As espécies de fungo (mofo) são muitas, mas não necessariamente demandam o mesmo nível de preocupação dos projetistas de ar-condicionado e dos ocupantes dos ambientes. Algumas espécies crescem lentamente e os problemas podem demorar anos ou décadas para surgirem. Outras têm efeitos insignificantes (ou até mesmo desconhecidos) na saúde ou na estrutura dos edifícios, porém, de forma geral, o crescimento do mofo é um sinal de problema e traz preocupação a todos, devendo ser evitado.

O aparecimento do mofo depende da combinação de quatro elementos essenciais: um esporo de fungo viável, um intervalo de temperatura razoavelmente aceitável, fonte de comida adequada e a umidade. Esporos estão presentes em todos os lugares e podem permanecer em um estado dormente (inativo) por décadas ou até mesmo séculos.

O controle de temperatura é até certo ponto muito efetivo uma vez que cada espécie de fungo tem sua faixa de temperatura ótima de crescimento. Fora destes intervalos o crescimento torna-se lento ou impossível para algumas delas. Porém, os tipos de mofos comumente encontrados em ambientes internos estão muito bem adaptados aos intervalos de temperatura.

O tipo de alimentação também varia de espécie para espécie. Materiais à base de carbono são utilizados como fontes de alimento.

A umidade talvez seja o requisito mais básico e universal para viabilizar a proliferação do mofo, uma vez que sem água não há acesso ao alimento e sem alimento o processo de reprodução cessa. A água em ambientes internos pode ter diversas origens, como infiltrações, vazamentos de tubos e inundações, entre outros. Nenhuma destas está sob o controle dos projetistas de ar-condicionado, mas é obvio concluir que suas decisões também afetam problemas e soluções nesse sentido.

Evitar a condensação deve ser o principal foco nos projetos, pois significa evitar a manifestação de inúmeros tipos de mofo, mas ainda há milhares de espécies que não precisam da água em sua forma líquida para germinar. Elas podem utilizar a água absorvida pelo próprio alimento, que é suficiente para que as reações biológicas aconteçam.

A migração de umidade do ar para o alimento (ou vice-versa) está totalmente relacionada à umidade relativa do ar. Porém, o ponto chave para os projetistas de ar-condicionado é o entendimento de que o que realmente importa é a umidade próxima à superfície onde está o alimento. Assumir que a manutenção da umidade relativa é segura para inibir o surgimento de mofo pode não ser suficiente se a medição estiver sendo feita no centro de uma sala. Além disso, quando os níveis de umidade eventualmente se elevam, a migração de água acontece gradativamente. Alguns materiais mantêm a umidade, mesmo quando o ar retoma a condição de projeto.

Em todo caso, o projetista estará mais próximo de uma solução se focar na água contida no material utilizado como alimento. A umidade relativa ou a temperatura de ponto de orvalho do ar serão relevantes apenas quando eles afetarem esse parâmetro. Estudos mostram que a umidade relativa abaixo de 50%, independente da temperatura, contribui positivamente para inibir o crescimento de ampla gama de espécies de mofo e/ou possibilita o controle em níveis aceitáveis (ver figura).

Uma das estratégias mais eficientes de manter a umidade sob controle é considerar equipamentos dedicados para a desumidificação do ambiente. Geralmente, o melhor local para a instalação destes sistemas é na tomada de ar externo, onde está a maior carga de umidade. Os projetistas devem considerar no dimensionando dos desumidificadores, além dos dados climáticos, as cargas internas específicas dos ambientes. Problemas com mofo também podem ser evitados combinando-se práticas de manutenção, como troca frequente de filtros e limpeza do sistema de ar-condicionado, com especial atenção à rede de dutos.

Fonte: https://www.ibp.fraunhofer.de/content/dam/ibp/ibp-neu/de/dokumente/dissertationen/ks_dissertation_tcm45-30724.pdf

Murilo Leite é engenheiro de vendas da Munters Brasil

 

 

 

 

 

 

 

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