Projetado na década de 1970 por Sérgio Pileggi e Euclides de Oliveira, o edifício que abriga a administração central do SESC/SP, localizado na Avenida Paulista, foi fechado em 2010, passou por um retrofit e, após oito anos, reabre suas portas a partir de maio próximo.

Com investimento de R$ 100 milhões, o projeto arquitetônico foi desenvolvido por Konigsberger e Vannucchi Arquitetos Associados, e coube à Thermoplan Engenharia Térmica projetar o sistema de climatização, executado pela JAM Engenharia.

O projeto propôs grandes modificações internas e externas ao edifício, composto por 2 subsolos, térreo, mezanino e 15 pavimentos, incluindo auditório com 200 lugares e mini auditório com 90 lugares, 2 espaços para apresentações cênicas, salas de atividades corporais, centro odontológico de referência, centro audiovisual para pesquisa, sala de tecnologia e internet, área para exposições, oficinas, convivência, observatório, espaço infantil, bistrô, cafeteria e loja Sesc. O prédio está buscando a certificação LEED e a classificação PROCEL, que atestam o comprometimento da edificação com os princípios de eficiência energética e sustentabilidade.

Segundo Gianfranco Vannucchi, o projeto contemplou uma série de aberturas internas entre andares e na fachada para que seja possível ver as atividades que acontecem em seu interior. Quem passa pela calçada pode até mesmo ver um show acontecendo no auditório do térreo. Na cobertura, no lugar da antiga comedoria, um novo restaurante proporciona a vista da avenida. Um terraço no primeiro piso faz às vezes de praça elevada. A fachada voltada para a Avenida Paulista recebeu painel de zinco composto (ZCM). Já a fachada para a Rua Leôncio de Carvalho recebeu uma grande lâmina de vidro transparente, que funciona como barreira acústica e térmica, com ventilação natural. Futuramente, a proposta é transformar a Rua Leôncio de Carvalho, entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos, em uma praça-boulevard, integrando a unidade do SESC Paulista e o Itaú Cultural, além de outras edificações do entorno.

Aberturas internas entre andares e na fachada para ventilação natural

Climatização

De acordo com Carlos Kayano, diretor da Thermoplan Engenharia Térmica, um dos desafios foi compatibilizar o projeto arquitetônico da reforma em um edifício existente, com vigas estruturais e instalações aparentes, com as boas práticas de engenharia para distribuição de ar e controle individual de temperatura por zonas térmicas.

Jean Baranowski, engenheiro da JAM Engenharia e coordenador da obra SESC Paulista, acrescenta que buscou-se um sistema de ar condicionado flexível, de modo que possa ser usados apenas quando e onde for necessário: “os chillers são usados durante o dia, e também combinado a eles está a disposição um sistema de expansão direta, tipo multisplit, operando em VRF (fluxo de refrigerante variável) e em ciclo reverso (resfriamento e aquecimento), localizado nas salas de lógicas em todos os pavimentos e áreas técnicas como sala de som, CFTV e depósitos. Também o calor, subproduto dos chillers, são trocados com o trocador de calor, que fornece água quente para as caldeiras do edifício”, explica Baranowski.

São quatro chillers, de 80 ton cada, com condensação a ar e compressores centrífugos magnéticos. Para a expansão direta foram instaladas três condensadoras de 12 HP cada, também com condensação a ar e ciclo reverso, e dois condicionadores split system convencional com capacidade nominal de 7,5 ton cada.

Chillers com condensação a ar e compressores centrífugos com mancal magnético

“A unidade condensadora resfriada a ar (UCS-1), alimenta 21 unidades evaporadoras, com modulação individual de capacidade pela variação da vazão de gás refrigerante. O sistema opera com refrigerante R410A, para atender as salas de lógica e ambientes que requerem refrigeração 24 horas”, informa o engenheiro da JAM.

No sistema de água gelada foi projetado fluxo variável apenas no sistema secundário. A modulação e arranjo no posicionamento dos chillers foram previstos para se adequar ao espaço físico da área técnica disponibilizada no edifício, que já era existente e foi reformada para atender às recomendações do fabricante. O sistema de expansão indireta foi escolhido principalmente por conta do espaço disponível no prédio, já que prescinde de torre de resfriamento, bombas de condensação e tratamento da água de condensação. Além disso, a Central de Água Gelada está localizada na cobertura, favorecendo o uso de condensação a ar.

Segundo Kayano, o projeto foi elaborado com o objetivo de alcançar a certificação LEED e o selo Procel Edifica, priorizando a escolha de equipamentos de alto rendimento. Sensores monitoram a concentração de CO2 no ar ambiente, permitindo reduzir a vazão de ar externo quando possível, com redução do consumo de energia. “No caso da água gelada, o compressor centrífugo com mancal magnético apresentava a melhor eficiência energética dentre todos os disponíveis na época da concepção do projeto (2012). Já o multisplit VRF e split system convencional, atendem os ambientes que funcionam fora do horário de operação normal dos chillers e com situações de longa distância entre unidades evaporadoras e condensadoras”, explica o projetista.

VRFs atendem os ambientes que funcionam fora do horário de operação normal

A circulação de água gelada se processa através de circuito primário, com bombas primárias promovendo a circulação de água pelos chillers, em regime de vazão constante, e circuito secundário, com bombas secundárias promovendo a circulação de água pelos condicionadores, em regime de vazão variável, em função da variação da carga térmica da área beneficiada. Para que as bombas secundárias possam operar com vazão variável de água, sem prejuízo em sua eficiência, o motor de acionamento é alimentado através de conversor de frequência que permite a variação de velocidade de rotação. O arranjo dos chillers é em paralelo, que pressupõe uma temperatura única de suprimento da água gelada, admitindo a utilização de chillers sem qualquer condicionante de vinculação quantitativa entre as outras unidades, e possibilitando também o rodízio entre eles.

Há sistemas dedicados para renovação do ar exterior e aproveitamento do calor proveniente do dessuperaquecimento dos chillers para pré-aquecimento da água quente utilizada na cozinha e vestiários. “Os chillers dispõem, junto do condensador a ar, de um trocador de calor complementar água/água (dessuperaquecedor). Foram montados, ainda, um trocador de calor TC-1 e 2 bombas (uma operante e uma reserva) para obter água quente, em circuito fechado com os dessuperaquecedores. Essa água quente, através de um lado do trocador de calor TC-1, é disponibilizada a 36ºC para utilização em circuito da hidráulica predial”, descreve Baranowski.

A instalação conta ainda com sistemas forçados de suprimento de ar externo de renovação com filtragem que atendem à Norma ABNT e a certificação LEED, exaustão mecânica em sanitários desprovidos de janela e sistema de exaustão localizada em coifas de cocção e lavagem da área da cozinha, além da ventilação mecânica nos subsolos com uso de depósitos, garagens, áreas técnicas, lixo etc.

“A área de estacionamento, nos níveis do 2º e 1º subsolos, tem um sistema combinado de insuflação de ar novo filtrado e exaustão de ar interno. Os vestiários dos funcionários, no nível do 2º subsolo, são beneficiados por um sistema de exaustão geral forçada, com exaustor centrífugo E-2/S, montado no nível do 1º subsolo. Tanto a caixa de ventilação V-1/S como o exaustor E-1/S operam com a velocidade variável de rotação através de conversor de frequência, comandado por sensor de CO2. Além dos sanitários, o ar exaurido pelos sistemas de exaustão geral será compensado pelo ar novo suprido pelas caixas de ventilação VAE do sistema de ar condicionado. Na maioria dos casos o ar de retorno é direto aos compartimentos dos condicionadores através de damper e filtro metálico”, detalha o engenheiro da JAM.

A difusão do ar possui sistema misto de vazão de ar constante em andares abertos e variável em salas fechadas com caixas de ventilação VAE, para os condicionadores. As caixas de ventilação operam com vazão de ar variável, comandadas por sensor de CO2, com grelhas instaladas na face vertical dos dutos. Também foram previstos sistemas de pressurização para as duas escadas de segurança da edificação.

A instalação possui um sistema de BMS com central instalada em sala dedicada, que define e controla as variáveis das condições de conforto ambiental, alarmes e segurança, registro de dados, programação horária e demais aspectos de automação, buscando redução de consumo e custo operacional. Baranowski explica que o objetivo foi aliar a segurança operacional com a redução de custos, para atender as necessidades ambientais, buscando o melhor ponto de operação da instalação. Outro fator da automação é tornar desnecessária a presença de operadores físicos para ligar e desligar os equipamentos e fazer ajustes de temperatura (setpoint).

Ficha Técnica:

Obra: Retrofit do Edifício SESC Paulista

Projeto: Konigsberger e Vannucchi Arquitetos Associados

Projetista: Thermoplan Engenharia Térmica

Instalador: JAM Engenharia

Integrador da automação: CCN Automação

Total da instalação: 360 ton

Chillers centrífugos de mancal magnético: Tosi

Multisplit VRF e splitão: Midea Carrier

Fancoils para tratamento do ar exterior e para o ar de recirculação: Trox

Difusores: Trox

Caixas de ventilação com filtro: S&P-OTAM

Ventiladores de ar externo e exaustão: S&P-OTAM

Ventiladores para pressurização de escadas: Projelmec

Lavador de ar: Capmetal

Bombas de água gelada: Flowserve

Variadores de frequência: Danfoss

Válvulas tipo borboleta, esfera e gaveta: Genebre

Válvulas 2 vias motorizada (on/off e proporcional): Abaco e IMI

Válvula balanceadora:  IMI

Controles e sensores de CO2, temperatura, pressostatos, diferenciais de pressão e vazão: Dwyer

Isolamento dos dutos: Polipex

Isolamento da tubulação da água: Armacell

Trocador de calor: Alfa Laval

Ana Paula Basile Pinheiro – anapaula@nteditorial.com.br

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