Instalação segue as mais rigorosas práticas para a proteção dos pacientes
O Hospital Santa Izabel deriva de uma das instituições mais antigas de Salvador, originário do antigo Hospital de Caridade da Santa Casa de Misericórdia, fundado juntamente com Salvador no ano de 1549. Funcionava na rua da Misericórdia, no prédio que hoje abriga o Museu da Santa Casa. Em julho de 1893começou a funcionar no atual endereço,àPraça Conselheiro Almeida Couto, no bairro de Nazaré, mas até chegar nesse ponto, a instituição trilhou um longo caminho. Desde o início do século XIX discutia-se a necessidade de sua ampliação em um novo edifício. Após a guerra da independência isto se tornou possível com a aquisição, em 1828,do terreno que ocupa até hoje e com o lançamento da pedra fundamental. Mesmo assim, sua construção só teria início no ano de 1837, sendo logo interrompida e retomada apenas em 1884. Em 1893 foi, finalmente, concluída a sua construção.Na época era a maior instalação hospitalar do país, com cerca de 300 leitos. Atualmente, é referência nacional em Cardiologia, Neurologia, Oncologia, Ortopedia e Pediatria. No total, abriga mais de 40 especialidades médicas, realizandoperto de 600 mil atendimentos por ano. Dada a sua importância histórica e arquitetônica, o prédio é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico).
Recentemente, às várias especialidades e procedimentos, foi acrescentado um Centro de Tratamento de Medula Óssea (CTMO).
Usualmente, os usuários de um CTMO são crianças que se submetem ao transplante de medula óssea por causa do câncer. A proteção imunológica é reduzida a zero nesses casos.O paciente não pode ser contaminado por vírus, bactérias ou demais patógenos.Qualquer contaminaçãopode ser fatal.
Os leitos precisam estar a uma pressão positiva no quarto. Em seguida, num sistema em cascata,caminha a uma pressão menor no corredor, depois para áreas de circulação e assim por diante. Além de uma antecâmara dando segurança aos internos.“Tem uma cascata de pressão bem grande e controle de temperatura e umidade muito efetivos. São doischillers, um funcionando e o outro de reserva, porque tem que haver uma proteção muito grande”, explica Mário Sérgio de Almeida, diretor da MSA Engenharia de Projetos e projetista da instalação. Na produção de água gelada foram utilizados chillers de condensação a ar.
Como o TMO está situado no último pavimento do prédio, foi utilizada a cobertura para a instalação da casa de máquinas. Para o tratamento do ar foram utilizados fancoletes de alta qualidade, fornecidos pela Traydus. “Uma coisa muito bonita, muito bem-feita, silenciosa, não se ouve nada e sequer sente-sealguma vibração”, continua Almeida.
Para o aquecimento da água foram utilizadas bombas de calor a ar, da JellyFish. Uma funcionando e outra de reserva. São elas, também, que operam na desumidificação do ar, para o controle de umidade. Todos os fancoletes hospitalares são equipados com filtros absolutos. São filtros absolutos também nos quartos, nos corredores e nas antecâmaras. Tudo em função de oferecer ao paciente uma proteçãototal.
Além disso, todos os quartos têm um controlador. “Você só abre uma porta quando a outra fecha, por isso a antecâmara.Conseguimos os diferenciais de pressão de 5Pa. Então, o quarto é 15Pa, a antecâmara é 10Pa, o corredor com 5Pa e a saída, zero.Uma cascata boa de pressão, protegendo sempre o paciente”, diz o projetista.
Um sistema de exaustão promove a retirada do ar dos banheiros, mantendo a pressão negativa nestes ambientes. Apesar de pequena, é uma instalação que demandou muitos recursos financeiros, porque exige equipamentos bem sofisticados,todos na base da automação, fornecida pela Trane.Os controles de temperatura, umidade e pressão são todos executadosvia automação. Há controle absoluto de umidade e de temperatura, sempre registrando a temperatura de entrada do ar e a umidade de entrada. A filtragemé absoluta,inicia-se a sequência de filtros com filtros grossos (G4), filtros médios (M5), filtros finos (F9) e termina com filtros absolutos (ISO 35H). Os filtros finos e absolutos são dotados de medidores de saturação, assim as trocas ocorrerão de forma correta, respeitando a saturação do elemento e não o tempo de uso.
“Então, ficou uma instalação bem robusta em termos de climatização. Porque o tratamento de medula óssea exige uma sala limpa, com pessoas que devem ser protegidas do corpo clínico. Não é que nem um isolamento, que você tem que proteger o corpo clínico do paciente, é justamente o contrário.Por isso a difusão do ar é através de difusores não aspirativos no quarto. O retorno é adequadamente colocado para proteger também o fluxo de ar. Ficou uma instalação muito boa”, resume Almeida.
A Norma pede um fluxo de ar com velocidade de 0,2 metro por segundo e o retorno bem-posicionado também para que nunca o fluxo siga o caminho do médico para o paciente, mas ao contrário. O fluxo do ar deve passar pelo paciente e ser aspirado atrás do médico. Quando é o isolamento do paciente contaminado, é preciso fazer justamente o contrário, atrás do médico e levar para o paciente.
“A norma brasileirapede que os eventos de urgência e emergência sejam com 100% de ar de renovação. Por isso é preciso insuflar atrás do médico, do contrário ele vai sofrer todas as doenças que chegam para serem localizadas. Apesar de estar de máscara, nem sempre é suficiente. Então, esses cuidadosna sala de TMO, na sala de isolamento, são realmente necessários para proteger as crianças que farão a cirurgia”, completa o projetista.
A responsabilidade do instalador
A Tuma Engemac nasceu em 1984, numa sociedade com a Tuma Engenharia que tinha uma estratégia de expansão nacional através de associações locais. A sociedade entre a Tuma e Valdenir Martins Alves sobreviveu até 2007, quando os sócios locais compraram a parte de Túlio Marcus Vasconcelos. Com a mudança do quadro societário a empresa adotou a denominação MAC Engenharia.
Na MAC Engenharia, Martins permaneceu até 2015 quando resolveu se retirar após completar 65 anos. A intenção era usufruir a aposentadoria,mas o descanso foi breve. Em 2018 ele voltou para criar a Tecsar Engenharia, juntamente com os filhos Fábio e Eduardo, ambos formados em engenharia mecânica pela FEI, em São Bernardo do Campo e que já trabalhavam na MAC Engenharia. Hoje, Eduardo cuida da parte administrativa e Fábio do setor operacional. Martins, que tem 53 anos de ar-condicionado, tendo começado no Rio de Janeiro, com passagem pela antiga Áurea Refrigeração, atualmente dedica-se ao comercial e à área de projetos.
A Tecsar tem várias obras concluídas dentro do Hospital Santa Izabel. A última delas é o Centro de Tratamento de Medula Óssea (TMO). A primeira foi a ala de quimioterapia do SUS, que utilizou expansão direta. Atualmente,existem outras duas em andamento. Como o prédio é tombado pelo Iphan, as limitações para a instalação de sistemas de climatização são grandes. A fachada não pode sofrer qualquer intervenção que a descaracterize. Esse fato, por si, já se constitui em um grande desafio.
O prédio que acomoda o TMO possui uma laje onde foi possível construir um telhado e acomodar a casa de máquinas. No entanto, restava um grande desafio, que era a instalação dos resfriadores de líquidos e do sistema de bombeamento, já que não havia espaço na parte superior. Houve a necessidade, então, de construir uma estrutura metálica nos fundos do prédio. Ali foram instaladas as duas unidades resfriadoras (chillers) com compressores inverter e as bombas de água do primário e secundário. A prumada, embora tendo de descer pela fachada, foi executada pela lateral, sem vista para a rua. A tubulação é em PPR e o regime é de fluxo variável, utilizando válvulas de duas vias independente de pressão.O sistema de água quente, que faz o controle de temperatura e umidade, é alimentado por duas bombas de calor. O controle é feito por válvulas de três vias.
Além da fachada, dois outros desafios colocaram-se para a execução da instalação. O primeiro é o estrito controle da qualidade do ar interno. Afinal, como já foi dito, a instalação lida com pessoas de baixíssima imunidade. Além disso, o sistema trabalha com 100% de ar externo, que é captado, resfriado e filtrado para ser injetado no ambiente através das unidades dedicadas.
Um outro desafio, muito importante, é o controle de temperatura. “Também devido ao sistema imunológico as pessoas estão bastante debilitadas. Então, não pode haver grandes variações de temperatura. Eu acho que a umidade é importante, mas o principal é manter a qualidade interna do ar que é insuflado nos ambientes, e a umidade é apenas um dos fatores a ser controlado.”, diz Fábio Alves.
O projeto determina que a temperatura dos quartos deve ficar entre 200C e 240C. Para alcançar essas faixas de ajuste fino, Fábio diz que os equipamentos ajudaram muito. “O que ajuda muito a gente é a alta qualidade dos produtos que nós utilizamos. Além da qualidade técnica da nossa equipe ao fazer o balanceamento e todas as verificações para atingir esse objetivo. Então, é um somatório”, afirma Fábio Alves.
O sistema de automação implementado pela Tecsar Engenharia, com tecnologia Trane, contribui para o controle da temperatura, diferencial de pressão e umidade dentro dos parâmetros do projeto. Um painel IHM na casa de máquinas permite verificar se o comunicador entrega os dados de temperaturas e umidade do sistema. Os controles são feitos no ambiente. Para alcançar o diferencial de pressão que o projeto exige são utilizados transmissores da Belimo.
As bombas de calor com condensação a ar são utilizadas para controlar a temperatura. O ar injetado a baixa temperatura promove a desumidificação. Para isso, na operação, são estabelecidas as margens de temperatura e umidade aceitáveis. Se a umidade estiver alta, a válvula de água gelada é mantida aberta para um fluxo maior. Isso resulta em redução da temperatura. É quando entra o sistema de água quente para reaquecer o ar e impedir que ele seja insuflado a uma temperatura que gere desconforto.
Outra contribuição da equipe da Tecsar foi no sistema de distribuição do ar. Em lugar de uma caixa plenum o ar é conduzido diretamente por dutos de painéis pré-isolados. Com isso, alcançou-se uma vazão de ar perfeita e garantia de melhor pressão estática. Foram, também, retirados os dutos flexíveis. Assim, todos os fechamentos foram feitos diretamente com dutos MPU Clean.
Outro desafio que a equipe de instalação precisou vencer foi o tempo. Havia data para a entrega,mas a equipe do ar-condicionado dependia totalmente da construtora. Para instalar as unidades de tratamento do ar, por exemplo, era necessário impermeabilizar o piso da casa de máquinas. Para descer os dutos, era necessário furar a laje. Então, houve a necessidade de extensas negociações com a construtora responsável.
“Eu acredito que é importante mencionar a questão da qualidade do ar que as pessoas estão respirando. A gente tem fé que elas estão recebendo um produto de muita qualidade,um sistema dentro das normas vigentes. Fizemos tudo com muita cautela, com muita responsabilidade, sempre de olho nas normas, para entregar esse produto de qualidade para os pacientes que vão estar naquele local. Sabendo que qualquer contaminação, qualquer infecção,pode ser fatal para o paciente”, finaliza Fábio Alves.