A era BIM

A história mostra que as grandes revoluções na técnica vêm, muitas vezes, das crises da humanidade; agora, não é diferente. Foi na 1º Guerra Mundial (1914 a 1918) que o avião e o automóvel passaram a ser utilizados em massa por um motivo espúrio, mas seu uso mudou a face dos transportes no mundo. O motor a jato e o programa espacial no século XX evoluíram de forma semelhante.

Na crise institucional inglesa do final do século XVIII, conhecida como Revolução Gloriosa (1688 e 1689), a revolução industrial nasceu. No século seguinte, na França, a Revolução Francesa (1789 a 1799) transforma o mundo com tamanha grandeza e importância que o período histórico muda de “idade moderna” para “idade contemporânea”, que nos trouxe entre tantos avanços o modelo de organização técnica e científica como a conhecemos hoje, o sistema métrico de medidas, base do SI (Sistema Internacional de Medidas) e gigantes como Laplace([1]) e Fourier([2]).

Há também na história grandes inovações surgidas de crises na saúde pública. Como o saneamento público e as estradas pavimentadas, que são exemplos de inovações que surgiram de pandemias anteriores. Elementos de design urbano, como ruas largas e arborizadas e parques na cidade, foram o resultado de surtos de cólera do século XIX.

Ao combinar a engenhosidade humana com as necessidades históricas e uma tecnologia poderosa emergente, podemos reinventar como trabalhamos, aprendemos, nos comportamos e vivemos, e, assim, ajudamos a humanidade a prosperar.

A indústria de arquitetura, engenharia e construção (AEC) ([3]) vive o paradigma destas revoluções devido a necessidade da raça humana de se adaptar às crises. Comparando-se as cidades de 100 anos atrás com as modernas, há uma radical diferença na maneira de construir e ocupar.

Um exemplo clássico foi a crise do petróleo, em 1973, que revelou nossa grande dependência dos combustíveis fósseis, bem como, sua natureza finita, que obrigou ao exame do uso e a eficiência da energia, incentivando e acelerando a inovação e as pesquisas em energias renováveis.

Na área de AVAC ([4]), a crise do petróleo trouxe a norma ANSI/ASHRAE/IES 90.1[5] (1975), norma ASHRAE 62.1 e 2[6] (1973) e o desenvolvimento massivo de programas computacionais de simulação energética que, com a popularização dos computadores pessoais, foram para dentro de todos os escritórios de engenharia, não só os de AEC, e, atualmente, são tão comuns como água encanada e iluminação pública nas grandes cidades.

Hoje, a humanidade ainda sofre o efeito da devastadora crise financeira de 2008, que é considerada por muitos economistas como a pior crise econômica desde a Grande Depressão (1929) nos Estados Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários sem o acompanhamento de um aumento da renda da população. A crise pandêmica atual, ocasionada pelo novo coronavírus (SARS-CoV2), identificado em Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro do último ano, agrava este cenário. Como observou o jornal britânico The Economist, a pandemia está liberando as organizações para experimentarem novas ideias radicais pois não há período mais propício para mudanças que os dias de hoje.

BIM: modelagem da informação da construção

A indústria em geral, mais especificamente a AEC no século XXI, vive o dia a dia da necessidade de mudanças; o mundo muda rapidamente e novas tendências, modos de pensamento e tecnologias passam para nossas vidas quase que instantaneamente. A engenharia de AEC, um dos domínios mais importantes da vida e um dos ramos da ciência mais antigos, está tentando acompanhar o desenvolvimento da tecnologia moderna para atender estas mudanças. Uma das tentativas mais sérias nos últimos anos é o BIM ([7]), que significa, pela normativa brasileira, Modelagem da Informação da Construção.

Podemos dizer que as informações nos projetos, obras e construções era predominantemente em papel, que pode ser perdido facilmente e de difícil compartilhamento. Além disso, eles não acompanham o andamento do projeto e da construção com a velocidade que atualmente se faz necessária. Digo que a regra principal do BIM é quebrar as barreiras de informação entre as partes interessadas no projeto, tornando o processo da indústria de AEC muito mais fácil e coordenado. Resumidamente, podemos definir BIM ([8]) como: A união de pessoas, tecnologia e processos para melhorar os resultados na construção civil; Agile development ([9]); criação e desenvolvimento rápido; construção enxuta, por analogia, racional e econômica; e digitalização completa dos processos de construção.

As descrições mencionadas acima enfatizam o fato de que BIM não é apenas sobre desenhos migrando de 2D para 3D e mesmo usado para esta finalidade, o produto gerado é muito superior, é uma simulação da construção real.

Em sua essência, o BIM é uma forma de fazer negócios; um método de colaboração entre arquitetos, engenheiros, fabricantes, desenvolvedores e empreiteiros que melhora a eficiência e a precisão do design, da construção e do gerenciamento de projetos de construção. É por isso que o desenvolvimento e implantação da metodologia BIM deve ser tomado como uma ação coordenada pelo Estado e por todos aqueles que querem um salto qualitativo neste ramo industrial.

Uma breve história para entendermos de onde vem e para onde vai

Aos recém iniciados ou leigos na indústria de AEC, pode parecer que o BIM surgiu praticamente da noite para o dia, mas, nesta indústria, tradicionalmente lenta e conservadora, as novidades são desprezadas às vezes por décadas e não são implementadas por vários motivos.

Criação de um layout mestre de um avião

A crença popular faz o BIM apresentar-se apenas como tecnologia e não como um método. Sim, há uma forte presença de componentes tecnológicos que compõem o processo BIM. Mas a tecnologia, o hardware e software em si, é apenas um dos itens deste vasto sistema. No entanto, a proliferação recentemente dessa metodologia no Brasil nos últimos cinco anos esconde um longo processo interativo de desenvolvimento de tecnologia de mais de 60 anos.

A base teórica e de programação nasceu da pesquisa, na década de 50 do século XX, do Dr. Patrick Hanratty, conhecido como pai do CAD ([11]) e CAM ([12]); a interface gráfica SKETCHPAD, que empolgou o mundo com o design interativo de Ivan Sutherland, parte de seu trabalho para o PhD no MIT, era revolucionária para 1963.

Ivan Sutherland’s SKETCHPAD, MIT.

Foi também em meados dos anos 1960, que a divisão Digigraphics da Control Data Corporation, lançou o primeiro sistema de software CAD disponível comercialmente. O sistema, que foi chamado EDM (Electronic Drafting Machine), funcionava em um mainframe ([13]) da DEC ([14]) e tinha a interface SKETCHPAD. O Digigraphics custava 500.000 dólares por unidade e, obviamente, poucas foram vendidas.

À medida que os computadores pessoais se tornaram mais populares, a utilidade dessas ferramentas para arquitetos e engenheiros tornou-se cada vez mais evidente. Em 1977, o Dr. Georg Nemetschek lançou o programa Statik 97/77 de cálculo de estrutural, o gene do programa Allplan lançado em 1984.

Em dezembro de 1982, a Autodesk lançou o Autocad, um marco na evolução do CAD. Seus desenvolvedores se propuseram a entregar 80% da funcionalidade dos outros programas CAD da época, por 20% de seu custo. Mas, apesar do AutoCAD tornar o CAD acessível a milhares de profissionais, ainda era basicamente 2D.

Fundadores da Autodesk – Da esquerda para direita: Rudolf Kunzli, Mike Ford, Dan Drake, Mauri Laitman, Greg Lutz, David Kalish, Lars Moureau, Richard Handyside, Kern Sibbald, Hal Royaltey, Duff Kurland, John Walker, Keith Marcelus

O MiniCAD de 1985 foi lançado pela empresa Diehl Graphsoft somente para plataforma Apple. Em 1999, foi renomeado VectorWorks e é um dos pioneiros programas CAD para arquitetura com modelagem 3D. O VectorWorks foi inovador ao introduzir recursos BIM e usar o poderoso kernel de modelagem geométrica Parasolid.

Enquanto o CAD evoluía a passos largos nos Estados Unidos e na Inglaterra, na Hungria um gênio da computação e da programação contrabandeava ilegalmente computadores Apple para desenvolver um software que mais tarde mudaria o curso da história do conceito de BIM e o mercado de BIM como o conhecemos hoje.

Em 1982 a Graphisoft foi fundada por Gábor Bojár que começou a desenvolver o um programa com tecnologia semelhante ao BDS de Charles Eastman. Em 1984, Bojár lançou o Radar CH para o sistema operacional Apple Lisa. E em1987 lança o ArchiCAD sob o conceito de edifício virtual, tornando-o o primeiro software BIM disponível em um computador pessoal ([16]).

Em 1966, a Teknillinen laskenta Oy é fundada em Helsinque, Finlândia, e renomeada Tekla antes do fim do ano. A Tekla, em 1986, desenvolveu um banco de dados virtual e, em 1987, completou seus programas gráficos combinados com o banco de dados virtual, versão inicial de um BIM.

O PseudoStation, um programa criado pela Bentley Systems Inc., em 1986, um ano depois renomeado para MicroStation, foi usado para substituir as estações de trabalho CAD Intergraph.

Apesar de muitos softwares em várias áreas da engenharia aproveitarem este grande momento nos anos 1980, a revolução 3D veio com o lançamento do Pro/ENGINEER, em 1987. O Pro/ENGINEER era um programa CAD baseado em geometria sólida e técnicas paramétricas com capacidade para definir peças e sua montagem em tempo real. Ele funcionava em estações de trabalho UNIX[17], já que os PCs da época não eram suficientemente poderosos. Os últimos anos da década 80 viram o lançamento de vários kernels de modelagem 3D, principalmente ACIS[18] e Parasolids ([19]), que formariam a base para outros programas CAD paramétricos.

A evolução do BIM na realidade está ligada à evolução dos programas e computadores e o conceito de BIM não é atribuído a uma pessoa, mas é uma rica história de inovação que vai desde os Estados Unidos, a Europa Central e do Norte e até o Japão.

Em 1974 Charles “Chuck” M. Eastman já esboçava sua primeira descrição do modelo virtual em uma famosa publicação, relativa a uma pesquisa desenvolvida na Universidade Carnegie-Mellon em Pittsburgh (EUA), intitulada An outline of the building descrition system (um esboço do sistema de descrição do edifício). Em 1975, ele voltava com outro artigo descrevendo um protótipo chamado Building Description System (BDS), em que discutia ideias de design paramétrico e representações 3D computáveis de alta qualidade com um único banco de dados, integrado para análises visuais e quantitativas.

O artigo de Eastman basicamente descreveu o BIM como o conhecemos agora. Ele desenvolveu um programa que deu ao usuário acesso a um banco de dados classificável, em que as informações podem ser recuperadas categoricamente por atributos (incluindo material e fornecedor); e que também utilizava uma interface gráfica do usuário com visualizações ortográficas e em perspectiva. O BDS foi um dos primeiros projetos na história do BIM a criar com sucesso esse banco de dados de construção descrevendo elementos individuais da biblioteca que podem ser recuperados e adicionados a um modelo ([20]).

Eastman concluiu que o BDS melhoraria as eficiências de desenho e análise e reduziria o custo do projeto em mais de cinquenta por cento. O próximo projeto de Eastman, GLIDE (Graphical Language for Interactive Design ), criado em 1977 na CMU, exibiria a maioria das características de uma plataforma BIM moderna, identificando os problemas mais fundamentais do projeto arquitetônico nas cinco décadas seguintes.

O próximo salto no BIM ocorreu com a introdução da 4ª dimensão, 4D ou “tempo”. O sistema de software RUCAPS[21] desenvolvido pela GMW Computers, em 1986, foi o primeiro programa a usar o conceito de faseamento temporal dos processos de construção, tendo sido utilizado para auxiliar na construção faseada do Terminal 3 do Aeroporto de Heathrow.

O grande salto qualitativo do BIM foi com a fundação da Aliança Internacional para Interoperabilidade ([22]) (IAI) em 1994. Foi um consórcio industrial de 12[23] empresas americanas, convidadas pela Autodesk para assessorar no desenvolvimento de rotinas, instruções em C++ para apoiar o desenvolvimento integrado de aplicativos. Deste encontro, anos depois se formou a buildingSMART International Ltd., que desenvolveu a Industry Foundation Classes (IFC) como uma especificação neutra e aberta para BIM.

Em 2005, a Aliança Internacional para Interoperabilidade (IAI) muda o longo e complexo nome para buildingSMART ([24]). A 5ª dimensão, ou 5D, veio em 2000, com o lançamento do programa Revit por dois engenheiros oriundos da PTC[25] e que tinham a pretensão de criar o Pro/ENGINEER da indústria AEC. O Revit permitiu que os custos fossem associados a componentes individuais, possibilitando aos empreiteiros gerarem não apenas cronogramas de construção, mas também estimativas de custos.

A estação de trabalho Calma Digitizer, introduzida em 1965, permitiu que dados de coordenadas fossem inseridos e transformados em dados legíveis por computador

Um dos primeiros projetos a usar o Revit foi o Freedom Tower na cidade de Nova York, substitutos das Torres Gêmeas, e que foi concluído em uma série de arquivos BIM separados, mas vinculados.

As dimensões do BIM.  Fonte: BIBLUS, 2018

O Brasil no BIM

Com iniciativa de alguns pioneiros, lentamente, testemunhamos as mudanças na forma como a indústria de AEC conduz seus negócios no Brasil, com o reconhecimento de que um melhor trabalho de colaboração e comunicação no início do processo de design se faz necessário para evitar atrasos e, também, outros fatores que causam o aumento dos custos para o proprietário.

Mas isso não foi obra do acaso, nem tarefa fácil. Foi o trabalho de mais de 20 anos dos esforços de professores universitários pioneiros, profissionais liberais visionários, empresas céticas, mas corajosas e, por vezes, entusiastas, e do maior contratante do País, o próprio Estado Brasileiro, na figura do projeto Opus do Exército, em 2010.

Uma história mais rigorosa do BIM no Brasil foi apresentada pelo Youtube, no canal do divulgador e ativista BIM, Alexander Justi, em entrevistas comemorativas ao 1º ano de existência da sua plataforma, com os professores Dr. Eng. Sergio Scherer ([26]) da UFPR e Eduardo Toledo ([27]) da Poli USP, que contam em detalhes o difícil e tortuoso caminho do BIM no Brasil. As entrevistas esculpem uma narrativa dos precursores da tecnologia BIM no Brasil em detalhes.

O engenheiro Wilton Catelani, em palestra apresentada durante 9ª reunião de 2018 da -ABNT/CEE-134 – Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção (BIM), estabelece uma interessante linha do tempo do BIM. Além dos eventos por ele listados, acrescento alguns que de alguma forma são importantes para nós:

Linha do Tempo 1974 a 2008 do BIM – Eng. Wilton Catelani – Apresentada na 9ª reunião de 2018 da -ABNT/CEE-134 – Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção (BIM)

 

Linha do Tempo 2007 a 2018 do BIM – Eng. Wilton Catelani – Apresentada na 9ª reunião de 2018 da -ABNT/CEE-134 – Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção (BIM)

2013 – FEBRAVA 2013 – XIII Encontro Nacional de Empresas Projetistas e Consultores. Tema: “Projeto Integrado: do BIM ao Comissionamento”

2014 – Brasília – XIV Encontro Nacional de Empresas Projetistas e Consultores: Tema “Certificação LEED v4 e BIM”

2015 – FEBRAVA 2015 lançamento da “Plataforma de Compartilhamento de Componentes BIM” do DNPC.

2018 – Mercofrio – Seminário BIM em Instalações Complementares e HVAC-R

2018 – Salvador – XIII Encontro Nacional de Empresas Projetistas e Consultores: A Evolução do BIM no Brasil, ministrada pelo presidente da CBIM (Câmara Brasileira de BIM), Alexander Justi e mesa redonda BIM.

E outras palestras e seminários, disseminados pela ABRAVA, ASBRAV, CREAs etc., no assunto projeto e instalações de AVAC com o método BIM.

A Era BIM no Brasil

No nosso país, a indústria é excessivamente litigiosa e de alto risco, e a indústria da construção não é diferente. A ênfase durante anos tem sido a prevenção de riscos em detrimento da colaboração e de orçamentos precisos, assim, o resultado foi muitas vezes o mesmo: muitos pedidos de alteração e processos de construção incorretos que levaram à longos atrasos e estouros de orçamento. Esta não era uma forma sustentável e honesta de fazer negócios e, com o tempo, isso começou a ser reconhecido pelos líderes do setor e pelo estado Brasileiro.

Neste cenário, após anos de sangue, suor e lágrimas dos visionários e de tantos outros como nos contou o professor Dr. Eng. Sergio Scheer em sua palestra: “+ de uma década de ações para BIM – Governo/Indústria/Academia” proferida no seminário internacional “BIM Brasil – Uma agenda para o Brasil”, promovido pelo SINAENCO em São Paulo em 06 novembro 2018, a difusão do BIM vira estratégia de governo.

A era do BIM na infraestrutura estava chegando com a criação do CE – BIM (Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modeling) em junho de 2017, composto por representantes de 9 Ministérios ([28]).

Em 2018, o Decreto Federal 9.377 estabeleceu a “Estratégia Nacional para a Disseminação do BIM” ou Estratégia BIM-BR, e o Brasil passou a contar com diretrizes e metas para a adoção da Metodologia da Informação da Construção com as seguintes metas:

– Assegurar ganhos de produtividade ao setor da CC;

– Proporcionar ganhos de qualidade nas obras públicas;

– Aumentar a acurácia no planejamento de execução de obras proporcionando maior confiabilidade de cronogramas e orçamentação;

– Contribuir com ganhos em sustentabilidade … redução de resíduos sólidos da CC;

– Reduzir prazos para conclusão de obras;

– Reduzir necessidades de aditivos contratuais…;

– Elevar o nível de qualificação profissional na atividade produtiva;

– Estimular a redução de custos existentes no ciclo de vida dos empreendimentos;

– Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM.

Mapa do programa BIM BR

Com a finalidade de promover um ambiente adequado ao investimento em BIM e a sua difusão no país, tem como objetivos específicos:

– Difundir o BIM e seus benefícios;

– Coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM;

– Criar condições favoráveis para o investimento, público e privado, em BIM;

– Estimular a capacitação em BIM;

– Propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e contratações públicas com uso do BIM;

– Desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para a adoção do BIM;

– Desenvolver a plataforma e a biblioteca nacional BIM;

– Estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM;

– Incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade BIM.

O grupo Estratégia BIM BR também tinha suas metas para esta tarefa, conforme o próprio documento descreve ([30]):

– “….Os indicadores e metas ao lado são baseados nos objetivos de ampliar a utilização do BIM e aumentar a produtividade do setor da construção. Segundo pesquisa e estudos da Fundação Getúlio Vargas – FGV deste ano, 9,2% das empresas do setor da construção já implantaram o BIM na sua rotina de trabalho. Estas empresas correspondem, hoje, a 5% do PIB da Construção Civil. A partir desses indicadores, a Estratégia BIM BR almeja:

– Aumentar a produtividade das empresas em 10% (produção por trabalhador das empresas que adotarem o BIM);

– Reduzir custos em 9,7% (custos de produção das empresas que adotarem o BIM);

– Aumentar em 10 vezes a adoção do BIM (hoje 5% do PIB da Construção Civil adota o BIM, a meta é que 50% do PIB da Construção Civil adote o BIM);

– Elevar em 28,9% o PIB da Construção Civil (com a adoção do BIM, o PIB do setor, ao invés de 2,0% ao ano, espera-se que cresça 2,6% entre 2018 e 2028, ou seja, terá aumentado 28,9% no período, atingindo um patamar de produção inédito)…”.

Em agosto de 2019, foi publicado o Decreto Lei 9.983, que atualiza as disposições sobre a Estratégia Nacional BIM BR e institui o Comitê Gestor da Estratégia BIM BR; juntamente é criada a Plataforma BIM BR da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), ou Biblioteca Digital de Objetos BIM do Brasil.

Em 3 de abril de 2020, foi publicado o Decreto 10.306/2020, que estabelece a utilização – agora vai! – do Building Information Modeling na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizadas pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal. O documento informa a abrangência dos projetos pilotos e das áreas: a execução dos serviços e obras nos imóveis que estão sob jurisdição do Exército, da Marinha e da Força Aérea Brasileira, os investimentos em aeroportos regionais, e as realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Divide-se em 5 seções:

  1. Objeto e âmbito de aplicação, sendo tratados nos Art. 1º e Art. 2º;
  2. Definições, sendo tratadas no Art. 3º;
  3. Fases de implementação, sendo tratadas nos Art. 4º e Art. 9º;
  4. Disposições transitórias, tratada no Art. 10;
  5. Vigência, tratada no Art. 11.

Bem-vindos à Era BIM

Para qualquer tecnologia ou sistema em sua “infância” existem desafios. Para o BIM, trata-se de garantir que as melhores práticas estejam em vigor e que todos (proprietário, arquiteto, designer, empreiteiro geral etc.) estejam usando a tecnologia de maneira combinada.

Não fazer isso levará ao colapso de todo o processo BIM e a uma reversão para os projetos mal elaborados, atrasos e estouros de orçamento.

O BIM veio para ficar e a única pergunta é: você entende e está pronto para isso?

Anderson Rodrigues, é diretor da Asbrav e projetista e consultor na Artécnica

(Este artigo está sendo publicado em duas edições da revista Abrava+Climatização & Refrigeração. (setembro e outubro). Aqui ele encontra-se na íntegra.)

[1] Pierre-Simon, Marquês de Laplace – https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre-Simon_Laplace

[2] Jean Baptiste Joseph Fourier – https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Baptiste_Joseph_Fourier

[3] “Architecture, Engineering and Construction” AECabreviação para o setor da indústria da

construção que presta serviços em projetos de arquitetura, projetos de engenharia e serviços

relacionados a construção.

[4] Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado – sinônimo de HVAC em inglês

[5] O “Standard ANSI / ASHRAE / IES 90.1”: Publicado pela primeira vez em 1975, é uma

norma de energia para edifícios, exceto edifícios residenciais. É norma da American National

Standards Institute (ANSI) publicado pela ASHRAE e patrocinado conjuntamente pela

Illuminating Engineering Society (IES). Desde 2001 vem sendo atualizado, 2004, 2007, 2010,

2013, 2016 e 2019, e reflete as tecnologias mais recentes e eficientes em sistemas e equipa

Mentos de ar condicionado.

É referência para códigos de energia de edifícios comerciais nos Estados Unidos e uma base

importante para códigos e padrões em todo o mundo por mais de 35 anos.

[6] “Standard 62”, ou “Standard 62.1” Publicado pela primeira vez em 1973, é usado para

orientar a melhoria da qualidade do ar interior (QAI) em edifícios existentes..

[7] “Building Information Modeling”

[8] Understanding BIM in the age of digitisation – MagiCAD Whitepaper

https://www.magicad.com/en/understanding-bim-in-the-age-of-digitisation/

[9] Desenvolvimento ágil – um conceito muito utilizado na indústria de software (Agile software

developmen)

[10] The Engineering Design Revolution The People, Companies and Computer Systems That

Changed Forever the Practice of Engineering – A Brief Overview of the History of CAD

– David E. Weisberg – www.cadhistory.net/

[11] computer aided design – desenho assistido por computador

[12] Computer Aided Manufacturing – manufatura assistida por computador

[13] Grande computador do século XX

[14] DEC ou Digital Equipment Corporation – Importante fabricante de computadores do final

século XX.

[15]  The Engineering Design Revolution The People, Companies and Computer Systems That

Changed Forever the Practice of Engineering – Autodesk and Autocad  – www.cadhistory.net/

 

[16] BIM History History of Building Information Modeling – Architecture Research Lab,

Michael S Bergin. 2011

[17] Unix é um sistema operativo portável, multitarefa originalmente nos Laboratórios Bell da

AT&T. Era o sistema operacional das estações de trabalho (workstation) dos anos 80 e

metade do 90 do século passado.

[18] ACIS é um kernel geométrico desenvolvido pela companhia de software Spatial Corp

[19] O Parasolid é um kernel de modelagem geométrica que pode ser licenciado por outras

empresas para uso em seus produtos.

[20] BIM History History of Building Information Modeling – Architecture Research Lab,

Michael S Bergin. 2011

[21] RUCAPS (Riyadh University Computer Aided Production System) foi um sistema de design

auxiliado por computador (CAD) para arquitetos , desenvolvido pela primeira vez durante os

anos 1970 e 1980, e hoje creditado como um precursor do Building Information Modeling

(BIM). – https://en.m.wikipedia.org/wiki/RUCAPS

[22] International Alliance for Interoperability, hoje BuildingSmart.

[23] Os membros fundadores foram AT&T; Archibus, Carrier Corporation, Hellmuth, Obata e

Kassabaum (HOK), Honeywell, Jaros, Baum & Bolles (JB&B), Laboratório Lawrence Berkeley,

Primavera Systems, Softdesk, Timberline Software Corp, e Tishman Research Corp.

[24] Building Smart – https://www.buildingsmart.org/

[25] A PTC Inc. é uma empresa americana de software e serviços de computador fundada em

1985 – https://www.ptc.com/pt

[26] BIMTALKS – Aniversário de 1 ano – Entrevista com Prof. Dr. Sérgio Scheer – 26/08/2020

https://youtu.be/IZ15fMU1x54

[27] BIMTALKS – Aniversário de 1 ano – Entrevista com Prof. Dr. Eduardo Toledo – 26/08/2020

https://youtu.be/-kjBq2ZUvHM

[28] São eles: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que exercerá a Presidência;

Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações; Ministério das Cidades; Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e

Gestão; Ministério da Defesa; Secretaria Geral da Presidência da República; Ministério dos

Transportes, Portos e Aviação Civil; e • Ministério da Saúde.

[29] Ministerio da Economia – Livreto Estrategia BIM BR

http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/sdci/CGMO/Livreto_Estrat%C3%A9gia_BIM_BR_vers%C3%A3o_site_MDIC.pdf

[30] Ministerio da Economia – Livreto Estrategia BIM BR  Pag.37

http://www.mdic.gov.br/images/REPOSITORIO/sdci/CGMO/Livreto_Estrat%C3%A9gia_BIM_BR_vers%C3%A3o_site_MDIC.pdf

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