Mário Lantery, um dos fundadores da Coldex no início dos anos 1960 juntamente com o cunhado José Daniel Tosi, faleceu no último 8 de janeiro aos 100 anos de idade. Nascido em Zadar, cidade da Costa da Dalmácia na Croácia, e criado em Turim, Itália, chegou ao Brasil com a família em 1924, fixando-se em Curitiba, PR.
No início da adolescência, já vivendo em Santos, litoral sul de São Paulo, graças à fluência no idioma inglês empregou-se como tradutor intérprete na inglesa Anglo, que à época explorava fazendas de frutas no Brasil. Dos 14 aos 18 anos exerceu a função indo de fazenda em fazenda.
Cumprida esta etapa da vida, transferiu-se para a capital paulista, onde conseguiu um emprego de taquígrafo na General Eletric. Em seguida, convidado por um amigo com quem praticava o tênis, foi para a The American Rolling Mill Company (ARMCO), representante da Carrier no Brasil. Sua função era vender aparelhos de ar-condicionado de 12 mil BTU, integrados a um móvel. Após o sucesso em vendas, Lantery foi enviado ao Rio de Janeiro para fazer um estágio na oficina de equipamentos, peças e componentes da Carrier, onde conheceu o lendário Hans Robert Bodanzky.
Foi também na Carrier que ele começou sua história profissional com José Daniel Tosi. “O Tosi entrou na minha vida quando eu estava trabalhando numa das fazendas do frigorífico Anglo, em Pitangueiras, no interior paulista. Foi lá no escritório que conheci minha mulher, a Nadir, irmã do José. O José aceitou o convite para se juntar a mim e ao Bodanzky na Carrier e foi morar conosco no Rio de Janeiro”, contava ele em uma entrevista para a seção Perfil da revista Climatização & Refrigeração de junho de 2012.
Já de volta a São Paulo, em 1952, trabalhando com os Francini, Lantery montou a Solar, empresa fabricante de componentes para refrigeração, localizada no bairro da Mooca. Nesta época deu início às suas viagens internacionais, notadamente os Estados Unidos, para prospectar novas tecnologias.
Pouco tempo depois, já com o cunhado Tosi, abriu uma firma para representar marcas como a Copeland e a Sporlan e propôs sociedade a Moisés Warner, que produzia balcões frigoríficos e tinha algumas máquinas necessárias para o empreendimento. “Investimos tudo o que tínhamos de reserva fundando a Coldex. A história do nome da empresa foi muito bacana. Naquela época estava no auge a famosa gravata Duplex, aí pensamos cold + ex, e assim surgiu o nome Coldex”, diz ele na mesma entrevista.
Por volta de 1965 a Coldex fechou parceria com a americana Hyatt para produzir condensadores no novo galpão em Diadema. A partir daí, a Coldex só cresceu em área de produção, linhas de produtos e participação de mercado. Em 1973 os sócios receberam a proposta de compra da empresa pela Trane. O restante da história é bem conhecido.
Após a venda para a Trane, Lantery seguiu seu caminho, criando a Ransburg, responsável pela primeira instalação para pintura eletrostática na Ford do Brasil. Foi nesse período que aumentou sua participação associativa. Foi presidente da Abrava entre 1972 e 1974 e, posteriormente, membro do conselho consultivo até 1977. Continuou, ainda, a participar do mercado AVAC-R através da Lantery, fabricante de peças e componentes para refrigeração, cujo gestor é o filho Paulo Lantery. Mário era, ainda, pai de Beatriz.
“Decididamente Mário não era um homem comum. Curioso das coisas e da vida, devorava o que lhe vinha pela frente para saciar sua ânsia de saber. Adepto do mens sana in corpore sano manteve-se em excelente forma física e mental até quase o fim da sua longa caminhada, 100 frutíferos anos. Vai fazer uma ‘baita’ falta. Uma pessoa muito à frente do seu tempo”, diz o filho Paulo Lantery.
A sobrinha, Patrice Tosi, concorda: “Tio Mário é a comprovação que homem curioso não envelhece! Foi curioso por inacreditáveis 100 anos. Um sábio que soube equilibrar trabalho, família e lazer como pouquíssimos e desfrutou de cada parte igualmente. Um exemplo que eu tento seguir. Esse vai deixar muita saudade!”