Considerações relevantes sobre o artigo editado na Revista Abrava + Climatização& Refrigeração, n° 126 de setembro de 2024 com o Título “Como interpretamos a Norma NBR 7256 para estabelecimentos assistenciais de saúde e por que usamos as normas técnicas, parte I” sob responsabilidade no DNPC (Departamento Nacional de Empresas Projetistas e Consultores da Abrava)
Reportemo-nos, primeiramente, aosTermos e definições da ABNT NBR 7256, doravante denominada como 7256, e que serão utilizados nos textos seguintes:
– ar insuflado – quantidade de ar suprido por meios mecânicos a cada um ou a qualquer espaço do sistema,
– ar recirculado – parte do ar de retorno que volta à unidade de tratamento de ar para ser reprocessado,
– ar de retorno – ar retirado do ambiente por meios mecânicos que pode ser recirculado ou rejeitado ao exterior.
Como membro efetivo do DNPC venho pela presente colaborar com as observações desenvolvidas pelo DNPC no artigo acima referido.
Item 4.1.1
No artigo DNPC lê-se:
As instalações de tratamento de ar devem prover e controlar, no mínimo algumas das seguintes condições conjugadas: temperatura, umidade, pureza(redução de riscos biológicos e químicos), renovação, movimentação, pressão e risco de incêndio. Não cabe aqui uma interpretação parcial do texto.
Nossos comentários:
A frase acima foi transcrita da 7256 sendo acrescido no item pureza entre parênteses – (risco biológicos e químicos), e risco de incêndio.
Os itens acrescidos não fazem parte da 7256 e foram emitidos como iniciativa própria do DNPC sem caráter normativo.
Item 4.2
No artigo DNPC temos:
“redundâncias de fontes de calor e refrigeração, quando propõe sistema de expansão direta (DX).”
Na 7256, item 4.2 encontramos:
“Para os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), o número e a disposição das fontes de refrigeração e dos acessórios essenciais devem ser suficientes para suportar o plano de operação do estabelecimento após uma avaria ou manutenção preventiva de qualquer uma das fontes.”
A 7256 não se refere a sistemas de expansão direta (DX).
A proposta da 7256 é orientar na definição de Redundâncias de fontes de calor e refrigeração.
Item 7.2 Recirculação de Ar
Item 7.2.1
No artigo do DNPCconsta:
“Item 7.2.1 deixa claro que todo o ar recirculado precisa ser filtrado junto com o ar exterior, ou seja, não é recomendado que se façam movimentações de ar dentro dos ambientes com equipamento que oferecem diferentes tipos de filtragem.”
Na 7256 item 7.2.1 lê-se:
“Todo o ar recirculado deve ser filtrado junto com o ar exterior. As classes de filtragem e a pré-filtragem devem seguir as recomendações desta Norma, de acordo com o ambiente e conforme a ABNT NBR 16401-3 e as informações nas Tabelas A.1 a A.6.”
O texto “não é recomendado que se façam movimentações de ar dentro dos ambientes com equipamento que oferecem diferentes tipos de filtragem” é de autoria do DNPC e não consta na 7256.
Ponto 1 – No desenho apresentado, todo o ar recirculado está sendo filtrado com o ar exterior. Logo atendendo a primeira frase do item 7.2.1 da 7256.
Ponto 2 –Ainda no item 7.2.1, encontramos na segunda frase “A pré-filtragem e a filtragem devem seguir as recomendações desta Norma, de acordo com o ambiente e conforme a ABNT 16401-3 e as informações nas Tabelas A.1 a A.6”.
A movimentação com equipamento suplementar atende as exigências do ambiente(filtragem, renovação, movimentação) e, consequentemente, a pureza do ar conforme exigência do item 4.11.
A tecnologia mundialmente difundida e aplicada em instalações hospitalares das vigas frias e que não possuem filtros, sendo a pré-filtragem e afiltragem realizadas pela Unidade de Tratamento de Ar Exterior (DOAS),sendo a movimentação executada no equipamento (viga fria).
No caso das vigas frias a filtragem não está sendo realizada no equipamento,mas os resultados obtidos atendem ao item 4.11 da 7256.
Da mesma, um equipamento complementar atende as exigências do item 4.11 da 7256.
Item 7.2.2
No artigo DNPC temos:
Item 7.2.2 diz que “recirculação do ar só é permitida se for proveniente do próprio ambiente ou de ambientes de mesmo nível de risco e pertencentes a mesma classe funcional. Também informa que o ar de recirculação deve possuir a mesma classe de filtragem: não é recomendado que tenhamos recirculações diferentes, feitas por equipamentos diferentes e com classes de filtragem diferentes.”
Na 7256 item 7.2.2 lê-se:
“A recirculação do ar somente é permitida se for proveniente do próprio ambiente, ou de ambientes do mesmo nível de risco, e pertencentes à mesma zona funcional, exceto ambientes de isolamento de infecções por aerossóis (AII), materiais contaminados e emissão de vapores/gases. Este ar de recirculação deve possuir a mesma Classe de filtragem e, desde que admitido na entrada do condicionador, atendendo às limitações descritas nesta Norma.”
Estamos de pleno acordo com o primeiro parágrafo do texto na 7256, e as movimentações de ar com equipamentos complementares atendem ao quesito normativo.
No artigo encontramos: “não é recomendado que tenhamos recirculações diferentes, feitas por equipamentos diferentes e com classes de filtragem diferentes”.
O texto acima do artigo DNPC não consta na norma, mas o que segue: o “ar de recirculação deve possuir a mesma classe de filtragem e, desde que admitido na entrada do condicionador”.
Ponto 1 – Então é possível instalar um equipamento complementar recirculando o ar desde que obedeça a classe de filtragem;
Ponto 2 – o que deve ser admitido na entrada do condicionador? O ar de recirculação.
Logo, se o ar de recirculação originado no ambienteestiver atendendo a mesma classe de filtragem da norma seráadmitido na entrada do condicionador (retorno do ar).
Desta forma o item 7.2.2 da norma 7256 também está sendo atendido.
Item 7.2.3
No artigo do DNPC temos:
“É claro quanto a necessidade de fazer a exaustão do ar contaminado de um ambiente, sem qualquer recirculação e filtrando esse ar antes de devolvê-lo para a atmosfera, conforme tabelas A.1 a A.7.”
Na 7256 consta no item 7.2.3:
“O ar contaminado por emanações de vapores nocivos, material radioativo ou biológico não pode ser recirculado. Nestes casos, deve ser usada a exaustão mecânica (ar de expurgo) de todo o ar insuflado e infiltrado, que deve ser rejeitado ao exterior, passando por filtros conforme Tabelas de A.1 a A.7.”
O item 7.2.3 trata da recirculação de ar, porém importante verificar,antes de mais nada,o item 6.3 – Ambientes de isolamento de infecções por aerossóis, materiais contaminados e emissão de vapores / gases (AII), parágrafo k), e que trata do seguinte:
“o ar de expurgo deve ser conduzido diretamente para o exterior e deve estar localizado conforme 11.4.2. Se isso não for possível, o ar de expurgo deve ser filtrado por um filtro ISO 35H, comdispositivo para troca segura (bag-in/bag-out);”
Observe a orientação acima sobre o ar de expurgo, se não for possívelatender ao item 11.4.2 é que haverá necessidade de instalar filtragem ISO 35 H.
O item 11.4.2 – Descarga de exaustão diz o seguinte:
“As saídas de descarga de ar de ambientes AII, broncoscopia, coleta de saliva e salas de administração de medicações antimicrobiana, sala de emergência, laboratórios de medicina nuclear, salas de espera de radiologia programadas para acomodar pacientes que estão esperando por raios X, para diagnosticar doenças respiratórias, recinto com exaustão de farmácia de medicamentos perigosos, e laboratório com capelas de exaustão química devem ser:
- projetadas de modo que todos os dutos internos na edificação estejam sob pressão negativa;
- a rede de dutos de exaustão com pressão positiva, localizada dentro das casas de máquinas, deve ser vedada de acordo com a classe de vazamento, conforme ABNT NBR 16401-1;
- localizadas de modo que reduzam o potencial de readmissão do ar para dentro da edificação;
- projetadas as saídas da descarga do exaustor nas capelas químicas da área de laboratório com uma velocidade de no mínimo 12,5 m/s;
- projetadas as saídas de exaustão dos ambientes AII, broncoscopia e exaustão da coleta de escarro e exaustores químicos das áreas laboratoriais localizadas a uma distância mínima radial de 8 m das tomadas de ar externas,janelas/portas abertas e áreas normalmente acessíveis ao público, mantendo pelo menos 3 m acima do nível do telhado adjacente (sem qualquer dispositivo que impeça o movimento vertical);
- quando necessário o uso de métodos para redução de patógenos, além da utilização de filtros indicados nas Tabelas do Anexo A, podem ser utilizadas soluções complementares, conforme 11.2.3.2.
O parágrafo e), se atendido, permite que a descarga de ar de exaustão (expurgo) seja projetado sem a instalação de filtros.
Os demais assuntos tratados no artigo do DNPC são repetições de itens da norma 7256.
As normas técnicas estão em constante evolução e revisão absorvendo as novas ideias e tecnologias disponíveis no mercado.
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Eng° Mário Sérgio P. de Almeida, membro e “pastpresident” doDNPC da Abrava
*Foto de abertura: http://www.dreamstime.com/stock-images-close-up-hospital-interior-operating-room-surgery-lamps-medical-equipment-close-up-details-hospital-interior-operating-image102590704