Na legislação brasileira, a única exigência para análises da qualidade do ar é a Resolução 09 da Anvisa, válida para todos os ambientes climatizados de uso público e coletivo. Não existe, assim, nenhuma portaria, resolução ou norma específica para avaliar a qualidade do ar em ambientes hospitalares.
“Em 2004”, esclarece Leonardo Cozac, diretor da Conforlab que ocupa, também, o cargo de diretor de operações e finanças da Abrava, “houve uma consulta pública, porém não foi aprovada. Era uma norma bem mais restritiva que a Resolução 09. Falava de os ambientes terem um plano de segurança da qualidade do ar interno, ao invés de apenas análises de rotina do ar. Esse plano deveria ser elaborado por equipe multidisciplinar dentro do hospital, tais como área de CCIH (Comissão de Controle e Infecção Hospitalar), manutenção, serviços gerais, entre outras. Eu costumo indicar esse mesmo processo aos hospitais que atendo, por entender que aplicar apenas a Resolução 09 é muito pouco para o nível de exigência desses locais.”
Cozac explica que, atualmente, os sensores para monitoramento da qualidade do ar de interiores (QAI) estão mais precisos e com custo relativamente menor. “Já existem tecnologias nacionais para monitoramento em tempo real de diversos parâmetros de QAI e que podem ser muito bem aplicados em serviços de saúde. Com isso você tem uma visão constante e em tempo real da real qualidade do ar ao invés de medições pontuais. Considero que esse monitoramento, junto com um plano de segurança da qualidade do ar interno, aponta para uma tendência de evolução do setor.”
Descontaminação e combate à infecção
Mas a oferta de tecnologias vai além daquelas destinadas ao controle da qualidade do ar ou da água. A Ecoquest, segundo seu diretor Henrique Cury, oferece três linhas principais para hospitais: Luz ultravioleta germicida UV-C, foto-catálise e máquinas ionizadoras.
“A luz ultravioleta germicida UV-C para descontaminação da superfície das serpentinas dos equipamentos de ar-condicionado, tem potência de radiação (μW / cm2) recomendada pela ASHRAE para desinfecção do biofilme impregnado. É muito importante que fornecedores mostrem os estudos feitos e os resultados obtidos. Esses requisitos já constam na nova norma NBR 7256 que está em fase final de revisão. Os benefícios da utilização da luz UV-C para esta finalidade já são amplamente reconhecidos e validados”, enfatiza Cury.
A foto-catálise é outro método de descontaminação de ambientes hospitalares críticos como centro cirúrgico, UTI, pronto socorro, entre outros. A utilização também é indicada no sistema de exaustão de áreas críticas, como o ar de expurgo com necessidade de tratamento. Consiste, ainda segundo Cury, na introdução de células nos sistemas de ar-condicionado para produção e injeção nos ambientes tratados de oxidantes naturais gasosos baseados em oxigênio e hidrogênio (Peróxido de Hidrogênio H2O2), já amplamente utilizado para a esterilização de equipamentos cirúrgicos.
“É extremamente importante que se conheçam as tecnologias a serem introduzidas e os órgãos validadores. A Ecoquest é a única empresa do Brasil que possui um estudo de validação de eficiência feito pelo IPT ( instituo de Pesquisas Tecnológicas). Além disso, a nova geração de foto-catálise da empresa já foi validada nos laboratórios americanos do FDA (Food and Drug Administration) e está na fase final de aprovação como “Medical Device Class 2” pelo órgão americano. O segmento hospitalar é hoje o que mais cresce no mercado fotocatalítico devido a sua necessidade intrínseca”, diz Cury.
Já as máquinas ionizadoras são utilizadas em reformas ou construções dentro de hospitais para evitar a disseminação de partículas que transportam microorganismos nos ambientes. “Hoje sabemos que grande parte dos microorganismos são transportados em partículas e, após 14 anos de experiência, sabemos que reformas e obras em hospitais estão diretamente ligadas ao aumento de casos de infecções hospitalares. Sabemos, também, que o confinamento das partículas nos locais de obras reduzem significativamente a possibilidade de transporte do Aspergillus Niger, causador da Aspergilose e responsável pelo aumento substancial dos casos de infecção.”
A Luz UV de serpentina impede o crescimento do biofilme, normalmente desenvolvido em superfícies úmidas. “A utilização constante da luz UV não só garante melhor higienização da serpentina sem gerar resíduos químicos, como evita a limpeza manual, gerando economias ao hospital. Ao descontaminar a serpentina, o ar injetado nos dutos já vem sem a carga microbiana da serpentina”, explica o diretor da Ecoquest.
“A foto-catálise proporciona a injeção constante de oxidantes que buscam tratar não só o ar, mas as superfícies das áreas atendidas pelo sistema de ar, maximizando a ação dos filtros que são trocados com regularidade, além de ser indispensáveis para ambientes sem filtragem. Os testes do IPT mostraram redução de até 87% dos microorganismos presentes no ar de um ambiente não controlado em até 24 horas da instalação, mantendo-se a níveis mínimos com a constância da descontaminação. Além disso mostrou inativação de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Candida albicans e Bacillus subtilis entre 80% e 100% quando expostos em superfícies ao plasma gerado pelo reator fotocatalítico”, continua Cury.
Os ionizadores utilizados em obras e reformas conseguem com rapidez polarizar as partículas em suspensão, deixando-as com peso suficiente para se precipitarem com a gravidade. Este processo impede que as partículas sejam transportadas para outras áreas do hospital, reduzindo o risco dos pacientes, principalmente os imunodeprimidos. “Sabe-se também que o aumento de casos de Aspergilose está diretamente ligado às reformas e construções, pois, são nestes ambientes que eles proliferam, sendo transportados pela grande geração de partículas decorrentes das obras. As medidas hoje tomadas (proteção física dos ambientes, fechamento de grelhas, exaustores etc.) não são suficientes para evitar a distribuição da poluição. Sabe-se hoje que exaustores pioram o problema, levando o ar contaminado para outros ambientes ou mesmo para fora do prédio onde é captado e devolvido contaminado ao sistema de insuflamento”, completa Cury.
Ricardo Cherem de Abreu, diretor técnico da Dannenge, diz que, “à exceção da exposição direta de UV, os processos fotocatalíticos radiantes podem ser aplicados sem restrições. Entretanto, a aplicação de lâmpadas UV na desinfecção de serpentinas de unidades de tratamento de ar, sem restrição de porte, é uma excelente opção para eliminar na raiz a concentração de contaminantes e diminuir a frequência e o custo de operações de limpeza de serpentinas.”
Abreu explica que a aplicação de ionizadores fotocatalíticos “acrescenta às unidades de climatização hospitalares duas vantagens diferenciais: a primeira, o controle de vírus, muitas vezes não retidos em filtros absolutos por seu pequeno tamanho, inferior a 0,3 micra. A segunda, é a eliminação de odores, tanto daqueles gerados pelas condições peculiares das unidades de saúde, quanto os gerados por desinfetantes, muitas vezes “perfumados”, aplicados em excesso para disfarçar o mau cheiro local. Logo, existem vantagens no controle de infecções hospitalares e redução sensível de custo em produtos de limpeza. É importante observar que não devem ser utilizados fotocatalizadores que geram ozônio, pois esta substância é prejudicial à saúde e considerada nociva pela legislação brasileira.
Da redação