No dia 22 de janeiro de 1942 era criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) através do Decreto-Lei Federal 4048. Seu idealizador foi o engenheiro, industrial e político Roberto Simonsen, falecido em 25 de maio de 1948 quando proferia discurso no plenário da Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito em agosto de 1945.
O esforço de Simonsen para a criação do SENAI tinha razão de ser. O Brasil experimentava, na década de 1940, um forte processo de industrialização. Particularmente devido à II Grande Guerra (1939-1945) colocavam-se obstáculos intransponíveis para a importação de uma série de produtos. A produção local ganhou impulso, trazendo a necessidade de mão de obra capacitada.
Tampouco é fruto do acaso que um ano após a morte do patrono do SENAI fosse inaugurada a imponente Escola SENAI do Ipiranga. Ainda que a data oficial da inauguração tenha sido escolhida para homenagear Simonsen, seu funcionamento tivera início em 15 de abril de 1948. Em 26 de setembro de 1952 a escola passava a chamar-se Oscar Rodrigues Alves, homenageando o médico, fazendeiro, empresário e político que, de dezembro de 1942 a 1947, ocupou o cargo de presidente do Conselho Regional do SENAI. Tendo sido, ainda, diretor da Fiação e Tecelagem Pirassununga, marco da indústria paulista, Rodrigues Alves faleceu em 8 de agosto de 1951.
Importante entender a razão pela qual a escola ocupou área de várzea do Tamanduateí que, em Tupi, quer dizer rio dos verdadeiros tamanduás. Até meados do século XIX esse era o principal veio para o escoamento de mercadorias na cidade de São Paulo. O Tietê situava-se, ainda, numa região periférica.
Nas áreas planas da várzea do Tamanduateí foi construído o leito da São Paulo Railway, a ferrovia que possibilitava escoar a produção interiorana para o porto de Santos. Por outro lado, a partir da década de 1940 o Plano de Avenidas de Prestes Maia privilegiava as várzeas dos rios da capital. A região era, assim, ideal para a implantação do nascente parque industrial e, consequentemente, atraia uma grande massa de trabalhadores migrantes do campo.
Note-se que a população da cidade de São Paulo cresceu cerca de 65% no período compreendido entre 1940 e 1950, indo de 1.326.261 a 2.198.096 habitantes. Boa parte deste crescimento concentrava-se na região do distrito do Ipiranga, polo de atração industrial. Entre 1940 e 1952, o distrito registrou um aumento de 56% nas construções.
Acompanhando as necessidades da indústria
Nascida para suprir a necessidade de mão de obra industrial, não surpreende que as primeiras especialidades estiveram ligadas à indústria têxtil. Os primeiros cursos foram os de tecelão de algodão, tecelão de lã, tecelão de seda, fiandeiro, entre outros. Na sequência vieram cursos como torneiro mecânico e ajustador.
A indústria paulista diversificava-se, e o SENAI buscava acompanhar suas necessidades. Em 1957, a Oscar Rodrigues Alves passava a sediar a oficina de fundição com duas seções: moldação e modelação. O curso de moldador fundidor funcionou até 1972, período que a Escola foi fornecedora de peças fundidas para toda a rede SENAI.
Após um período de recessão profunda, de 1964 a 1966, o país começava a apresentar um crescimento vertiginoso do PIB. Entre 1967 e 1974 a economia cresceu, em média, 11% ao ano, com o correspondente crescimento da taxa inflacionária. Para dar conta da demanda por mão de obra qualificada, em 1969 o SENAI estabeleceu um acordo com o Departamento Nacional de Mão de Obra para a formação intensiva de adultos desempregados na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves. As atividades escolares típicas da rede foram retomadas em 1975.
A entrada na refrigeração e climatização
Já no início da década de 1970 a escola oferecia treinamentos em refrigeração residencial. A época era propícia, a geladeira começava a ser item obrigatório nos lares brasileiros. Guardadas as proporções, algo que acontece hoje com os aparelhos de ar-condicionado.
Mas a especialização em refrigeração e ar condicionado só chegou na última década do século passado. Seguindo as diretrizes de atender as necessidades da indústria foram estabelecidas parcerias com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), o Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento do Ar no Estado de São Paulo (SINDRATAR-SP), o Instituto Brasileiro do Frio (IBF) e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE). Colocava-se como objetivo central a formação de profissionais que dominassem as técnicas de projeto, construção, instalação e manutenção.
Inicialmente foi autorizado o curso de Qualificação Profissional Plena, com habilitação em refrigeração e ar condicionado, com duração de seis semestres letivos. Em 1993 foram aprovados os cursos de Qualificação Profissional, com habilitação em: assistente técnico de refrigeração e ar condicionado residencial, assistente técnico de refrigeração comercial, assistente técnico de ar condicionado e ventilação, assistente técnico de refrigeração e ar condicionado automotivo terrestre e assistente técnico de refrigeração industrial.
A Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves tornava-se referência nacional no ensino de refrigeração e ar condicionado. Com isso, em 1995, implantou o curso de Mecânica de Refrigeração e Ar Condicionado – Refrigeração Doméstica na modalidade educação à distância.
Como centro de referência na formação de profissionais para a indústria de AVAC-R, a Oscar Rodrigues Alves mantém, desde 2009, o curso de Aprendizagem Industrial Mecânico de Refrigeração e Climatização, particularmente direcionado a menores aprendizes.
Em 2016 a Escola passou a oferecer o curso de Educação Profissional de Nível Tecnológico – Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Gestão de Energia e Eficiência Energética em Sistemas de Climatização, como parte das atividades acadêmicas da Faculdade de Tecnologia SENAI Roberto Simonsen.
A Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves mantém diversas parcerias com empresas e instituições para a montagem de oficinas, laboratórios e treinamento. No âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação de CFC e HCFCs, manteve contratos com a GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), para treinamento de mecânicos de refrigeração, em dois períodos: entre 2004 e 2009 e de 2015 a 2018.
Comprometimento com a formação
Eduardo Macedo Ferraz e Souza é o atual diretor da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves. Mas sua história com a instituição remonta a 1993, quando foi admitido como técnico de ensino, ou professor. “Atuei seis anos como professor, depois seis anos como coordenador. Estou aqui desde 2005, cargo conquistado através de processo interno, com avaliações e banca examinadora”, explica.
Macedo, que é formado em engenharia mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), anteriormente atuou na coordenação das áreas de manutenção mecânica e manutenção eletroeletrônica e automotiva em outras escolas do SENAI. Segundo ele o principal desafio foi conhecer o setor. Para tanto, procurou estudar como era o AVAC-R no Brasil e no mundo e, assim, poder atender melhor ao mercado e à indústria. Tarefa facilitada pela “excelente acolhida” dos profissionais da área.
A educação está no sangue. “Acredito que é importante fazer o que se gosta. Tenho prazer em trabalhar na área da educação, especialmente nesta escola. Quando entrei no SENAI, tive oportunidade de fazer complementação pedagógica, pós-graduação e MBA em gestão escolar”, diz o diretor.
Olhando para trás, Macedo vê enormes mudanças nesses 14 anos. “O SENAI cresceu muito em tecnologia e novos investimentos; tivemos oportunidades não só no Curso Técnico, mas na aprendizagem industrial. Hoje temos mais de 25 cursos de curta duração na área de AVAC-R e 6 de pós-graduação. Os alicerces da Abrava, do Sindratar-SP e das empresas parceiras ajudaram muito. Crescemos em número de matrículas, em produção e em receitas.”
Macedo diz, ainda, que uma das suas grandes satisfações é receber visitantes estrangeiros e notar a aprovação deles pelo trabalho desenvolvido pela Escola. Ele cita o caso do diretor da AHRI que, há cerca de 8 anos, durante uma Febrava, foi convidado a conhecer o estabelecimento. Todas as vezes que o profissional retorna ao país, faz questão de visitar a Escola, trazendo consigo outros visitantes.
Apoio e solidariedade
Ana Paula Baum Achilez, é a bibliotecária da Oscar Rodrigues Alves. Ela conta que começou a trabalhar na unidade no dia 13 de maio de 1996, ainda na época em que o diretor era o professor Ubajara Soares de Oliveira, que a entrevistou. “Iniciamos a formação do acervo, a construção da base de dados, desde o cadastramento dos livros, até chegarmos ao que temos hoje, um sistema bem mais moderno que atende toda a rede SENAI-SP. Nesses anos todos a biblioteca sempre esteve com a atividade voltada para o aluno. Acompanhamos o desenvolvimento do Curso Técnico, o CAI (Curso de Aprendizagem Industrial), e dos cursos de FIC (Formação Inicial e Continuada) que era o que existia quando iniciei, até o desafio maior que foi a pós-graduação”, conta a bibliotecária.
A história de Ana Paula Baum não é muito diferente dos vários outros colaboradores. Formada em 1992, trabalhou inicialmente na Fundação Volkswagen, atendendo a Escola SENAI e funcionários da empresa. Daí, passou a trabalhar no SENAI da Avenida Paulista, em um projeto que iniciava a informatização das bibliotecas.
Baum explica que o SENAI sempre dá as diretrizes, e a formação do acervo tem a participação da coordenação técnica e dos docentes. “A gente tem as reuniões semestrais e anuais, todo final de ano tem um fechamento que é quando mostramos tudo o que foi adquirido pela Escola, e as sugestões de alunos e professores é sempre entregue para a coordenação avaliar o que será adquirido. Nunca foi negada nenhuma aquisição, a não ser que seja uma obra não pertinente ao acervo, que é técnico.”
“Sempre tive apoio da instituição, inclusive para elaborar o acervo da pós-graduação. Mas o que mais marca é a parceria que tenho com os docentes. Quando recebemos uma visita, os docentes, a coordenação e a direção fazem questão de trazê-la à biblioteca e é satisfatório ver como o nosso acervo é reconhecido. Ex-alunos quando vêm à escola não deixam de passar pela biblioteca. Creio que pude contribuir para o sucesso das pessoas.”
Paixão pelo ensino
Ubajara Soares de Oliveira foi diretor da Escola SENAI Oscar Rodrigues de 1995 a 2003. Fez toda a sua carreira no SENAI e tornou-se apaixonado pelo ensino profissionalizante. Tanto é que, tão logo aposentou-se, assumiu o compromisso de terminar uma dissertação de mestrado sobre o assunto. Em sua opinião muitas vezes um professor com formação pedagógica em nível superior não tem tão bons resultados quanto um professor de tecnologia do SENAI, sem o mesmo currículo.
“Na verdade, ele era um bom técnico, com uma formação específica e levado para a sala de aula com um treinamento oferecido pelo SENAI. Minha pergunta era: por que um é bem-sucedido e o outro não? Eu tinha as duas experiências na mão: acadêmica e prática. Pesquisei e encontrei algumas questões extremamente relevantes. Uma é o orgulho profissional; quem se orgulha de ser um mecânico geral, um mecânico de refrigeração, quem se orgulha da tecnologia que conhece, ensina com mais alma. A avaliação do aprendizado do aluno é a mesma do professor. Muitas vezes, no ensino acadêmico o professor não se interessa em saber se o aluno aprendeu ou não. Outro aspecto é o de vida, você ser socialmente aceito. Um caldeireiro, por exemplo, que é uma profissão aparentemente simples, pode ter um reconhecimento mais efetivo do que um professor acadêmico que não constrói a vida dos alunos. Então, frequentemente você encontra alunos do SENAI que nutrem um orgulho extraordinário do professor que tiveram, embora este professor não tenha tido uma formação pedagógica em nível superior. Existem outros fatores, mas a dedicação, o desejo que o aluno aprenda, o desejo que o aluno tenha orgulho da sua profissão, o desejo de ser bem-sucedido, faz a diferença. Sem nenhuma maldade, um professor acadêmico dá aula para um a turma de 40 alunos, quando soa o sinal ele vai embora e, boa parte das vezes, não há nenhum interesse em saber se o aluno aprendeu ou não. No ensino profissional, se o aluno não conseguiu desenvolver o que o professor pediu, no dia seguinte ele retoma, pega na mão do aluno e insiste até que ele desenvolva o projeto. Torna-se uma relação emocional: O sucesso de um é o sucesso do outro”, defende Oliveira.
Os docentes da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves corroboram a tese do ex-diretor. Robson Jorge da Silva está há 24 anos no SENAI, onde começou a dar aulas à noite, enquanto, durante o dia, trabalhava com eletricidade, automação e projetos de elétrica. “Conheci refrigeração e ar condicionado na Oscar Rodrigues Alves. Eu conhecia geladeira de casa. Vi que é um campo muito vasto.”
Silva diz que, enquanto docente, estabelece uma troca de informações com o aluno. “Temos treinamento continuamente que o SENAI fornece. Não só na área técnica, mas também na área humana. Já aconteceu de estar com a família vendo um show ou uma peça de teatro e escuto alguém chamando. Quando olho é um ex-aluno. E ele vem, dá um abraço e diz ‘este é o melhor professor de eletricidade que tive’. A gente percebe quanta coisa boa conseguimos plantar. Eu não era professor, acabei gostando de trabalhar com pessoas. Cheguei a ser supervisor na indústria, mas uma sala de aula é diferente. O aluno não vê apenas um professor, vê um pai também”, completa Silva que é o coordenador de estágios da unidade.
Uma usina de educadores
A dedicação certamente gera frutos. É comum encontrar docentes que foram alunos na Oscar Rodrigues Alves. Fábio da Silva Veloso é um deles. Formado em 2003 na escola, conseguiu de imediato um estágio na Embraco, fábrica de compressores localizada em Joinville, Santa Catarina. Após 6 meses, foi contratado e lá ficou por 10 anos, até chegar à engenharia de aplicação.
Em 2015, em visita à escola, inscreveu-se para assumir alguns cursos na Formação Inicial e Continuada. O fato de o pai estar doente à época pesou em sua decisão, da qual não se arrepende. “O SENAI encaminhou minha vida profissional. Trabalho com refrigeração desde os 15 anos, vim para cá aos 18. Fiz o técnico, alguns cursos de formação continuada, me especializei em ar condicionado e refrigeração e agora estou no terceiro ano de engenharia. Foram a experiência e o conhecimento adquiridos que me trouxeram de volta. Percebi que eu gosto de ensinar. Aliás, já havia percebido isto quando estava na engenharia da Embraco e era responsável pelos estagiários. O SENAI mudou minha vida e, hoje, eu ajudo a mudar a vida de outras pessoas”, afirma Veloso.
Outro exemplo é Mario Kuroda, que entrou na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves no dia 2 de setembro de 1986. “Talvez eu seja um dos docentes mais antigos do SENAI em atividade. Ensino refrigeração doméstica, automotiva e climatização. Vim para o SENAI aprender. No decorrer do curso alguns docentes perceberam que eu procurava ajudar meus colegas, pois tinha certa facilidade devido a ter feito o curso de eletromecânica. Então me convidaram para dar aula.”
Kuroda trabalhava no Banco Itaú fazendo manutenção em equipamentos de cozinha e de refrigeração e decidiu fazer o curso para se aprimorar. “A Escola mudou bastante. Tínhamos várias áreas, como serralheria, solda, marcenaria e refrigeração, depois ficou somente de refrigeração e foi evoluindo, desenvolvendo os cursos Técnico, de Aprendizagem, de FIC e a pós-graduação. Conheci o SENAI já aos 25 anos, se soubesse que era desse jeito, teria vindo muito antes.”
O SENAI está no sangue de André Luiz Octaviano. Seu pai é um ex-aluno da instituição, primeiro no curso de letrista/cartazista e, depois, de elétrica. Começou como aluno na Escola em 2005, tendo concluído o curso em 2007. Em 2008 foi convidado a trabalhar como instrutor, tendo sido efetivado em 2012. Antes, trabalhou com instalações elétricas industriais. Em 1998, quando acabava um contrato na antiga área, defrontou-se com uma oportunidade numa empresa de refrigeração. Gostou do assunto.
“Logo que comecei me identifiquei com a refrigeração. Quando trabalhei em outra empresa, precisava passar conhecimento para os ajudantes. Eram os trainees. Esse foi início. Depois veio o convite para instrutor no SENAI. Já transmiti conhecimento para 80 alunos de uma só vez no auditório. É uma diferença grande. Vamos aperfeiçoando a didática e, se inicialmente não dominamos a pedagogia, dominamos técnicas de treinamento. É gratificante transmitir seu conhecimento e experiência para um indivíduo, mostrar que ele pode fazer, pode executar. É pegar uma criança pela mão. Vamos vendo a progressão deles. Ex-alunos vêm comunicar que estão mudando de empresa, estão evoluindo. Isso é fazer a diferença. O SENAI dá esta oportunidade de transmitir conhecimento. Pois, nada somos sem a educação”, finaliza Octaviano.
Mais do que oportunidades, a Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves ajuda a expandir horizontes. Flávio Gomes de Macedo é docente na área de climatização, nos cursos técnicos e de pós-graduação em gestão de energia e eficiência energética em sistemas de climatização e eficiência energética na indústria e em edificações. Desde 2002 na escola, é tecnólogo em eletrônica com pós-graduação em docência profissional. Segundo ele, o cenário da educação mudou bastante. “Começamos com o sistema baseado em conteúdo e migramos para o sistema baseado em competências, que é focar o aluno no mundo do trabalho, dentro da sua realidade”, pontua.
A dedicação ao ensino já levou Flávio Gomes Macedo ao Timor Leste, em 2012, numa missão de reconstrução do país arrasado pela guerra civil. “Dar aula é uma gratificação muito grande para mim. Comecei no SENAI como instrutor, passei para o curso técnico, hoje atendo pós-graduação também. Profissionalmente evolui bastante. Sem esta Escola o setor de refrigeração e ar condicionado não existiria. Aqui é o berço desta área, somos referência.”
José de Jesus Amaral Marques ensina no curso técnico as disciplinas de mecânica de fluidos, cálculo de carga térmica, transferência de calor e elétrica. “Onde for necessário estou à disposição. Comecei em 2005 como aluno, vim para fazer o curso técnico. Em 2007 terminei e em 2008 comecei a dar aula como prestador de serviço e, depois, me tornei funcionário da casa, o que é uma honra. Me formei em mecânica de precisão pela Fatec de São Paulo. Mais tarde, surgiu a oportunidade na própria escola para escrever dois livros: Eficiência Energética para Sistemas de Refrigeração e Climatização e Boas Práticas no Uso do Cobre para Refrigeração e Climatização”. O último em parceria com o Procobre e ambos editados pela Editora SENAI-SP.
Marques conta que já trabalhava com refrigeração no estado do Maranhão. Diante de dificuldades, foi para Primavera do Leste, no Mato Grosso, onde trabalhou dois anos. Numa visita à irmã, em Campinas, São Paulo, foi convidado por um amigo da família a trabalhar numa empresa de refrigeração da região. Lá ficou de 2000 a 2004. Neste período foi fazer um curso da Electrolux na Oscar Rodrigues Alves. “Achei a Escola fantástica e me inteirei sobre o curso técnico; meu negócio era projetar o circuito frigorífico, que eu acho lindo. Me inscrevi e comecei a estudar para o processo seletivo. Passei e me mudei para São Paulo. Enquanto ainda estava estudando, arranjei emprego na Ambev. Trabalhei no setor de manutenção de refrigeração e máquinas de chopp. Aí me convidaram para dar aula. Com o aumento no número de aulas pedi demissão na Ambev. Consegui conciliar as aulas com a faculdade. A Oscar Rodrigues Alves mudou minha vida para melhor. Sempre digo aos alunos: se não tivesse feito o curso de refrigeração e climatização, hoje eu seria infeliz. Sinto-me feliz em passar o conhecimento que consegui absorver”.
Surge uma nova geração?
Num universo predominantemente masculino, Ana Beatriz Araújo da Silva, a Bia, não se intimida. “É um pouco estranho estudar em uma escola onde a maioria são rapazes. Me sinto muito bem. Achei que seria muito difícil por ter muitos homens e que iriam excluir as meninas. Mas foi o contrário. Fui recebida de braços abertos. Gostei muito”, diz.
Bia faz o curso de Técnico em Climatização e Refrigeração e conta que o seu sonho era fazer um curso na Escola. “Quando passava por aqui eu falava que era onde eu gostaria de estudar. Pesquisei e vi que era de ar condicionado e refrigeração. Fiz o de mecânico e agora estou no técnico. Eu gostaria de seguir a área de projetos, que penso ser mais fácil para mulheres.”
Victor Marco Aranon Monteiro é outro aluno do curso Técnico de Refrigeração e Climatização. Anteriormente cursou Aprendizagem Industrial. Tomou gosto e cursou Boas Práticas em Refrigeração, fruto do convênio com a GIZ. Atualmente está no segundo termo do curso técnico.
“No início foi a curiosidade de saber como as coisas funcionam. Em saber como transformar o ambiente, buscando uma temperatura de conforto. Eu já sabia mais ou menos e tive a vontade de saber o que está por trás de tudo isso. Nunca tive contato com a refrigeração e ar condicionado anteriormente. A descrição do curso me atraiu. No final, a Oscar Rodrigues Alves mudou minha perspectiva e ajudou na minha maturidade. Mudei a forma de me comportar em certos locais, em como falar com as pessoas, além do compartilhamento de ideias. Estou procurando estágio, já fiz vários processos seletivos, sem resultados. Mas tenho certeza que vai acontecer”, espera Monteiro.
“Fiz o curso Técnico em Mecânica em Minas Gerais, depois cursei comandos elétricos no SENAI de São Bernardo. Agora estou finalizando o curso Técnico de Refrigeração e Climatização aqui na Escola. Quero seguir na climatização na área de salas limpas. Estou há 7 anos na área de AVAC e, até vir para o SENAI, eu tinha uma perspectiva de mercado e de conhecimento, aqui houve uma ampliação dessa visão. Tenho muito mais conhecimento. Me senti bem trabalhando na área e quero prosseguir” diz Washington Kalleby.
Kalleby, que é membro do Student Branch da Ashrae, trabalha num projeto para o Design Competition, certame promovido pela instituição norte-americana. “Estamos trabalhando um projeto em conjunto e a escola viabilizou o espaço da biblioteca, a internet, e o acesso à literatura. O projeto do meu grupo é sobre cálculo de carga térmica em um hospital em Budapest, na Hungria.”
Quem foi jamais deixa der ser
Ubajara Soares de Oliveira assumiu a direção da Escola em julho de 1995 e permaneceu até o ano de 2003. “Foram quase oito anos de uma experiência extraordinariamente rica. Já tinha lastro no SENAI, tanto que me aposentei depois de 35 anos de trabalho na instituição. Mas posso garantir que a minha participação na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves foi extremamente importante para minha vida. Conheci outro segmento, me custou muito esforço, pois tive que aprender, mas foi enriquecedor”, diz ele.
Oliveira conta que ingressou no SENAI no ano de 1969. “Uma vez tendo passado pelo SENAI você se transformou para toda a vida. Fui professor na unidade de Guarulhos, fui vice-diretor na unidade do SENAI Santos, diretor em São José do Rio Preto, Santo André, São Bernardo do Campo, por um breve período no SENAI da Mooca. Me aposentei na Oscar Rodrigues Alves. Fui diretor de escolas do SENAI por 29 anos.”
Diferente de outros profissionais, a formação do ex-diretor não é técnica. Fez o curso Normal, que à época formava professores para o que é hoje o ciclo fundamental. Depois, cursou Letras na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP. Trabalhou com alfabetização de adultos e crianças. De quebra, foi locutor de rádio por um tempo, na cidade de São Carlos, o que o “ajudou muito na dicção, a pronunciar bem as palavras”. Tem, ainda, em seu currículo, especializações em história e filosofia da educação e mestrado em educação semiótica e tecnologias da informação. Mesmo depois de aposentado só largou a educação recentemente, quando passou a distribuir seu tempo entre Santo André e Barra do Garça, no Mato Grosso.
“Sempre fui educador. E apesar de não ter formação técnica, o SENAI me ensinou muito. Como convivi com escolas que eram da área de mecânica, tive que trabalhar com aquela linguagem e tecnologia. Quando fui trazido para cá a preocupação era com a consolidação do curso técnico, mas também com um aprimoramento das relações humanas, pois minha linha é humanista. Minha preocupação era que a Escola funcionasse do ponto de vista da sua tecnologia e do ponto de vista das suas relações internas. Acabei aprendendo bastante. Até hoje, passados esses 16 anos da minha aposentadoria, eu sou capaz de identificar um trabalho bem feito ou um que não esteja adequado. Sou capaz de identificar algumas situações porque aprendi nesta Escola”, diz Oliveira.
“A Oscar Rodrigues Alves confirmou para mim alguns aspectos da formação que o SENAI oferece. Particularmente quanto ao relacionamento dos alunos com sua clientela. Esta comprovação vem de dentro da Escola e de fora; é comum no ABC, onde resido, encontrar pessoas que fazem trabalhos relativos à refrigeração e climatização que passaram pela Escola e hoje são muito bem-sucedidas. Então o SENAI confirma que também é uma metodologia formadora de pessoas. A Oscar Rodrigues Alves ensina tecnologia e ensina para a vida. A Escola foi um fecho fantástico para mim, talvez o melhor que eu poderia ter dentro desta metodologia do ensino profissional adotada pelo SENAI”, conclui o professor Ubajara Soares de Oliveira.
Hoje aposentada, Adélia Cassetari Preteli trabalhou de agosto de 1991 a junho de 2016 na Oscar Rodrigues Alves. Antes trabalhara nas redes pública e particular. “Entrei para lecionar no Curso de Aprendizagem Industrial na disciplina de português. Quando veio o curso técnico eu lecionava técnicas de redação e língua portuguesa, que mais tarde se tornou comunicação oral e escrita no CAI e no Técnico”, conta.
“Foi uma experiência interessante pois tinha que trabalhar os conteúdos da língua portuguesa associando à área técnica deles. Precisava pesquisar o desenvolvimento das questões, os processos e os relatórios técnicos. Eu sabia a gramática, mas fui aprendendo junto com eles. Numa época eu dei aula de inglês técnico, também. Trabalhávamos conteúdo das ferramentas e manuais técnicos. Era gratificante porque a maioria da área técnica não gosta de escrever nem de ler. Conseguimos desenvolver oficinas de leitura, teatro e, com a própria dinâmica das aulas, a gente conseguia prender a atenção deles e fazê-los gostarem um pouquinho”, conclui a professora que, segundo ex-alunos e colegas, era muito querida, tendo recebido inúmeras homenagens.
Beatriz de Fátima Soares é outra ex-funcionária e, também, ex-aluna. Com licenciatura em matemática, veio do Paraná para São Paulo tentar a sorte nas escolas públicas. Decepcionada, desistiu da ideia de lecionar e optou por fazer o curso de Refrigeração e Climatização na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, acreditando no potencial do mercado. Iniciou em julho de 2008 e finalizou em junho de 2010.
Dois meses após terminar o curso, arrumou emprego através da própria escola. Já após dois semestres de curso, fora incentivada pelos docentes a prestar uma prova seletiva para Técnica de Ensino. “Passei na prova e, um ano depois, quando finalizei o curso, fui contratada. De lá para cá, adquiri conhecimento técnico inestimável, participando de cursos de capacitação que a Escola me forneceu. Cresci profissionalmente e evoluí como pessoa, pois o trabalho com pessoas, seja com alunos, seja com os colegas e amigos, nos torna capazes de ser empatas e resilientes. Sou uma pessoa realizada profissionalmente, pois sinto prazer em participar da mudança de vida de tantos alunos que ajudei a formar nestes anos. Mudança que eu mesma tive a oportunidade de experimentar. Em minha vida pessoal progredi rapidamente, comprei meu primeiro carro, minha casa (que já está quitada), viajei por vários lugares do Brasil e realizei meu grande sonho de conhecer alguns países da Europa”, diz Soares que, atualmente, trabalha como Instrutora de Formação Profissional III na Escola SENAI Ricardo Lerner em Cotia, São Paulo.
O reconhecimento do mercado
“A Escola Oscar Rodrigues Alves é uma referência no mercado de refrigeração e ar condicionado. Sempre temos que dar um foco especial para a academia e ela é a escola técnica de referência. Tornou-se referência pelo tanto que conseguiu manter de interação com os profissionais, com as empresas e com as entidades do mercado. Essa relevância que ela atingiu nesses anos de gestão do professor Eduardo Macedo são realmente muito importantes, não só para a Escola, mas para o mercado que sabe onde buscar uma relação com uma escola técnica”, declara Arnaldo Basile, presidente da Abrava.
Basile diz que acompanha a vida da Escola desde a época que dirigia a Armacell, 15 anos atrás. “Minha formação secundária é de escola técnica. Sempre procurei incentivar minhas equipes de trabalho a estudar, se aperfeiçoar, se especializar. E eu vi na Oscar Rodrigues Alves a oportunidade para que nossos profissionais pudessem ter uma especialização, pudessem se aprofundar em termos de conhecimento, em termos de expansão de network. Tenho procurado participar das atividades da Escola, e procurei aproximá-la das empresas que gerenciei.”
“Parabenizo a Escola pelos 70 anos de êxito e muito sucesso, que continue nessa trajetória e não perca o foco do objetivo de uma instituição de ensino que é preparar o aluno para manter uma empregabilidade destacada no mercado. O estudante tem que ser orientado no seu curso para saber pesquisar, saber procurar as respostas, entender o significado dos fundamentos do que é ensinado, mas deve ter um foco voltado para o resultado final que vai ser a sua empregabilidade”, conclui o presidente da Abrava.
Pedro Evangelinos, diretor da RAC, ex-presidente das principais entidades do setor, como Abrava e Sindratar-SP, atual Presidente do Conselho da Escola, e com larga representatividade como delegado do setor na FIESP, entende que a Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves representa a formação e disponibilidade de mão de obra altamente qualificada para as demandas do setor.
Evangelinos acompanha a trajetória da Escola há 27 anos, desde a sua transformação em Centro de Refrigeração e Ar Condicionado. Nos anos 2000, foi Presidente do Conselho da Escola em três momentos. “Ter em seus laboratórios o que de mais moderno existe no Brasil, uma grade curricular voltada à demanda do setor e formação de mão de obra especializada”, são os principais avanços que ele identifica.
Aliás, resultados que ele pode experimentar dentro da própria empresa, com uso frequente da mão de obra formada pela Escola. Para o atual presidente do Conselho da Escola é importante que o mercado “continue atualizando a instituição em equipamentos up to date, através de doações ou contratos de comodato.” E aproveita para “agradecer o empenho de todos os colaboradores da Escola, em especial seu diretor Eduardo Macedo, que incansavelmente buscam suprir a necessidade de mão de obra qualificada para o setor de AVAC-R.”
Entusiasta do ensino técnico e, particularmente, da Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, Oswaldo de Siqueira Bueno entende que a escola é o “padrão de referência em excelência no ensino para técnicos, tecnólogos e engenheiros do projeto, instalação, partida inicial, operação e manutenção em sistemas de ar condicionado, refrigeração, ventilação e aquecimento em toda a sua faixa de operação de baixa temperatura (congelados – 25ºC) a processos com temperaturas de até 200ºC (reações químicas).”
Há mais de 15 anos acompanhando a vida da instituição, como membro da Abrava e da Ashrae, tem participado nas reuniões do conselho, como palestrante nos seminários e também como acompanhante de membros da Ashrae. “Nas reuniões do conselho existe a preocupação com o desempenho da Escola tanto financeiro como educacional, preocupado em mantê-la sempre atualizada, nos aspectos atuais da tecnologia do ar condicionado e da refrigeração, tanto em sistemas estáticos em construções, como sistemas móveis como ar condicionado para os ocupantes e refrigeração para transporte de alimentos, por exemplo”, conta Bueno.
“O mercado contribui de forma significativa cedendo equipamentos e sistemas de ar-condicionado e refrigeração, mas principalmente contratando os formandos do SENAI, que possuem emprego garantido. Não podemos esquecer a atualização constante com novas tecnologias. Só posso agradecer aos professores e aos alunos os excelentes resultados, levando o Brasil a uma posição de destaque na eficiência da mão de obra, tornando as instalações confiáveis e de desempenho conforme o projeto inicial, reduzindo custos de operação e aumentando a qualidade final”, conclui Oswaldo Bueno.
Carlos Eduardo Trombini é presidente do Sindratar-SP e, por essa via, acompanha de perto a Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, tendo sido, inclusive, presidente do conselho técnico consultivo de 1996 a 2002. “Neste momento eu estou como estudante do curso de Pós-Graduação de Gestão de Eficiência Energética em Sistemas de Climatização, de um ano e meio de duração, e que tem sido de extrema importância para mim e para colegas que vieram para conhecer a engenharia térmica”, diz Trombini.
Para o atual presidente do Sindratar-SP a escola representa a oportunidade de o setor proporcionar ao mercado a entrega de produtos e serviços de alta qualidade. “A qualificação dos futuros técnicos e o aprimoramento do conhecimento daqueles que já estão no mercado são de altíssimo nível, conhecimento este trazido por um corpo docente de relevância e por práticas em laboratórios atualizados e bem equipados”, enfatiza.
Trombini, que recentemente abriu uma empresa cuja linha de produção está em São Carlos, interior de São Paulo, entende que um dos maiores avanços da Escola nos últimos tempos localiza-se no campo da automação que, nas suas palavras, “tomou conta do currículo dos cursos oferecidos, disciplina que há anos vem tentando cativar mais os usuários que buscam maior eficiência. O mundo digital está presente no dia a dia da escola. Componentes e periféricos muito modernos ocupam os alunos na busca de melhores rendimentos e os equipamentos digitais de medição trazem maior apoio ao aprendizado. A escola está muito bem equipada. Professores doutores fazem parte do corpo docente da escola, o que traz mais qualidade aos cursos oferecidos.”
“A Oscar Rodrigues Alves é a grande referência nacional como centro de excelência para qualificação de profissionais que contribuem para a indústria da refrigeração, do ar condicionado e da cadeia do frio como um todo. Para que a nossa indústria siga sua árdua missão de competitividade e progresso, é indiscutível que o conhecimento técnico seja um dos principais atributos que se espera do profissional que deverá atuar em várias etapas como projetos, produção, digitalização, vendas, pós-vendas e manutenção. A reciclagem contínua é estratégica na agregação e sofisticação profissional que a indústria necessita, envolvendo os projetistas, instaladores e mantenedores”, diz Fernando Bueno, CEO da Bitzer Compressores.
O dirigente da Bitzer valoriza a qualificação que a Escola oferece juntamente com a experiência adquirida dentro da área escolhida, potencializando possibilidades para o profissional que decide seguir a carreira com graduação universitária. “Esse dinamismo inspira e estimula os jovens aspirantes a entrarem nesse mercado. É nesse contexto que o papel da Oscar Rodrigues Alves é decisivo tanto para a manutenção da qualidade dos produtos quanto dos serviços, e isso é fundamental para a Bitzer, pois buscamos continuamente melhoria tecnológica de nossos produtos com o objetivo da qualidade de vida das pessoas, e o elo é criticamente dependente da qualidade do profissional que atua no setor”, diz ele.
O CEO da fabricante de compressores diz que existe uma relação de aprendizado recíproco e contínuo entre a empresa e a Escola. “A Bitzer historicamente apoia a escola com a modernização dos equipamentos do Laboratório de Refrigeração e com a capacitação dos professores através da atualização de informações a respeito das novas tecnologias e de novos produtos. O orgulho com que os alunos há gerações falam da Escola Oscar Rodrigues Alves é notório e sinaliza que o caminho percorrido é edificado por trabalho sério e objetivo. Mas não pode parar, deve estar em constante reinvenção, pois a velocidade do avanço tecnológico nos cobra olharmos incansavelmente para o futuro”, conclui.
Da redação
Conheça algumas empresas que apóiam a instituição: Midea Carrier, Trox, Bitzer, Daikin, Danfoss, Arkema, RAC, VL