Quando falamos de energia, aqui no Brasil o que normalmente nos vem à mente é a energia elétrica, mas esta não é a única fonte de energia que utilizamos. Não sei se posso dizer que é a primeira, mas entendo que uma das principais contribuições do setor de AVAC-R para debelar a crise climática, boa parte oriunda do aumento do consumo de energia, é a promoção do uso de bombas de calor para aquecimento. Infelizmente, aqui no Brasil, o uso de bombas de calor está ainda muito restrito ao aquecimento de piscinas, mas elas podem ser utilizadas também para aquecimento de água sanitária para uso doméstico em chuveiros e torneiras, bem como em processos industriais, que atualmente utilizam combustíveis fósseis como principal fonte de energia para aquecimento.
Já no hemisfério Norte o uso de bombas de calor para aquecimento tem crescido muito nos últimos anos, inclusive com diversos países da Europa proibindo o uso de combustíveis fósseis para aquecimento e tornando obrigatório o uso de bombas de calor.
Outra contribuição do setor de AVAC-R é a substituição dos fluidos refrigerantes por fluidos com menor taxa de aquecimento global, e a busca constante por tecnologias que reduzam o consumo de energia e a carga de fluido refrigerante utilizado.
As Indústrias Tosi, por exemplo, têm procurado apresentar as vantagens do uso de bombas de calor para aquecimento de água sanitária principalmente em hotéis e hospitais, e está lançando uma nova linha de bombas de calor para aquecimento de piscinas utilizando o fluido refrigerante R-32; outras empresas também estão adotando este fluido refrigerante ou outros, como o R290 (Propano) e R1234ze em seus chillers.
O R-32 tem mostrado desempenho energético até 10% superior ao R-410a, com menor carga de fluido refrigerante. Além disso, apresenta carga de fluido refrigerante cerca de 30% inferior ao R-410a. Isto se aplica tanto a sistemas de expansão direta, como a sistema de expansão indireta de pequena capacidade com chillers com compressores scroll.
A redução de 1,0oC no set point dos sistemas pode reduzir em até 4% o consumo de energia elétrica. O procedimento para aumento do set point dependerá de cada tipo de instalação. Como a sensação de conforto está ligada não somente a temperatura, mas também a umidade, a velocidade do ar e a vestimenta utilizada, a redução da exigência de vestimentas formais (ternos com gravata) é fator preponderante para permitir o aumento do set point das instalações. Por conta disto é que hoje vemos escritórios de instituições bancárias em que não é mais exigido o uso de terno e gravata por parte dos homens, o que não acontecia a cerca de 20 anos atrás.
Já em instalações como data centers, um dos maiores consumidores de energia do planeta para refrigeração, o principal procedimento é a segregação do ar frio de alimentação dos servidores do ar quente de expurgos dos mesmos, o que permitirá a operação dentro dos parâmetros mais altos de temperatura estabelecidos pela Norma Ashrae TC 9.9, como foi tema de matéria específica desta revista na edição de junho deste ano.
O stress térmico em ambientes fabris tem como um dos principais fatores a radiação. Quando esta fonte de calor de radiação vem do telhado, a primeira atitude é o tratamento desta parte da envoltória do ambiente, seja pela substituição das telhas por telhas tipo sanduiche, seja pela aplicação de isolamento térmico, seja pela aplicação de revestimento reflexivo ou ainda pelo uso de resfriamento evaporativo da cobertura. O outro ponto a ser tratado em ambientes fabris é a ventilação. Uma alternativa é a utilização de sistemas de ventilação com resfriamento evaporativo.
A forma mais eficiente energeticamente para controlar a umidade em sistemas de ar-condicionado central é através da utilização de equipamentos dedicados ao tratamento do ar externo de renovação (DOAS – Dedicated Outside Air System). Este é inclusive o tema das apresentações das Indústrias Tosi neste ano no Sannar–Salão Norte-Nordeste de Ar-Condicionado e Refrigeração, e nos Entracs–Encontro Tecnológico de Refrigeração e Ar-Condicionado.