Um projeto de pesquisa e desenvolvimento que prevê a implantação de uma planta de geração a biogás no campus da Unesp, em Jaboticabal, com a produção de um Atlas Estadual de Bioenergia e uma modelagem para a comercialização da energia gerada, foi anunciado em 26 de fevereiro pela Cesp – Companhia Energética de São Paulo, empresa vinculada à Secretaria Estadual de Energia e Mineração. Com investimento de R$ 3,9 milhões no projeto, a empresa conta com a participação da USP e da Unesp na produção das pesquisas, além do apoio da Secretaria de Energia e Mineração. Para dar respaldo ao estabelecimento de rotas tecnológicas no processo de cogeração integrada com biogás, será instalada na Faculdade de Ciências Agronômicas e Veterinárias da Unesp uma planta de geração a biogás com alimentação a partir de biodigestor anaeróbio. O campus foi escolhido por contar com dejetos animais e uma plantação de batata doce, que servirá como insumo experimental, além de vinhaça proveniente de plantas de cogeração de grande porte localizadas próximo à faculdade.
“Estamos fazendo com que a universidade, com apoio da Cesp, leve a prática das diversas formas de uso das energias renováveis ao mercado. É preciso que se garanta energia para o futuro, por isso temos que trabalhar intensamente para incentivar novas fontes e essa parceria indicará caminhos a serem seguidos”, destacou o secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, João Carlos Meirelles.
O projeto de P&D da Cesp, que está registrado na Aneel, terá como um dos produtos o Atlas de Bioenergia do Estado de São Paulo. Serão produzidos mapas temáticos que apresentarão o potencial da biomassa e a respectiva capacidade de geração elétrica e a produção de biogás, de cada biomassa analisada (resíduos da agricultura, agroindústria, silvicultura, resíduos sólidos urbanos, dejetos animais e esgoto).
“Temos muita biomassa ainda não aproveitada para energia. Palha e bagaço de cana, florestal, resíduos sólidos e dejetos animais, que são enterrados ou não utilizados. Esse projeto é de extrema importância para o desenvolvimento de atividades que utilizem essas biomassas para cogeração”, disse Rubens Rizek, secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Para o cálculo do potencial e sua representação nos mapas serão consideradas a infraestrutura disponível com rodovias, hidrovias, ferrovias, linhas de transmissão, redes de transporte e distribuição de gás canalizado. Farão parte do estudo as áreas protegidas e a situação da saturação das bacias aéreas, assim como a informação atualizada sobre a geração de energia elétrica das usinas sucroenergéticas ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“O Atlas da Bioenergia irá identificar as possibilidades por região, por município e por diferentes tipos de biomassa”, afirmou a professora Suani Teixeira Coelho, coordenadora de Projeto da USP/IEE – Instituto de Energia e Meio Ambiente.
A planta irá subsidiar as análises de cogeração integrada no setor sucroalcooleiro e de biogás proveniente de diversos bioenergéticos disponíveis em escala regional. “Formular modelos de negócio que sejam atraentes para o mercado comercializar a eletricidade gerada será o nosso grande desafio”, disse Dorel Soares Ramos, coordenador de projetos do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
“A Cesp tem investimentos em diversos projetos de pesquisa, que incluem geração fotovoltaica, termosolar e eólica, além de armazenamento de energia. São projetos fundamentais para incentivar outras empresas a utilizarem novas fontes de geração de eletricidade”, afirmou Mituo Hirota, diretor de geração da Cesp. Atualmente, o Governo do Estado de São Paulo tem incentivado o uso energético da biomassa e do biogás como uma fonte estratégica para a independência energética e para o cumprimento da Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC.