O PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle para Ar Condicionado, deve seguir as determinações da legislação vigente, em especial ao que se refere aos quesitos de aceitabilidade da boa qualidade do ar. Estes quesitos estão definidos pela Resolução RE-09/2003 da ANVISA, tais como parâmetros de contaminação química e biológica, além dos parâmetros físicos que são temperatura, velocidade do ar e umidade. Desta forma, o controle de umidade do ar de ambientes climatizados está diretamente ligado às atividades de manutenção e boa qualidade do ar de interiores.
O controle de umidade normalmente é realizado pelo sistema de climatização, portanto é um item a ser considerado no PMOC do Ar Condicionado. A umidade relativa do ar deve ser mantida em uma faixa de trabalho de 35% a 65%. Fora dessa faixa irá causar impacto na saúde dos usuários”, alerta Leonardo Cozac, diretor da Conforlab e membro do DN Qualindoor da Abrava.
“A relação existente entre PMOC e controle de umidade é total, pois não basta uma instalação bem projetada e bem instalada, sem a execução da boa operação e manutenção. A operação e manutenção são as responsáveis diretas para que os ambientes atendidos pelo ar condicionado estejam dentro dos parâmetros estabelecidos. Estes parâmetros são estabelecidos visando principalmente a saúde humana, um bom exemplo da influência que a umidade dos ambientes pode trazer é em termos de alergias e asmas para nós seres humanos”, alerta Gerson Catapano, da Masstin e presidente do DN de Instalação e Manutenção da Abrava.
“As especificações tanto de temperatura, velocidade do ar, renovação e, também, umidade definidas em projeto, só são atingidas e estabilizadas através da correta operação do sistema, e com a devida e necessária manutenção de seus componentes. Como o próprio termo define – manutenção. Em especial, podemos destacar a evolução dos controles, tanto de temperatura, como de umidade. Sensores mais precisos e com novas tecnologias que permitem também o controle do nível de CO2 nos ambientes ajudam muito no controle da umidade e demais atributos físicos e químicos do ar de interiores. Alguns componentes do sistema de umidificação e desumidificação são de vital importância para ambientes onde o controle da umidade requer maior precisão. As rotinas de manutenção previstas na ABNT NBR 13.971, quando bem observadas, irão contribuir bastante para assegurar o correto funcionamento do sistema. Acessórios especiais, menos comuns, mas igualmente importantes, devem receber atenção de acordo com as orientações dos fabricantes, como rodas entálpicas ou dessecantes, dampers motorizados de controle adiabático ou outros dispositivos”, completa Arnaldo Parra, diretor da Pósitron e Vice-presidente de comunicação e marketing da Abrava.
De acordo com Cozac, se um sistema de climatização operar sem a devida manutenção, a umidade relativa do ar poderá ser alterada. Exemplo de uma região litorânea, com clima quente e úmido, o tratamento de ar externo deverá ser realizado para reduzir a umidade interna. Outro caso, se uma serpentina do evaporador estiver muito suja, a troca térmica não será feita com eficiência.
Parra diz que as condições de umidade sofrem interferência em diversos pontos dos sistemas de climatização, como:
1) Tomada de ar externo (TAE) com excesso ou deficiência de vazão, que em condições climáticas extremas pode alterar substancialmente as condições internas;
2) Dispositivos de umidificação, tal como o difusor de vapor, que em caso de desajuste ou desativação não produzirão efeito do equilíbrio da umidade;
3) Sensores e controladores dos dispositivos de umidificação são de especial importância para que o sistema opere dentro das condições de projeto;
4) O ciclo frigorígeno (seja expansão direta ou indireta) irá influenciar diretamente na remoção da umidade através da serpentina de resfriamento;
“Desta forma, os principais passos para a boa manutenção do sistema de climatização e para assegurar as devidas condições requeridas de umidade, devem estar de acordo com as rotinas recomendadas na Norma ABNT 13.971, observando-se ainda as recomendações específicas dos fabricantes dos equipamentos e acessórios, além dos requerimentos e rotinas do sistema de automação”, diz o diretor da Pósitron.
Uma vez que o impacto do ar condicionado na umidade relativa interna depende do projeto do condicionador de ar e dos fatores operacionais, é absolutamente necessário conhecer o sistema e suas características para manter as condições internas dentro dos parâmetros estabelecidos. “Certos sistemas por características construtivas retiram mais ou menos umidade do ar em sua operação. Em alguns casos, se usa um equipamento para aumento da umidade através da vaporização de água, mas nestes casos temos que tomar cuidados especiais com a origem da água que alimenta o equipamento e é vaporizada para o ambiente, e principalmente como esta água é tratada, pois a água representa uma grande fonte de contaminação microbiológica”, aponta Catapano.
Parra cita os equipamentos destinados a controle de umidade de precisão, para aplicação em laboratórios e/ou processos especiais, como indústrias farmacêuticas ou de alta tecnologia. “Estes equipamentos geralmente operam com sistema de controle de umidade através de variação de velocidade e capacidade, facilitando o controle de umidade. Acessórios para umidificação continuam presentes da mesma forma, mas com ganho na precisão do controle, além da melhor relação de consumo energético. Estes equipamentos, por contarem com um nível maior de automação e controle, requerem mão de obra mais especializada, com rotinas de manutenção específicas”, explica.
Assim sendo, Catapano afirma ser necessário, no programa de manutenção, fazer um bom diagnóstico das condições atuais do sistema (equipamentos de ar-condicionado + distribuição de ar) para saber se ele atinge a performance necessária para garantir os parâmetros necessários. Caso isto não ocorra, é preciso identificar as causas e melhorar o sistema. Por outro lado, é preciso identificar os fatores críticos para a operação do sistema e monitorar estes fatores críticos através de limpezas, manutenções preventivas, calibrações e verificações, e, sobretudo, verificar constantemente o ambiente climatizado e a situação da qualidade do ar através de análises previstas no PMOC.
“Para todos os casos, entretanto, a boa observação do PMOC é fundamental, principalmente porque a umidade também é um fator de conforto e saúde, e tem seus limites máximos e mínimos estabelecidos na legislação vigente, tais como RE-09 da ANVISA, Portaria 3.523/98 e Lei 13.589/18”, conclui Parra.
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