Além do desconforto térmico, taxas de umidades fora dos padrões aceitáveis contribuem para a proliferação de vírus e bactérias e outros patógenos, como fungos, e contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias

A umidade descontrolada, acima de 60% e abaixo de 40%, é fator não só de desconforto térmico, mas de graves efeitos sobre a saúde dos ocupantes de ambientes fechados. Abaixo de 40% é capaz de desenvolver alergias e infecções respiratórias, além de contribuir para a proliferação de vírus e bactérias. Acima de 60% é também fator de proliferação de vírus e bactérias, além de contribuir para a formação de colônias de fungos, mofos e demais patógenos.

“A umidade relativa ideal para os ambientes climatizados é de 50% ± 10% para minimizar os riscos de proliferação de fungos, virus e bactérias conforme a imagem 1.A principal consequência da alta umidade em ambientes climatizados é a formação de mofo, e os problema respiratórios decorrentes da inalação de ar contaminado pelo mofo dos ambientes”, diz Marcos Santamaria A. Corrêa, da engenharia de aplicação das Indústrias Tosi.

Amanda Salamone, diretora geral da IMI HydronicEngineering para a América Latina complementa.“Esse parâmetro depende muito da aplicação do sistema climatizado. Em áreas onde o objetivo é conforto térmico (escritórios e grandes espaços comerciais) varia entre 40%e 60%. O Objetivo é garantir o bem-estar das pessoas, evitar doenças, bolor, mofo etc. Já em sistemas como data centers esse valor muda para uma faixa entre 45%e 55%. O objetivo nesse caso é garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos, prevenir danos causados por condensação, eletricidade estática etc.”

Dentre as possíveis causas da umidade descontrolada estão, segundo Santamaria, projetos, instalações, operações ou manutenções inadequadas de sistemas de ventilação e climatização. “Infelizmente, ainda é muito comum vermos instalações em locais litorâneos ou outros de alta umidade com caixas de ventilação para promover a renovação de ar dos ambientes, o que faz com que seja introduzido nos ambientes uma alta quantidade de umidade do ar externo, que só conseguirá ser reduzida pelo sistema de ar-condicionado local quando este operar a mais de 75% de capacidade. Quando operando em cargas parciais, menores do que 75%, a umidade relativa resultante do ambiente acaba ficando acima dos 60% máximo recomendável.”

Um sistema climatizado mal projetado, sem as especificações corretas de ventiladores e serpentinas ou sistemas de controle sem a inteligência necessária para fazer a gestão correta desse tipo de variável, está na raiz do descontrole da umidade, de acordo com Salamone.

Osny do Amaral Filho, da Soler Palau Brasil, relaciona alguns dos efeitos dessas falhas:

– Infiltrações de água que pode vir de chuvas, vazamentos em tubulações, vinda do solo, e do próprio processo produtivo que pode gerar vapor de água;

– Condensação, que ocorre quando o vapor de água no ar se condensa em superfícies mais frias;

– Falta de ventilação adequada, uma vez que ambientes mal ventilados acumulam umidade;

Atividades humanas, como cocção, higiene pessoal,respiração, que liberam vapor de água;

Como controlar a umidade em ambientes internos

Para Amaral Filho, o uso de desumidificadores, ventilação adequada, como o uso de exaustores em áreas como banheiros e cozinhas, utilização de ar-condicionado com controle de umidade, isolamento e vedação para evitar infiltrações e condensações e uso de exaustores em locais de geração de vapor, estão no topo das soluções.

Santamaria privilegia as soluções de engenharia. “A forma mais eficiente energeticamente para controlar a umidade em ambientes internos e, assim, prevenir o desenvolvimento de patógenos prejudiciais a saúde dos ocupantes é através da desumidificação do ar externo de renovação que é a principal fonte de umidade, especialmente em locais litorâneos ou com alta umidade como Manaus e Cuiabá, através do processo chamado de desacoplamento do calor sensível do calor latente utilizando-se equipamentos denominados DOAS – DedicatedOutside Air System.”

No entanto, antes de controlar a umidade, é necessário detectar os níveis a que estão submetidos os ambientes. “A maneira mais coerente é realizar medições mais próximas ao processo a ser controlado (medições ambientes com um ou mais sensores, medições em dutos de retorno etc.). Através de controladores lógico programáveis que recebem essas medições e atuam no processo através de lógicas PID, é possível exercer esse controle”, diz Salomone.

Ela dá o caminho. “A melhor forma de atuar é diretamente na serpentina de água gelada com o processo de condensação da água presente no ar. Quanto maior a vazão/abertura da válvula, maior será o volume de água condensada quando o ar atingir a superfície da serpentina. Analisando o controle da umidade pela relação água/ar, o controle adequado de ambos os sistemas contribuirá para o controle da umidade e, consequentemente, para a prevenção de patógenos.”

As unidades de tratamento do ar e o controle da umidade

Como o próprio nome diz, unidades de tratamento do ar, ou fancoils, existem para controlar umidade e temperatura. Nesse sentido, podem se prestar a diversas aplicações. “Conforme mencionado anteriormente, as UTAspara o tratamento do ar externo de renovação são fundamentais para o controle de umidade dos ambientes climatizados. Para que as UTAs de circulação de ar possam também controlar a umidade, elas precisam ser dotadas de sistemas de reaquecimento, mas este processo consome mais energia do que o da desumidificação do ar externo de renovação”, explica Santamaria.

Veja também:

Medição, exibição e monitoramento contribuem para a manutenção da QAI
Taxas de umidade relativa fora dos padrões estabelecidos causam prejuízos
Controle de umidade em câmaras frigoríficas

 

 

Tags:, , ,

[fbcomments]