O consultor Marcos Antonio Vargas Pereira, diretor da Térmica Brasil, tem se dedicado a estudar os benefícios da qualidade dos ambientes internos. Para ele, o primeiro passo no sentido da IEQ é construir uma OPR (Requerimentos de Projeto do Empreendedor ou Proprietário) que incorpore todos os conceitos e resultados esperados e que o projeto reflita estes requerimentos. “É importante estabelecer de forma clara nossas metas de IEQ relativas a todos os aspectos de conforto humano, como qualidade de ar interior, controle adequado de temperatura e umidade relativa, conforto lumínico, conforto sonoro, integração com a vizinhança etc.
Em vista das novas condições impostas pelo SARS-CoV-2, em sua opinião os aspectos relativos à saúde humana devem prevalecer sobre todos os demais, tendo a eficiência energética um valor secundário na equação. “Ainda assim é possível conceber estratégias de controle que busquem alguma eficiência, como subir o set point de temperatura dos ambientes, o que é bem simples e de bom resultado.”
Diante do novo quadro, as estratégias de aumento de ar exterior para diluição, o incremento de filtragem de maior eficiência, o uso de purificadores e de tecnologias de UV e fotocatalisadores têm sido as estratégias mais usadas. “As estratégias de uso de equipamentos com baixa eficiência de filtragem, instalações limitadas quanto a renovação de ar são as que perderão espaço.”
Ele ressalta que os benefícios para empresas que buscam manter a qualidade dos ambientes internos “são imensuráveis”. “O Dr. Joe Allen da Universidade de Harvard desenvolveu um estudo de respostas cognitivas de usuários de instalações com alto grau de IEQ e nas instalações de mais alto IEQ a resposta cognitiva dos ocupantes é em torno de 27% maior que em instalações normais (mas de grau aceitável de IEQ) portanto, a empresa tem um potencial de melhoria de rendimento individual e coletivo altamente desejável.”
Como mensurar financeiramente os benefícios? “Esta é a parte mais difícil. É possível aumentar as respostas cognitivas, porém, para que esta melhora seja explorada é necessário criar estratégias. Eu escrevi um artigo para a revista Abrava+Climatização & Refrigeração (edição No. 75 – Junho de 2020) buscando explicar uma metodologia de mensuração financeira. Mas, ainda que sejam simulações de ganhos, tenho certeza de que todo investimento em IEQ tem retorno em curto prazo, dado que o maior custo operacional de uma empresa é o relativo aos recursos humanos.”