Custo energético contribui para o investimento em sistemas de refrigeração de maior eficiência

Desde meados dos anos 2000 as principais empresas fornecedoras e revendedoras de equipamentos deixaram de produzir ou vender equipamentos de refrigeração que utilizam fluidos do tipo HCFCs no Brasil. Assim, o que se encontra de instalações de refrigeração com R-22 na indústria é majoritariamente parte do parque industrial brasileiro das décadas de 1980, 1990 e início dos anos 2000.

Com a redução do uso do R-22, o que se verifica é que, majoritariamente, o parque industrial mais recente, desde o início dos anos 2000, assim como indústrias que conduziram retrofit em seus sistemas de refrigeração a partir desse período, passaram a adotar sistemas de refrigeração com fluidos alternativos do tipo HFCs, especialmente o R-134a, R-404A e R-410A, HFOs ou sistemas com fluidos naturais, como Amônia, Glicol ou CO2 em cascata.

Sistemas industriais de menores capacidades (100 a 300 kW) utilizam majoritariamente o fluido R-410A. Atualmente, quase a totalidade dos selfs e splitões produzidos para o mercado brasileiro adotam esse fluido. Além disso, os chillers que utilizam compressores do tipo scroll, que são os que possuem grande abrangência no mercado nesta faixa de capacidade, em especial pelo menor custo, também utilizam R-410A.

O R-134a é utilizado majoritariamente em chillers, de todas as faixas de capacidade, quando os compressores não são do tipo scroll, sendo o fluido mais abrangente adotado por todos os fabricantes, em todas as capacidades. Em sistemas de refrigeração que utilizam racks de compressores, sua aplicabilidade é reduzida, devido à maior necessidade de volume de fluido refrigerante deslocado, sendo menos competitivo do que outros fluidos, como o R-404A.

O uso de fluidos naturais tem aumentado no país, especialmente em sistemas que requerem maior eficiência energética, sendo utilizados por empresas de maior porte e com recursos humanos e financeiros para instalações e manutenções de sistemas desse tipo.

Na indústria, o principal motor de transformação e investimento em novas tecnologias é a busca por maior eficiência energética dos sistemas, uma vez que sistemas de refrigeração com amônia ou outras tecnologias mais eficientes podem resultar em economia de cerca de 30%, quando, além do fluido selecionado, somam-se outras tecnologias de automação, monitoramento e controle desses sistemas e, também, o uso de equipamentos de refrigeração e componentes mais eficientes e com tecnologias mais modernas e atualizadas, a depender das necessidades e aplicações de cada caso.

Mais recentemente a questão de ESG (Governança ambiental, social e corporativa) também passou a pesar na tomada de decisão das empresas, visando a redução do uso de fluidos do tipo HCFCs, com foco no atendimento das normativas e diretrizes resultantes do Protocolo de Montreal, Protocolo de Kioto e da Emenda de Kigali. Além disso, os clientes finais têm ampliado a percepção sobre a necessidade de reduzir o consumo de HCFCs, em especial as empresas de médio e grande porte, ainda que seja importante ampliar esse conhecimento e consciência entre as indústrias que utilizam sistemas de refrigeração.

Os critérios de escolha e tomada de decisão pelo fluido a ser adotados são: custo, eficiência energética, facilidade de acesso, necessidades dos processos industriais, segurança e confiabilidade das operações, possibilidade de aproveitamento dos equipamentos e componentes, entre outros. É importante considerar que a realidade do mercado nacional e as imposições impostas pelos investidores e consumidores, além de fatores externos, também são estímulos importantes para a adoção de soluções de refrigeração mais modernas e eficientes, inclusive justificando os investimentos relacionados.

Por exemplo, o custo da energia elétrica aumentou substancialmente no Brasil nos últimos anos, o que contribui para as empresas investirem em sistemas de refrigeração de maior eficiência energética, uma vez que o chamado payback, ou retorno sob o investimento, justifica essas modernizações, assim, a cadeia produtiva e logística brasileira está buscando reduzir os custos relacionados, pois a energia elétrica pode chegar a ser o segundo maior custo das operações.

Comitê de artigos técnicos da Smacna Brasil

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