É incontestável que o ar-condicionado já conquistou o status de eletrodoméstico imprescindível em qualquer tipo de estabelecimento comercial, para não dizer em residências de todos os padrões. Além dos fatores climáticos já conhecidos, o adensamento e a impermeabilização dos centros urbanos levam a um aumento das temperaturas no interior das edificações que reflete não apenas no conforto dos usuários, mas também em suas condições de saúde.

A questão, então, não é discutir se as edificações urbanas terão ar-condicionado, mas sim qual o equipamento mais adequado para cada tipo de aplicação. Num olhar mais imediato, o investimento aplicado em 5 ou 6 mini splits para atender a um pequeno conjunto comercial pode ser mais baixo do que o exigido para um sistema multisplit ou VRF. O mesmo pode ser dito em relação a um imóvel unifamiliar. Mas será que no longo prazo, agregando conforto e qualidade do ambiente, o resultado não será invertido?

Principalmente levando em conta que o mercado brasileiro já conta com alternativas cada vez mais diversas e acessíveis. E o técnico instalador precisa conhecer cada uma delas, seus pontos fortes e fracos e, assim, orientar o seu cliente na escolha do melhor equipamento para cada situação.

A Midea Carrier, por exemplo, tem como produto de entrada no segmento a linha multisplit inverter para até 42kBTU/h. “A linha multisplit pode trabalhar com até 5 unidades internas com uma forma individual de controle, ou seja, as unidades internas são controladas individualmente a partir de um controle remoto e possuem uma distância máxima individual de 30 metros ou 75 metros, considerando todos os ambientes com desnível máximo entre a unidade externa e a unidade interna de até 15 metros. Quando os clientes necessitam de maiores distâncias de linhas, maiores desníveis e que o sistema seja comandado de forma centralizada, possuímos nossa linha de mini VRF, que possui range de capacidade entre 27kBTU/h e 55kBTU/h, podendo trabalhar com até 7 unidades internas e apresentando limites superiores como 70 metros de distância máxima equivalente ou 100 metros totais, sendo que o desnível máximo já aumenta para 30 metros”, esclarece João Paulo Oliveira, da Engenharia e Marketing de Produtos Comerciais da Midea Carrier.

A Trane, através de seus porta vozes, o Diretor de Produto para América Latina, André Peixoto, e Bruno Noda, Coordenador de Experiência do Cliente e Conteúdo Digital, aposta na evolução do mercado. “A tecnologia VRF tem evoluído de uma forma muito rápida nos últimos anos. E a quebra de alguns paradigmas – como a utilização de filtros especiais, novos tipos de unidades interiores, utilização de 100% de ar externo, por exemplo, além da maior competitividade entre fabricantes – permite condições comerciais cada vez mais atrativas, bem como a utilização da tecnologia VRF em novas e diversas aplicações. Devido a isso, os sistemas VRF com descarga frontal a partir de 3 HP e a tecnologia possibilitam a instalação em residências de padrão elevado, porém de porte menor, e em pequenos escritórios.”

Genivaldo Rosa, Gerente de Treinamentos da Daikin, destaca alguns pontos que favorecem a escolha de um equipamento do tipo VRF leve. “Infraestrutura da rede frigorífica, que pode atingir até 160 metros, tornando possível posicionar a unidade externa em local mais apropriado, maior eficiência energética, diferentes modelos de unidades internas (do tipo duto de alta pressão por exemplo, que permite a utilização de difusores lineares), automação embarcada com a possibilidade do monitoramento, controle e gerenciamento centralizado e pela web”, são alguns deles.

Oliveira, da Midea Carrier, acredita que o principal motivo de escolha é a grande facilidade na instalação, sem deixar de considerar fatores como conforto térmico, ao permitir “temperatura de ajuste de 0,5°C”, flexibilidade em relação à simultaneidade, baixíssimo nível de ruído, eficiência, variedade de unidades internas, operação com temperatura externa de até 55°C, maiores distâncias de linhas, controle centralizado em tela sensível ao toque dentre outros atributos.

Graziela Yang, Gerente de Produtos da LG, alerta para outros aspectos. “VRF é a melhor opção para atender maiores cargas térmicas, como em edifícios residenciais de altíssimo padrão, além de ter melhor eficiência energética, uma vez que possui tecnologia que permite automação para controle do ar-condicionado de qualquer lugar. Já o sistema multi split é mais prático e mais barato, e é o sistema recomendado para uso doméstico ou comercial de pequeno ou médio porte com no máximo 5 evaporadoras funcionado de forma interligada.”

Os representantes da Trane, por sua vez, além de destacarem os sistemas de automação mais completos e flexíveis, acrescentam que, do ponto de vista de instalação, na maioria dos casos pode-se instalar um VRF em uma infraestrutura de multi splits, com a utilização de headers. E chamam a atenção para a otimização de espaço, na medida em que se utiliza apenas uma condensadora para um número maior de unidades interiores. “A tecnologia VRF proporciona sistemas que são fáceis de projetar, instalar, operar e manter. Além disso, trazem o que há de mais moderno em termos de tecnologia com relação aos índices de eficiência energética, baixos níveis de ruído, unidades exteriores compactas e diversas opções em automação”, completam.

Rosa, da Daikin, lembra que a tubulação longa no VRF permite posicionar a condensadora na cobertura, tirando-a da varanda, assim como é possível aplicar modelos de unidades internas mais adequadas ao layout do imóvel, “como dutos de alta pressão com difusores lineares por exemplo”, além de monitorar, controlar e gerenciar pela web e requisitar um ponto de força similar ao de um equipamento multi split.

Ou, como complementa Yang, “o sistema VRF é modular, atende a demanda de grandes projetos, tem uma linha disponível de evaporadoras com as mais diversas soluções, é de fácil instalação e oferece melhor eficiência energética. O Multi V S está disponível nas capacidades entre 04 a 06 HP em tensão 220V. E nas capacidades 08 a 12 HP nas tensões 220V ou 380V.”

“Um dos principais motivos (para a escolha) é o fato dos sistemas mini VRF proverem a possibilidade de um controle centralizado e remoto, permitindo que usuários de pequenos estabelecimentos comerciais, por exemplo, possam controlar o setpoint de temperatura de forma homogênea, sem exageros como o ajuste de setpoint a temperaturas inferiores às recomendadas, evitando gastos desnecessários de energia elétrica. O VRF ainda utiliza um espaço menor para passagem de tubulação, facilitando a integração com arquitetura”, defende o engenheiro da Midea Carrier.

Os diversos fabricantes são unânimes, também, em minimizar as limitações para a instalação de sistemas VRF para aplicações leves. Entretanto, os representantes da Trane pedem alguns cuidados. “Sempre é necessário considerar as limitações elétricas antes de um projeto ou instalação de qualquer sistema de ar-condicionado. Como sistemas VRF em geral possuem maior eficiência energética, possuem, também, menor potência instalada quando comparado a outros sistemas menos eficientes.”

Para especificar um sistema VRF adequado para aplicações de menor porte deve-se utilizar as ferramentas de seleção disponíveis no mercado, bem como atender as limitações de simultaneidade, muito comum em aplicações. Além disso, as recomendações dos catálogos dos fabricantes precisam ser atendidas para que os benefícios da tecnologia sejam totalmente utilizados, segundo André Peixoto.

“Para a especificação é sempre importante consultar um especialista, para identificar, além da capacidade e do ponto de força, quais tipos de unidades internas utilizar para a melhor distribuição do ar climatizado, qual o melhor encaminhamento para as tubulações frigoríficas e cabos de comunicação, onde instalar os controles, entre outros fatores”, recomenda o Gerente de Treinamentos da Daikin.

Cuidados na instalação

Em se tratando de um sistema mais sofisticado, seria falso dizer que a instalação de um VRF obedece aos mesmos procedimentos requeridos por um mini split, por exemplo. Assim, em relação à linha de refrigerantes, “os multi split possuem um par de tubulações (sucção e descarga) para cada unidade interna, os sistemas mini VRF trabalham com derivações e conexões flangeadas, que reduzem a quantidade de cobre necessária para se realizar a instalação”, explica Oliveira.

“Com relação às linhas de refrigerantes”, explicam Peixoto e Noda, “devem ser utilizadas tubulações de cobre com o cuidado de utilizar tubo rígido de parede de 1/16’’ para diâmetros acima de 5/8 polegada, sempre realizando brasagem sob atmosfera de nitrogênio (nitrogênio passante), além da utilização de isolação térmica do tipo borracha elastomérica. Além disso, recomenda-se a utilização das ramificações em “Y” originais do fabricante do produto.”

“As tubulações são de um único circuito, ou seja, uma linha de líquido em alta-pressão subresfriado e uma linha de gás superaquecido, utilizando os Refnets como derivadores que levam o fluido refrigerante à cada unidade interna”, completa Genivaldo Rosa.

No que se diz respeito ao vácuo, o sistema deverá estar em vácuo estabilizado abaixo de 500 micra Hg, pronto para o start-up. “Deve-se também cuidar da carga de refrigerante, em geral indicada no projeto do sistema VRF e confirmada pelos cálculos dos programas de seleção do fabricante, levando-se em conta os comprimentos reais da obra e bitolas dos tubos. Atualmente, a maioria dos produtos VRF disponíveis já realiza a carga automática de refrigerante, facilitando o trabalho do instalador”, explica Peixoto.

Rosa faz alguns alertas. “Em relação ao vácuo é importante utilizar bombas de vácuo de capacidade maior  para obter os 500 micra em tubulações longas. Enquanto nos multi splits utilizamos bombas de 1 de CV, nos sistemas VRV temos que utilizar bombas de 3/4  de CV, pelo menos, para atingir a profundidade de vácuo desejada em tubulações com 160 metros de comprimento. Em relação à carga de refrigerante, é importante fazer o cálculo da carga adicional, conforme manda o manual do produto. O processo é o mesmo do multi split por se tratar de sistemas que utilizam o mesmo tipo de refrigerante (410 A).”

A condensadora pode ser posicionada a até 160 metros da última evaporadora. “Quanto às evaporadoras, por termos um leque de opções é necessário seguir as recomendações de cada manual de instalação que acompanha o produto, tendo uma especial atenção à instalação das evaporadoras do tipo duto que podem ser de alta pressão e ter a possibilidade de aplicar filtros finos e longos trechos de dutos e difusores lineares, e as de baixa pressão, que são para aplicações com pouquíssimo duto, com filtros grossos e com grelhas de insuflamento de baixa perda de carga”, completa Rosa.

“Um ponto importante para instalação de qualquer sistema de ar-condicionado é o respeito ao posicionamento dos produtos, sempre considerando os limites estabelecidos nos manuais de instalação do fabricante, de forma a garantir a correta troca de calor e o perfeito funcionamento dos sistemas”, alerta Noda.

“Em relação à instalação elétrica, deve-se atentar que o fornecimento de energia não deve apresentar variação superior a 10% da tensão nominal e 3% entre fases. A instalação deverá ser dimensionada por um eletricista, conforme consumo e corrente dos equipamentos. Deve-se ainda prestar atenção que, em geral, os folhetos comerciais não possuem dados para selecionamento de cabos e disjuntores e, para isso, devem ser considerados os dados divulgados em manuais de instalação”, completa Peixoto.

Yang, da LG, explica que “para o multi inverter há limitações de distâncias padrão especificado no Manual de Instalação, claramente, quando comparado com o multi VS, que tem maior flexibilidade para uma longa distância entre condensadora e evaporadora,  ou de desnível quando necessário, que facilmente pode ser simulado no software LATS HVAC, buscando a correta aplicação e instalação para que sejam garantidas instalação adequada e performance.”

As opções e lançamentos de cada fabricante

“Temos os equipamentos residenciais denominados 1:1, os multisplits que podem trabalhar com até 5 unidades externas e os mini VRF, que podem trabalhar com até 7 unidades internas. Uma limitação que identificamos no mercado é que existem muitas instalações que já contam com equipamentos multisplit instalados ou que possuem toda a infraestrutura de multisplit instalada, mas que o proprietário deseja possuir um sistema com as características do VRF e se depara com uma barreira em relação a instalação já existente, necessidade de quebra de paredes etc. Para atender esta demanda, estamos trazendo para o Brasil nossa linha ATOM, que pode ser utilizada em uma instalação para multisplit já existente, por exemplo. A linha ATOM possui características importantes presentes na linha de mini VRF como desníveis e comprimento de linhas, e pode conectar até 9 unidades internas. Outra grande característica da linha ATOM, a mais importante ao nosso ver, é uma grande facilidade de instalação, com as conexões todas com flanges, sem a necessidade de solda, o que reduz consideravelmente o tempo e o custo de instalação. Outro ponto importante é em relação ao conforto térmico, pois com a linha ATOM é possível o ajuste a cada 0.5ºC, podendo ser utilizada em qualquer região do país devido a sua ampla faixa de operação. Enfim, com a linha ATOM temos certeza que estamos trazendo aos nossos clientes e parceiros de instalação, versatilidade, alta eficiência, facilidade de instalação e dimensões reduzidas, que facilitam qualquer tipo de aplicação”, anuncia Oliveira, da Midea Carrier.

“Atualmente a Trane possui uma ampla linha para aplicações de menor porte. A linha TVR Mini Plus da Trane possui condensadoras com descarga de ar horizontal desde 3 até 16 HP, com o diferencial de possuir unidades supercompactas com apenas 1 ventilador para capacidades de até 7 HP, bem como alta eficiência energética e baixo nível de ruído, características muito importantes para este tipo de aplicação”, finalizam Peixoto e Noda.

“Disponibilizamos sistemas só-frio e, também, quente/frio. Nas capacidades de 3HP, 4HP, 5HP e 6HP em alimentação monofásica e nas capacidades de 8HP, 10 HP e 12 HP com alimentação trifásica. O nosso recém-lançado Sistema Reiri de Controle Total também está disponível aqui, bem como para toda a linha VRV”, informa Rosa, da Daikin.

“Além das opções de capacidades já citadas das unidades de condensadoras do Multi V S, disponíveis nas capacidades entre 04 a 06 HP, tensão 220V e, nas capacidades 08 a 12 HP nas tensões 220V ou 380V, há adicionalmente um line up maior de modelos e capacidades para as unidades internas tipo hi wall, cassete, duto, teto e gallery” explica Graziela Yang, da LG.

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