Redução de carbono pode, também, ser transformada em investimento ao incorporar tecnologias para a eficiência energética e reduçãodos custos operacionais

No projeto de novas edificações, o sucesso em alcançar uma classificação como NZEB e ZEB passa por um planejamento integrado envolvendo as diferentes especialidades na definição de local e orientação da edificação, análise do clima local e tipo de utilização pretendido. O foco inicial é na redução da demanda energética através de estratégias passivas, como isolamento térmico eficiente, controle solar e ventilação natural. Adiante serão tratadas as soluções ativas necessárias e métodos de geração de emissão à serem instaladas.

Em edifícios existentes, a busca dos conceitos NZEB e ZEB passa necessariamente pela implementação de reformas que permitam elevar a eficiência energética ao maior patamar possível. As principais ações envolvem a substituição de lâmpadas, otimização do desempenho da envoltória do edifício e substituição dos sistemas de climatização ativa por opções mais eficientes. Será obviamente necessário instalar sistemas de geração de energia compatíveis, além de um supervisório de controle que possa garantir a operação em seu ponto ótimo.

As principais intervenções na envoltória incluem a utilização de materiais de alta performance para revestimentos da estrutura e janelas (vidros especiais e esquadrias) capazes de reduzir os coeficientes de transferência de calor, reduzindo, assim, a carga térmica sem prejuízo da iluminação natural. Além disso, a relação de área de janelas, uso de soluções de sombreamento e fachadas ventiladas devem ser consideradas.

Em edifícios existentes, uma intervenção na envoltória de caráter estrutural mais profundo pode não serem exequível por limitações físicas ou orçamentárias. Contudo, será em geral viável, e recomendável, considerar a adição de camadas de isolamento, a substituição de janelas e portas por versões mais eficientes, e a aplicação derevestimentos de alta refletância em telhados e paredes para reduzir o ganho de calor.

O consultor e o projetista desempenham um papel crucial na integração de estratégias de eficiência energética desde a fase inicial do projeto. Eles são responsáveis por coordenar as disciplinas envolvidas, selecionar materiais e tecnologias adequadas e garantir que os padrões NZEB e ZEB sejam atingidos durante todo o ciclo de vida do edifício. Podemos dizer que o consultor através de análise de desempenho mais detalhista, como aquelas provenientes de simulações termo energéticas, presta suporte ao projetista para que este elabore seu projeto de forma embasada, a partir da tomada de decisões criteriosas,para atingir o conceito NZEB e ZEB. Em edifícios existentes, o projetista/consultor deve realizar uma avaliação energética detalhada, identificar oportunidades de retrofit e desenvolver um plano de ação para implementar as melhorias necessárias, sempre buscando equilibrar o custo-benefício e a viabilidade técnica das intervenções.

O conceito de custo total de propriedade (TCO) leva em consideração todos os custos associados ao ciclo de vida do edifício, incluindo construção, operação, manutenção e descarte. Aplicar o TCO permite que investidores e proprietários percebam os benefícios econômicos de longo prazo de adotar conceitos NZEB e ZEB, como a redução das despesas operacionais e o aumento do valor de mercado do edifício.

A redução de carbono pode, também, ser transformada em investimento ao incorporar tecnologias de baixo carbono que aumentam a eficiência energética e reduzem os custos operacionais. Além disso, edifícios com “baixa pegada de carbono” estão menos sujeitos a futuras regulamentações ambientais, o que os torna uma estratégia de mitigação de riscos.

Mesmo com energia proveniente de fontes renováveis, uma elevada eficiência energética continua sendo crucial para minimizar a demanda energética total, reduzir a necessidade de infraestrutura de energia e garantir a sustentabilidade dos recursos renováveis. Economizar energia é uma parte fundamental dos conceitos NZEB e ZEB, pois o objetivo é alcançar o balanço energético nulo com o mínimo impacto ambiental.

Os fabricantes de equipamentos e componentes podem contribuir para os objetivos estabelecidos desenvolvendo novos materiais, equipamentos e processos de AVAC-R com maior eficiência energética, sistemas de controle avançados que otimizam o consumo de energia e soluções que utilizam fontes de energia renovável. Além disso, podem colaborar com o desenvolvimento de tecnologias que integrem armazenamento de energia e gestão inteligente de recursos.

João Pimenta, é professor doutor na Faculdade de Tecnologia e coordenador do Laboratório de Ar Condicionado e Refrigeração (LaAR) da Universidade de Brasília (UNB)

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