O Unimed Nordeste – RS, complexo hospitalar localizado em Caxias do Sul (RS), inaugurou a primeira fase de ampliação do novo edifício que conta com pronto-atendimento 24 horas e centro cirúrgico ambulatorial. A segunda fase será entregue em setembro de 2018 e incluirá centro obstétrico, internação pediátrica, internação obstétrica, endoscopia e as UTI’s neonatal e pediátrica. Já a conclusão da ampliação está prevista para o ano de 2019, com três pavimentos destinados à internação.

A Artécnica, empresa responsável pelo projeto de AVAC, decidiu pela modelagem em BIM (Building Information Modeling), ou Modelagem da Informação da Construção, que cria um edifício virtual, desde a fase de concepção até a quantificação dos materiais e acabamentos necessários. Anderson Rodrigues, diretor da Artécnica, explica que esse tipo de modelagem minimiza erros comuns no processo de projeto em 2D e reduz custos, pois permite simulações e cálculos de eficiência energética em menor tempo, além de facilitar os desenhos das instalações do sistema de ar condicionado, ventilação e aquecimento de água.

“O BIM minimiza erros comuns ao processo de projeto em 2D, ou seja, reduz custos, pois, gerando plantas, cortes e vistas em 3D em tempo real, permite a simulação e cálculos de eficiência energética. Todos os desenhos e documentos foram atualizados imediatamente, da mesma forma os quantitativos foram recalculados. O uso do BIM no projeto Unimed Nordeste gerou redução de tempo na geração de detalhamentos e revisões na ordem de 75%, apresentando para o cliente uma quantificação automática e precisa de materiais para os orçamentos, minimizando essa atividade e reduzindo erros. Os ganhos com BIM passam da qualificação da equipe até melhoria da qualidade e do fluxo de informações durante o projeto, e a redução de custos no tempo de revisão e alterações, além da melhoria na tomada de decisão pela equipe de ar condicionado e pelo cliente, bem como de outras modalidades envolvidas. O arquiteto Patrick MacLeamy estabeleceu um conceito, comumente referenciado na indústria de design e construção, a ‘MacLeamy Curve’, para ilustrar o custo crescente de modificações de projeto e como uma equipe de projeto progride no processo de design”, revela Rodrigues.

A instalação recebeu nessa primeira fase dois resfriadores de líquido com condensação a ar, de 250 ton cada, totalizando 500 ton. O sistema também contou com 110 fancoils, climatizadores de parede dupla que promovem a renovação de ar sem comprometer os ganhos de eficiência energética e, ainda, 14 fancoletes com alta capacidade no aquecimento de ar para entradas e corredores com baixo ruído.

Modelagem permite reproduzir a instalação em 3D

“A obra tem área de 32.000 m², com uma previsão de inicialmente ser instalado 750 ton de resfriadores de ar condensação a ar de 250 ton, e, no final da obra, a unificação das centrais térmicas do hospital, com a nova instalação, atingirá a potência de 1200 ton (4,21 MW) e 2,32 MW de aquecimento ao término da ampliação do empreendimento em 2019. O prédio antigo possui três chillers condensação a ar de 125 ton cada. Desde o primeiro projeto em 2003 optou-se pela condensação a ar, pois resultou em melhoria na eficiência energética, além de o custo de fornecimento de água em Caxias do Sul ser muito alto, descartando a opção de condensação a água, resultando em menor investimento e maior economia de energia”, informou Eduardo Hugo Müller, gerente de vendas da Trane na região Sul.

A Trox do Brasil forneceu as Unidades de Tratamento de Ar modelo TKZ, fancoletes hospitalares, difusão em geral, dampers corta fogo e caixas VAVs; e a Mercato forneceu todo o sistema de automação do ar condicionado integrando controladores da própria marca, válvulas Belimo, inversores de frequência Danfoss e sensores e instrumentação Dwyer. Os isolamentos térmicos foram fornecidos pela Armacell.

Unidades de Tratamento do Ar

Dificuldades e desafios superados com o BIM

Segundo Rodrigues, para atender aos requisitos de qualidade de ar em áreas hospitalares, várias particularidades e normas estão associadas aos sistemas de tratamento de ar, tais como aquecimento, arrefecimento, umidificação, renovação, filtragem, ventilação e desumidificação. Os sistemas podem ainda incluir outras funções, como a de pressurização do ar no interior de determinado espaço, e por conta dessas particularidades a modelagem ajuda a prevenir erros e ultrapassar cada desafio.

“Nos projetos hospitalares, um dos grandes diferenciais e maiores desafios são as chamadas áreas perigosas onde há filtragem absoluta de ar, ou seja, são necessários volumes significativos de ar limpo para manter e garantir a qualidade ambiental e a segurança do paciente. A norma brasileira para o ar condicionado nos centros de atendimento médico – NBR 7256 e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definem quais são as restrições ambientais e os critérios que precisam ser cumpridos. Através do BIM modelamos todas essas áreas com DDS-CAD para dimensionamento e análise das instalações mecânicas. Como o local crítico nos hospitais são as salas de cirurgias, com uso do BIM conseguimos verificar todos as interferências que poderiam ocorrer na instalação do difusor de fluxo laminar sobre a mesa de cirurgia, bem como o trajeto dos dutos e a área de piso que a unidade de tratamento de ar iria ocupar no piso técnico. Outro ponto crítico foi a central térmica, com a decisão de instalar na última laje do prédio, onde tivemos que projetar com precisão todo os equipamentos com tamanhos e pesos para que os arquitetos pudessem otimizar espaços e desenvolver os fechamentos”, diz Rodrigues.

Qualidade do ar com difusores hospitalares

Ao longo da fase de modelagem inicial, Rodrigues conta que apesar de seu software DDS-CAD ser totalmente certificado Open BIM, eles ainda tiveram que criar conteúdo adicional sobre o banco de dados completo do produto que o software oferece. “O Data Design System (DDS), o desenvolvedor do software de design MEP DDS-CAD está atualmente no processo de ingressar no mercado brasileiro e a nossa equipe os ajudou a criar os produtos que ainda não estavam disponíveis. Tivemos dificuldade em encontrar, por exemplo, um difusor de ar correto. Por padrão, o DDS-CAD oferece uma ampla gama de produtos, no entanto, alguns não eram diretamente adequados para o mercado brasileiro. Como resultado, decidimos modelar e dimensionar os difusores de ar necessários, utilizando os dados do produto do fabricante alemão presente no Brasil, bem como as unidades de tratamento de ar do hospital fornecidas por um fabricante dos EUA. Criamos o design, a especificação e, finalmente, a modelagem do equipamento que seria usado no design. Estamos entre os primeiros usuários do DDS-CAD no Brasil”, revela.

Nesta fase, todos os elementos modelados pela equipe da Artécnica estão disponíveis no banco de dados do produto do DDS-CAD. “Pagamos um preço por ser um dos primeiros, mas a economia de custos e o retorno para nós são enormes. Qualquer alteração no projeto pode ser feita com alguns cliques do mouse”, finaliza Rodrigues.

Da redação

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