Cada um tem uma história ou uma percepção de usuário sobre a questão de o ar-condicionado fazer mal a saúde. Mas acredito que a percepção não é incorreta se levarmos em conta que a grande maioria dos sistemas estão fora de norma ou especificação. Temos um exemplo simples que é o controle de temperatura estar fora da condição de conforto, entre 22oCe 24oC; temos temperaturas por vezes colocadas abaixo disso pelo proprio usuário, que gosta da sensação de frio. Mas quando o ar externo está muito quente e o corpo é submetido a baixas temperaturas, ele fica mais suscetível ao choque térmico, alterando o sistema imunológico, e expondo-se a doenças respiratórias. Sem o controle de umidade, podemos ter ambientes secos, que também trazem doenças respiratórias. Em ambientes públicos ou corporativos, a má manutenção, baixa classe de filtragem, falta de renovação de ar e outros fatores,impactamna qualidade do ar e, certamente, a climatização pode prejudicar a saúde do usuário ao invés de trazer conforto ou proteção.
O segredo para um sistema de climatização proporcionar um ambiente saudável é começar com um bom projeto, que analise o perfil de ocupação e siga as legislações e normas em vigor. Além disso, deve-se ter uma instalação que siga à risca o projeto e uma manutenção adequada do sistema.É determinado em lei que a execução do PMOC seja realizada por profissional responsável.
É necessário, ainda, equipamentos que possibilitem a adequada classe de filtragem; no mundo todo, atualmente, em ambientes de muita ocupação já se aplica filtragem fina, não somente grossa e média como está na nossa NBR 16401. O controle da temperatura é básico, mas o controle da umidade entre 40% e 60% também é fundamental. Sem falar na correta taxa de renovação de ar, que em boa parte das instalações apresentam percentual abaixo do necessário.
Um ambiente com qualidade do ar é aquele que tem seu sistema operando sobre todos os parâmetros de projeto e normas, contando com filtragem minima M5, se possível F8, tendo sua temperatura entre 22oCe 24oCe seu percentual de renovação de ar correta de acordo com seu perfil de ocupação, trazendo uma concentração de CO2 para níveis aceitáveis. Hoje já começamos a controlaro particulado, sendo um ambiente interno de boa qualidade aquele abaixo de 800 ppm de concentração. Além disso, existe também a preocupação com a concentração de compostos orgânicos voláteis (VOC), exigindo medições constantes e controle esses percentuais no ambiente.
Muitas vezes o ar externo possui condições piores do que o ar em ambientes internos bem climatizados. Através de equipamentos com boa filtração, manutenção dos parâmetros de temperatura e umidade, aplicação de descontaminação ultravioleta e por ozônio no sistema de climatização é possivel que o ar-condicionado crie um ambiente interno muito mais saudável que o externo em determinadas metrópoles e até comparado com algumas áreas rurais.
Sistemas do tipomini-split deveriam ser utilizados apenas em pequenos ambientes e baixa ocupação; para ambientes maiores e com maior fluxo de pessoas, a instalação central é fundamental para garantia da qualidade do ar. De qualquer forma, quando a climatização é feita por sistemas mini-split é importante garantir a quantidade correta de ar externo filtrado e, se possível, utilizando recirculadores de ar no ambiente com filtros finos e até absolutos, para retenção da sujeira e até microrganismos nos filtros. Aplicar umidificadores para casos de umidade baixa e garantir que o resfriamento esteja dentro dos parâmetros. De preferência instalar de uma forma que o fluxo de ar não seja incômodo para as pessoas. Estes são alguns dos dispositivos que podem ajudar a melhorar a qualidade do ar em ambientes com climatização por mini split.
Para garantir a correta qualidade do ar em ambientes internos é importante monitorar e controlar uma série de parâmetros que afetam a saúde e o bem-estar:
– Nível de Dióxido de Carbono (CO₂) abaixo de 800 ppm, pois, níveis elevados indicam ventilação insuficiente, causando sonolência, dores de cabeça e redução da produtividade;
– Material Particulado (PM2.5 e PM10), com PM2.5abaixo de 15 µg/m³ e PM10 abaixo de 45 µg/m³, pois, partículas finas podem causar problemas respiratórios, especialmente em pessoas com asma ou outras doenças pulmonares;
– Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)abaixo de 0,5 mg/m³, uma vez que COVs são emitidos por produtos químicos e podem causar irritação nos olhos, dor de cabeça e, a longo prazo, danos à saúde;
– Temperatura entre 20°C e 24°C e Umidade Relativaentre 40%-60%, já que temperaturas e umidade inadequadas podem contribuir para o desconforto, problemas respiratórios e crescimento de mofo;
Monóxido de Carbono (CO)abaixo de 9 ppm em média durante 8 horas, por se tratar de substância tóxicaque pode causar envenenamento em altas concentrações.
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