação deste mofo na área de forro pleno. Os eventuais pontos de vazamento são corrigidos, sendo a rede de dutos submetida a novo teste a fim de confirmar a eficácia dos serviços realizados”, alerta Botana.

Para o engenheiro Flávio Valle do Nascimento, gerente de Vendas da Trox e membro do Departamento de Qualidade do Ar Interior da Abrava, é necessário medidas eficazes para manutenção da qualidade do ar de interiores. “Manutenção adequada nos condicionadores de ar com limpeza de serpentinas (ou colocação de lâmpadas UVC) para evitar a biocontaminação nas aletas das serpentinas, troca na hora correta dos filtros de ar, com substituição por elementos de qualidade comprovada, e, principalmente, ter uma boa taxa de ar externo, não se esquecendo de que o local da captação do ar externo é de vital importância, pois o mesmo deve vir sem contaminações externas”.

A Ecoquest, especializada em soluções integradas para o tratamento do ar, trabalha com a IRC – Ionização Rádio Catalítica, com ozônio, ionização polarizada e Luz UV para ambientes desocupados, serpentina e dutos de exaustão. Segundo Henrique Cury, presidente do DN Qualindoor – Departamento Nacional de Qualidade do Ar de Interiores da Abrava e diretor da Ecoquest, a grande vantagem da tecnologia IRC – Ionização Rádio Catalítica é a limpeza sem utilização de ar externo. “A tecnologia consiste na instalação de células fotocatalíticas nos dutos de ar condicionado onde se produz oxidantes naturais, como o peróxido de hidrogênio, que será transportado até o ambiente pelo fluxo de ar do duto, descontaminando poluentes biológicos (microorganismos), químicos (gases voláteis) e físicos (partículas), tanto no ar como em superfícies”.

A tecnologia do ozônio através de equipamentos portáteis também é utilizada pela Ecoquest. Ela é usada para descontaminação através de tratamento de choque em ambientes desocupados, geralmente impregnados com odores ou mofo. A empresa não utiliza o ozônio em ambientes ocupados, pois seguem diretrizes internacionais e da Abrava. No entanto, segundo Cury, o ozônio é um excelente descontaminante, com resultados sempre satisfatórios, um oxidante natural sem resíduos químicos.

O diretor da Ecoquest diz ainda que “a ionização polarizada diminui consideravelmente a poeira em suspensão, principalmente em obras, impedindo o ar carregado de contaminar outros ambientes, melhorando a qualidade de vida dos funcionários da obra e os que ainda trabalham no edifício, substituindo os exaustores que são caros e muitas vezes ineficientes. Outra tecnologia utilizada pela nossa empresa são as lâmpadas UV para descontaminação das serpentinas, principalmente nos dutos de exaustão de cozinhas. Os resultados têm sido espetaculares, melhores que produtos químicos que geram resíduos e acabam poluindo o ambiente”.

A Ductbusters também oferece a manutenção dos sistemas adequadamente balanceados. São realizados serviços completos de balanceamento técnico de sistemas climatizados de acordo com a norma ASHRAE 111 – 2008, e com a utilização de balometer devidamente aferido e anemômetro digital de fio quente. “Todo este conjunto de medidas e serviços técnicos e corretamente executados são diretamente responsáveis pela boa qualidade do ar de interiores”, esclarece Botana.

Já a LimpDutos oferece serviços de limpeza e higienização de dutos e sistemas de ar condicionado. “Esse serviço tem como característica ser feito fora do horário comercial, não causando interrupções no uso do ambiente”, diz o engenheiro Jeferson Luiz Alberto.

Em relação ao impacto dos sistemas ou equipamentos de tratamento do ar de renovação na qualidade do ar de interiores e no desempenho dos sistemas de climatização, Marcelo Munhoz, diretor Comercial da Sictell, comenta que “o impacto é total para todos os usuários, pois com sistemas eficazes de tratamento reduz o risco de doenças respiratórias, bem como aumenta a produtividade das pessoas que nelas estão inseridas”.

“Os equipamentos deverão estar em perfeitas condições de limpeza, em bom estado de conservação, sem ferrugem, serpentinas sem proliferação de biofilmes, e o ar externo de boa qualidade e quantidade. É este conjunto que garante a qualidade do ar interior”, analisa Nascimento.

“De modo geral, o impacto é positivo, uma vez que um ambiente bem tratado, considerando os diversos pontos para uma boa qualidade de ar, proporciona aos ocupantes não apenas conforto, mas qualidade de vida. É necessário refletir que cada vez mais ficamos em ambientes fechados e que a qualidade do ar influencia muito a nossa vida, tanto em ambientes de trabalho quanto em espaços de lazer, como shopping centers, cinemas e até mesmo nas residências. Estudos recentes apontam que um ambiente com uma boa qualidade do ar de interior proporciona ganho de produtividade para os ocupantes”, explica Gabriel, da Multivac.

Contribuição

Para Botana a experiência comprova que tais tecnologias, devidamente aplicadas de forma conjugada, contribuem efetivamente para a obtenção e manutenção da qualidade do ar de interiores. “O sistema climatizado é composto de diversos equipamentos e acessórios que devem trabalhar em harmonia. Fazem parte deste sistema, não só estes equipamentos e acessórios, mas também o ambiente climatizado. Estas tecnologias empregadas por nossa empresa visam atender às condições e características de todo o conjunto, harmonizando desde as condições de funcionamento até a correta utilização destas condições”.

A principal vantagem da tecnologia IRC, segundo o presidente do Qualindoor, é a diminuição microbiológica de gases voláteis e de partículas, deixando o ambiente com maiores taxas relativas de oxigênio, o que, comprovadamente, aumenta a produtividade e reduz o absenteísmo. “A IRC traz enormes ganhos energéticos, uma vez que a captação de ar externo pode ser diminuída desde que o ar seja tratado e monitorado. Essa nova opção está incluída na revisão da NBR 16401, em fase final. Todas as outras tecnologias têm como objetivo principal a redução dos odores através da eliminação natural de seus agentes causadores, como gases voláteis. A ionização polarizada contribui efetivamente tirando a poeira de obras e deixando o ambiente com melhores condições; e a luz UV de serpentina promove uma descontaminação no sistema de ar condicionado, melhorando sua eficiência. A tecnologia IRC atua de modo contínuo, insuflando peróxido constantemente nos ambientes com descontaminação permanente. O mesmo ocorre com a luz UV nos dutos de exaustão de cozinhas e na serpentina. Tanto a ionização polarizada e o ozônio em ambientes desocupados mantém a qualidade do ar durante o funcionamento dos aparelhos, remediando problemas pontuais”.

“A maior contribuição efetiva em relação às tecnologias é manter o sistema de ar condicionado limpo. Caso isso não ocorra, favorece o crescimento de microrganismos, além da dispersão de material particulado no ambiente, prejudicando a saúde dos usuários. É um processo de limpeza a seco, com utilização de escovas rotativas, mangueiras com ar comprimido e sistemas de filtragem de alta eficiência para remoção da sujidade de dentro dos dutos”, explica Alberto.

Custo x benefício

Cury comenta que a IRC – Ionização Rádio Catalítica, possui grande vantagem econômica sobre a ventilação. Além de melhorar a qualidade do ar de interiores, reduz a captação de ar externo, gerando significativos ganhos econômicos. Para a descontaminação de obras, usa-se a ionização polarizada, que necessita de menos equipamentos que exaustores, gerando ganhos econômicos, além de ser mais eficiente. Ele explica, também, que a luz UV é substituída após 17 horas de uso ou quase dois anos, enquanto os produtos químicos devem ser utilizados todos os meses, gerando custos mensais, além de serem mais poluentes.

“A correta aplicação destes procedimentos como um todo permite um excelente custo benefício, uma vez que os valores investidos para todos os serviços acabam por proporcionar, além de excelente qualidade do ar de interiores, melhor desempenho dos sistemas de climatização como um todo, com grande economia de energia e redução sensível em custos de manutenção corretiva”, diz Botana.

A proliferação de fungos em serpentina

Para o representante da Ductbusters, a maneira mais adequada de impedir a proliferação de fungos em serpentinas de resfriamento é a correta realização de operação de limpeza por procedimento de lavagem química. É aplicado um produto detergente surfactante biodegradável seguido de jatos de água da máquina lavadora de alta pressão. É um procedimento que deve ser realizado dentro dos prazos previstos no PMOC. A limpeza das serpentinas deve ser acompanhada da substituição dos elementos filtrantes e de limpeza adequada da parte interna da unidade condicionadora, também dentro dos prazos indicados no PMOC.

A Ecoquest recomenda o uso de lâmpadas UV germicidas. Elas atuam diretamente sobre os biofilmes da serpentina inativando microorganismos e melhorando a qualidade do ar que vai para o ambiente, além de melhorar a eficiência do sistema de ar condicionado.

Nascimento, da Trox, concorda que as lâmpadas UVC são uma excelente forma de combater fungos. “Uma solução implementada há anos (prédios comerciais, hospitais, laboratórios farmacêuticos e empresas processadoras de alimentos dos EUA) é a utilização de emissores de radiação ultravioleta (UVC) com emissão de energia entre 200 e 300 nanômetros. A radiação nessa faixa de comprimento de onda se dá pelo menos com 16.000 microwatts por segundo por cm². A atuação dos emissores de UVC se dá por conta da quebra das ligações moleculares no DNA dos microorganismos. Nesse comprimento de onda (250nm) não é gerado ozônio, que poderia ser prejudicial à saúde. Os emissores de UVC mantêm as serpentinas e bandejas de condensados livres da proliferação de microorganismos, eliminando o biofilme que se forma nestes locais. A serpentina limpa tem menor perda de carga e maior efetividade na troca de calor. O resultado é uma economia de energia na ordem de 20%, e o sistema se paga em menos de um ano. Estes emissores podem ser colocados também não só em serpentinas novas, mas também em serpentinas já existentes e instaladas. A limpeza da serpentina ajuda a minimizar o problema, mas não resolve, pois, sob condições ideais, bactérias e vírus podem dobrar a cada 20 minutos, portanto, a fórmula de proliferação dos microorganismos torna-se 2n  (dois elevado a n) de modo que, em 24 horas, temos 272 ou aproximadamente 70 trilhões de organismos, que a cada dia vão se multiplicando e contaminando. O único modo de interromper este ciclo é com a lâmpada UVC”.

Ar de exaustão de banheiros e cozinhas

“Mais uma vez nos deparamos com a importância da engenharia, com cálculos bem afinados de forma a obtermos a renovação necessária para que sejam controlados fatores como odores e excesso de umidade, e, que por sua vez, não consumam demasiadamente o ar condicionado dos ambientes periféricos, lembrando que quando optamos em fazer a renovação pelo sistema de exaustão, o ar novo será infiltrado por frestas de portas e janelas, que muitas vezes fazem limite com ambientes onde o ar é condicionado. Saliento, ainda, o cuidado com a descarga dos exaustores que deve manter uma distância segura dos pontos de TAE – Tomadas de Ar Externo, para que não corra o risco de que os ventiladores de TAE puxem parte do ar de exaustão e mandem novamente para o ambiente”, exemplifica o engenheiro da Multivac.

Já para o representante da Sictell, são necessárias “tubulações específicas com saídas do ar direcionadas para um local fora de utilização da captação do ar para tomadas de ar externo e captação do ar direcionada nesses locais, impedindo a contaminação de outras áreas. E para se aproveitar esse ar de exaustão, somente se houver um sistema de tratamento que possa ser utilizado para qualquer ambiente, sem ser em hospitais e laboratórios”.

“Como sabemos, o ar condicionado recircula o ar do sistema, e por isso o ar do banheiro e cozinhas não poderá ser recirculado nos demais locais, sob risco de contaminar a instalação como um todo. O ar de exaustão poderá ter sua entalpia recuperada e transferida para o ar externo captado pelo sistema”, explica Nascimento.

Charles Godini – charles@nteditorial.com.br

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