Foi o alerta da pesquisa divulgada por Will Steen, da Universidade Nacional da Austrália (ANU). Segundo o estudo de Steen, a Terra corre o risco de cair em um estado estufa irreversível devido ao aquecimento global, o que tornaria inabitáveis vários lugares. A pesquisa adverte ainda que a situação pode resultar em temperaturas a meio-cinco graus acima da era pré-industrial e que o aumento do nível do mar suba a longo prazo entre 10 e 60 metros. Atualmente, a temperatura média global é pouco mais de um grau superior ao
da era pré-industrial e aumenta 0,17 graus a cada década.
Steen observou que se as temperaturas aumentassem dois graus devido às atividades humanas, os processos seriam ativados no sistema da Terra, chamados de retroalimentação, o que poderia desencadear maior aquecimento, mesmo se os gases de efeito estufa não fossem mais emitidos. Esses elementos de retroalimentação incluem descongelamento do pergelissolo (solo permanentemente congelado), a perda de metano
hidratado das águas marinhas, o enfraquecimento de carbono em terra e no mar e o aumento da respiração bacteriana nos oceanos. Também incluem a morte regressiva da floresta amazônica e da floresta boreal, a redução da camada de neve no Hemisfério Norte, a perda de gelo marinho no verão ártico, assim como a redução do gelo marinho antártico e as camadas de gelo polar.
“A verdadeira preocupação é que esses elementos críticos possam agir como
uma fileira de dominós. Uma vez que é empurrado, ela empurra a Terra para
outro. Pode ser muito difícil ou impossível deter toda a fileira de dominós”, disse Steen, em comunicado da ANU.
Os pesquisadores consideram que a ativação em cadeia desses retroalimentadores poderia liberar incontrolavelmente o carbono que foi armazenado anteriormente na Terra. “É improvável que os esforços atuais, que não são insuficientes para cumprir os
objetivos do Acordo de Paris, ajudem a evitar essa situação perigosa, na qual
muitas partes do planeta poderiam se transformar em inabitáveis para os
humanos”, advertiu o pesquisador.
O Acordo de Paris, assinado em 2015 por cerca de 200 países, procura manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2°C em relação ao nível pré-industrial, e continuar os esforços para limitar esse aumento em 1,5 graus.
No estudo, Steen pediu rapidez na transição para uma economia global verde. O trabalho, publicado na revista científica PNAS, envolve cientistas da Suíça, Dinamarca, do Reino Unido, da Bélgica, dos Estados Unidos, da Alemanha e Holanda.
Fonte: EBC