A mudança no mercado europeu significa, primeiramente, que podemos usar hidrocarbonetos em unidades independentes de até 6kw em MT (média temperatura) e 3KW em LT (baixa temperatura) aproximadamente. Por outro lado, é uma jogada muito boa para o meio ambiente, tornando o sistema mais barato que o equivalente HFO e com uma capacidade frigorífica 4% em uma comparação do R290 com o R454C em média temperatura, por exemplo.
A medida poderá repercutir no mercado brasileiro, porém, deve demorar mais tempo, emboracom impacto local. Seriam necessários, para que esse movimento fosse mais rápido, incentivos fiscais para equipamentos com fluidos naturais, como acontece lá fora.Essa mudança já tem acontecido em equipamentos de maior porte, com compressores semiherméticos em aplicações de supermercados e centros de distribuição.
Em relação ao consumo energético e ao impacto sobre o meio ambiente, não se pode falar disso sem olhar no detalhe. Quero dizer que cada sistema tem suas características e suas cargas; para um comparativo justo temos que olhar todas as cargas do sistema. Porém, um cuidado importante quando falamos de sistemas individuais, é que a sua condensação é dentro da loja, por exemplo em um supermercado, e a carga de condensação deve ser removida pelo sistema de ar-condicionado. Às vezes essa comparação não é efetuada, e está errado. Não podemos falar que o sistema tem uma capacidade melhor e não considerar o calor rejeitado. Além disso, sistemas acoplados trabalham 24 horas e o ar-condicionado deverá operar da mesma forma.
Outro ponto que é deixado de lado quando se deseja vender esses tipos de sistemas, é que a carga individual, quando somada, é maior que um sistema único para a loja, ou seja, a soma dos sistemas individuais e a sazonalidade da variação de carga dos balcões sempre será melhor coberta por um sistema central. Explicando melhor: em um supermercado com sistema individual, uma abertura de porta quase sempre vai gerar um liga-desliga no equipamento, por conta do efeito da temperatura. Quando temos uma central de frio, essa abertura será diluída pela pressão de retorno, e pode ser que não seja necessário ligar um compressor para compensar a temperatura.
O Brasil já é signatário da Emenda de Kigali: “Atualmente, o Brasil já eliminou 63% do consumo dessas substâncias. Com a ratificação da Emenda de Kigali, o país se compromete a congelar a linha de base do consumo de HFCs em 2024 e reduzir em 10% o consumo até 2029. Além dos benefícios ao clima, a ratificação dessa emenda permitirá à indústria brasileira acesso a recursos internacionais para atualização das linhas de produção e aumento da eficiência e competitividade nacional. A ratificação do Brasil à Emenda de Kigali ocorreu em 19 de outubro de 2022, após aprovação pelo Senado Federal e respectiva entrega dos documentos às Nações Unidas. A partir da ratificação, o Brasil passa a ter acesso ao Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, destinado à adequação de fabricantes aos novos parâmetros de redução no consumo de HFCs.” Fonte: Ascom MMA.
Novas tecnologias irão gerar novas oportunidades de sistemas e de inovação. Não ter gases sintéticos na atmosfera é bom para a nossa saúde e com certeza o HFO será altamente restringido por níveis baixos no futuro na UE, JP, CN, EUA, CD.Outro ponto que gosto de comentar, é que vivemos por muito tempo com refrigerantes CFC ou HCFC, e isso deixou o mercado olhando os sistemas de refrigeração como o de menor custo e sem muita tecnologia. Uma aplicação de novos fluidos deve fazer com que cresça a atenção aos sistemas de refrigeração, não somente na compra, mas também na manutenção. Qualquer sistema sem manutenção tem uma vida curta, o que é um problema ambiental também. Cuidar da manutenção é manter o investimento e não um custo.Gostaria de acrescentar que essa mudança deverá ocorrer como comentado acima para o HC, mas também para aplicação de sistemas com CO2.
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