Quando menina, Ana Carolina de Souza Rodrigues sonhava ser médica. “É uma profissão bonita. Os profissionais da saúde são verdadeiros heróis para mim. Principalmente agora, com a pandemia que vivemos”, diz ela.
Entretanto, muito cedo percebeu que suas aptidões estavam mais direcionadas para matemática e física. Foi assim que, ao começar o segundo grau, escolheu o curso técnico em eletromecânica. Em seguida, cursou engenharia mecânica na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pós-graduação em engenharia e gerenciamento de manutenção.
Concluídos os estudos, empregou-se em uma grande siderúrgica no Porto de Pecém, Ceará. Dois anos depois, já de volta à cidade natal, Volta Redonda, importante polo siderúrgico do sul fluminense, Ana Carolina foi surpreendida por uma proposta do pai, Eduardo.
“Meus pais, Eduardo e Núbia, já possuíam a Reman, uma empresa dedicada à instalação e manutenção de equipamentos móveis para a siderurgia. Meu pai falou sobre as possibilidades promissoras existentes no ar-condicionado. Mas eu teria que me encarregar desta área, pois ele não teria disponibilidade”, conta.
“Comecei a estudar o assunto e percebi que fazia sentido. Afinal, toda indústria necessita de ar-condicionado, seja nas áreas de produção ou na administração. Por isso aceitei a proposta do meu pai, mas não só para a área automotiva, principalmente predial, visando a qualidade do ar interior”, diz. Foi criada, então, a Reman Frigerar, e o AVAC-R ganhou uma profissional dedicada e idealista.
Pesquisando, Ana Carolina tomou conhecimento da Lei 13.589, que torna obrigatório o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC), sancionada em 2018. Sem entender muito bem as nuances contidas na Lei, foi atrás de quem poderia prestar os devidos esclarecimentos. “Fui até a Anvisa, onde anotaram minhas dúvidas com a promessa de retornar o contato. Jamais o fizeram”.
Sem se abater, a engenheira procurou outros canais. “Comecei a conhecer novos instrumentos reguladores da qualidade do ar interno, como as portarias da Anvisa. Procurei estabelecer network com profissionais da área, entrei em grupos de discussão e cursos que me permitissem entender o assunto. Tomei contato com a Abrava e acompanhei cursos do Arnaldo Parra.”
Seu esforço e tenacidade geraram resultados. Hoje, a Frigerar, onde é a responsável técnica e pelos contratos de PMOC, tem uma respeitável carteira de clientes. Levada por valores comunitários, Ana Carolina em pouco tempo sentiu-se na obrigação de devolver os conhecimentos adquiridos.
“Quando começou a pandemia eu recebi uma mensagem da Associação Comercial de Volta Redonda dizendo para não usar o ar-condicionado. Fiquei indignada e entrei em contato para esclarecê-los, enviando a documentação técnica, como a Renabrava. Em função disto, me senti na obrigação de procurar esclarecer todas as pessoas sobre assunto”, diz ela. Do episódio, resultaram uma série de vídeos sobre a qualidade do ar de interiores, benefícios do ar-condicionado, gestão da manutenção, dentre outros temas.
Para a engenheira da Frigerar esta é, também, uma forma de compensar todo o apoio que recebeu do setor AVAC-R. “Tive vários benefícios ao migrar da siderurgia para o AVAC-R. O principal deles foi perceber o quanto o pessoal da área é solidário, procura ajudar. Principalmente as mulheres, que buscam apoiar-se mutuamente. Só conheci pessoas que querem ajudar.” Também por isso, Ana Carolina faz parte de vários grupos no setor, incluindo o Comitê de Mulheres da Abrava.
Sem dúvida, nem tudo foram flores nesta curta, mas intensa, caminhada. “Como em todo setor, há profissionais pouco qualificados prometendo o que não podem entregar. No começo, eu ficava chateada por perder um contrato por preço. Com o tempo, girei a chave. Nem todos serão clientes da Frigerar. Se a empresa não compreende os benefícios dos serviços que oferecemos, não é o cliente que a Frigerar procura. Nosso negócio exige uma estrutura sólida, um amplo ferramental, funcionários remunerados dignamente e respeito às normas e regulamentos.”
Às mulheres que buscam ingressar no mercado de AVAC-R, Ana Carolina recomenda, antes de tudo, que estudem, uma vez que, no seu entender, a escola pouco ensina como empreender. “Não apenas as questões técnicas, mas comunicação, negociação, vendas, pois sem elas não há empresa. O início será difícil, mas o retorno é compensatório.”
Mas que não se pense que o sonho de infância, cuidar de pessoas, esvaneceu. “Quando o AVAC-R me escolheu percebi que oferecemos muito mais do que a engenharia. Oferecemos saúde, um ambiente saudável para as pessoas. Não podemos nos abater pelas dificuldades, dividamos informações para que todos façam as escolhas corretas, sejamos os porta-vozes da qualidade do ar e do PMOC.”
Assista a entrevista completa no canal da Nova Técnica. Clique aqui