Frente ao falecimento de Adilson Blois, um dos profissionais mais destacados da sua geração, empreendedor de sucesso e com grande dedicação à vida associativa, tendo sido um dos incentivadores da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC), além da Abrava, alguns de seus alunos na Faculdade de Engenharia Industrial e profissionais que com ele conviveram, fizeram questão de tecer algumas palavras.
“Conheci Adilson Blois em 1969 quando trabalhamos numa mesma empresa, fabricante e instaladora de ar-condicionado, a Refarc Refrigeração e Ar Condicionado, ele como estagiário prestes a se formar e eu como engenheiro com 3 anos de formado, ambos provenientes do Curso de Engenharia de Operação, Modalidade Refrigeração e Ar Condicionado, criado pelo Prof. Dr. Remi Benedito Silva. Já como estagiário, Adilson se destacava pelo seu interesse e dedicação pelas atividades da empresa, deixando rapidamente de ser um estagiário para tornar-se parte da equipe técnica da empresa com tarefas e responsabilidades bem definidas. Essa foi na realidade a única vez que trabalhamos juntos numa mesma empresa e, apesar do tempo curto, nasceu uma amizade duradoura, de tal forma que acompanharíamos a carreira e a evolução técnica e pessoal um do outro pelos anos subsequentes.
Dessa forma pude acompanhar a evolução de sua vida profissional, que ele desenvolveu com brilhantismo, atuando nas áreas de projeto, instalação, fabricação e gerenciamento, tanto em empresas nacionais como multinacionais, nas quais se destacava pelo seu conhecimento técnico, espírito prático e organizacional, desenvolvendo, por exemplo, sistemas de controle de obras a um nível de detalhamento inédito para a época em que ainda não usávamos computadores.
Para mim, no entanto, o que eu mais admirava era seu sentimento de amizade e lealdade que dedicava a seus amigos mais próximos como eu e, por exemplo, Orlando José Marinho e Yoshihiro Maeda.
Tinha temperamento forte, o que era, às vezes, confundido pelos que não o conheciam bem, como arrogância, mas tinha um enorme coração e capacidade de se emocionar com facilidade. Era conhecido também por ter pavio curto, e ele mesmo falava que tinha a língua mais rápida que sua mente, e não tinha muita paciência com falta de caráter e desonestidade.
Com minha mudança para Curitiba, em 1994, nos afastamos fisicamente, mas a amizade continuou e, sempre que tínhamos oportunidade de nos encontrar, geralmente nas feiras da Febrava, ou outros eventos da nossa especialidade, dedicávamos longas horas para colocar nossos papos em dia.
Nosso último encontro presencial foi na Febrava de setembro de 2019. Após muitas horas de boa conversa, onde nos divertimos muito, ele se propôs a me levar até o Aeroporto de Congonhas onde, por volta das 21:00h, eu embarcaria de volta para Curitiba. No estacionamento do Centro de Convenções, por algum motivo, o dispositivo eletrônico tipo “sem parar” que ele tinha no carro não estava conseguindo abrir a cancela. Após ser informado pelo vigia de que ele deveria ir até a administração para verificar o que estava ocorrendo com o dispositivo, o que causaria um atraso que poderia colocar em risco meu embarque no aeroporto, ele ameaçou lançar o carro contra a cancela e passar “na marra”. Felizmente conseguimos dissuadi-lo dessa ideia, ele atendeu à recomendação do vigia e felizmente deu tudo certo e chegamos a tempo no aeroporto. Assim era o Adilson Blois, capaz de fazer de tudo para atender às necessidades de um amigo.
Vou sentir muita falta dos nossos encontros.
Silvio Aires, engenheiro mecânico, projetista e consultor
“Tive a honra de ter tido o Adilson Blois como meu professor na FEI, no 10° semestre do curso de Engenharia Mecânica, ênfase Refrigeração e Ar Condicionado, no ano de 1984. A disciplina era Controle Automático e Instrumentação.
Sua experiência profissional e conhecimento técnico foram fundamentais na minha formação e de tantos outros colegas. Pessoa de temperamento forte, firme e de um caráter excepcional. Já formado tive bastante relacionamento com ele trabalhando em projetos de áreas limpas, que contribuíram significativamente para meu crescimento e desenvolvimento profissional. Como tantos outros que já se foram, Adilson Blois deixa mais uma lacuna do segmento do AVAC-R muito difícil de ser preenchida.”
Osvaldo Francisco Alves Jr., engenheiro mecânico, projetista e diretor da Masterplan
“Adilson Blois foi um profissional que atuou de maneira diferenciada pelo setor. Profissional sério e competente, também muito contribuiu para a formação de outros profissionais. Tive a oportunidade de cursar automação e controles no último semestre do curso de Refrigeração e Ar Condicionado (RAC) da FEI em 1983 com ele, e por pouco não ‘levei pau’; quase não me formando. Foi um contundente alerta que Blois me deu e que me motivou a deixar de ser um estudante/estagiário e procurar ser um profissional iniciante mais interessado pelo setor. Mas o melhor período que convivi com ele foi nos últimos anos, quando atuava na SBCC. Blois foi um dos meus incentivadores!”
Arnaldo Basile, engenheiro mecânico, empresário e Presidente Executivo da Abrava
“Professor rígido, que exigia todo o potencial que percebia em cada aluno. Agia com determinação, seriedade e sempre dentro de suas convicções. Fora do horário de aula, era amigo dos alunos e procurava nos orientar na procura de estágios e/ou colocação como profissionais nas empresas do setor. Como profissional, sempre competente e bastante respeitado no mercado.”
Hernani A. M. Silva, engenheiro mecânico, projetista e diretor da Contractors Projetos