Mesmo em ambientes climatizados com os sistemas split a elevação da performance é uma realidade, basta seguir as recomendações de fabricantes
É possível reduzir o consumo de energia com a climatização dos ambientes, assegurando a renovação do ar, mesmo em sistemas split. A ação para o alcance desses objetivos, começa com o correto dimensionamento dos equipamentos, fugindo tanto da superestimação, quanto do subdimensionamento. A escolha do local de instalação tampouco pode ser aleatória. Outro ponto importante é o dimensionamento das tubulações e respectivo isolamento térmico. Por fim, mas não menos importante, em lugares com maior número de máquinas, em ambientes de uso comercial ou salas de aulas, por exemplo, é fundamental especificar sistemas auxiliares para a renovação do ar que, idealmente, devem comportar sensores de CO2.
Boa parte desses procedimentos cabe aos projetistas e, dependendo do caso, do instalador. “Em primeiro lugar, é importante dialogar com o cliente sobre a instalação e as possibilidades de reduzir a carga térmica, através do uso de cortinas ou black out nas janelas ou outras mudanças pequenas que podem ter um impacto grande no consumo de energia ao longo da vida da instalação. Depois, é importante dimensionar bem o tamanho do equipamento necessário e selecionar um equipamento com capacidade adequado. Se optar por um equipamento muito pequeno ou muito grande para o ambiente, o consumo de energia vai aumentar. Outro fator importante são as boas práticas de instalação, como linhas o mais curtas possíveis, com isolação térmica adequada da tubulação, do tamanho e espessura corretos, que não deixem espaço entre o tubo e o material isolante, e, muito menos, colocar os dois tubos (alimentação e retorno) dentro de um único tubo isolante. Prática que infelizmente ainda é muito frequente”, orienta Robert van Hoorn, Diretor da Multivac Ventilação.
Mas o usuário também deve trazer para si a responsabilidade pelo desempenho energético do equipamento. Sugerimos que mantenha os filtros de ar sempre limpos, realize manutenção periódica com um profissional especialista, mantenha a janela fechada quando realizar a climatização do ambiente e ajuste a temperatura do ar-condicionado em torno de 23oC, que, segundo pesquisas, é uma boa média para se adotar”, recomenda Akihide Sayama, Presidente da Fujitsu General do Brasil.
Rafael Dutra, Coordenador de Aplicação da Trane, completa as orientações. “O usuário pode contribuir com a redução de consumo através de algumas ações práticas, como a escolha da temperatura de operação do equipamento; quanto maior a temperatura, menor será o consumo. Portanto, o ideal seria o usuário compreender que ar-condicionado não é para sentir frio, e sim para não sentir calor excessivo. Uma temperatura na casa dos 25°C a 27°C, a depender da vestimenta e da atividade física dentro do ambiente, seria perfeitamente confortável. Garantir um ambiente fechado quando o equipamento estiver ligado, observando portas e janelas, e garantir que a manutenção periódica do equipamento esteja em dia, especialmente os filtros. Outro aspecto importante é não atribuir ao equipamento coisas que ele não é capaz de fazer, por exemplo o calor sentido por causa da radiação solar direta ou por superfícies quentes não será resolvido por um equipamento ligado com 17°C no controle remoto, só irá gastar mais energia.”
Ação do instalador
Mas é sobre o instalador que recai boa parte da responsabilidade. Afinal, é ele quem, na maioria das vezes, está na ponta, influenciando a decisão do usuário. Neste sentido, Dutra, da Trane, faz alguns alertas. “Ao observar as boas práticas de instalação, bem como as instruções do manual do fabricante, o instalador irá evitar que os equipamentos operem fora das condições para as quais foram projetados e, assim, entreguem a eficiência original esperada. Respeitar distâncias e bitolas de tubulação de interligação, infraestrutura elétrica adequada e o correto posicionamento das unidades para evitar curto-circuito são aspectos que devem ser respeitados para o bom funcionamento dos equipamentos. O uso de fluidos refrigerantes de boa procedência é fundamental, pois o equipamento foi projetado para operar com um determinado fluido para entregar uma certa performance. Existem fluidos no mercado que não entregam a composição química correta e podem resultar em baixa performance e durabilidade reduzida do equipamento.”
Sayama diz, também, que o instalador pode contribuir verificando se o equipamento é adequado para a carga térmica do ambiente, adotando uma instalação conforme recomendações contidas no manual de instalação do fabricante e instruindo o consumidor sobre o uso adequado do ar-condicionado. “O instalador precisa trabalhar em alguns itens para tornar o sistema eficiente, tais como: Diâmetro da tubulação conforme manual do fabricante; comprimento da tubulação ser o menor possível, desde que atendido o comprimento mínimo; desnível o menor possível; carga de fluido refrigerante conforme o manual recomendado pelo produto; e isolante térmico com baixa condutividade térmica”, enumera.
O isolamento térmico merece total atenção do instalador. “Começando pela espessura e tipo de material do isolamento”, enfatiza o Coordenador de Aplicação da Trane, “o instalador precisa garantir que, caso haja uma recomendação do fabricante, isso seja seguido, ou que ele entenda qual a temperatura de superfície esperada para as tubulações a serem isoladas e onde estarão instaladas. Tendo isso em vista, o isolamento irá prevenir a perda de eficiência e a possível condensação dentro de ambientes; de fato, ambos são energia sendo jogada fora. Sabendo que a espessura é importante, o instalador deve tomar o cuidado de não reduzir a espessura do isolamento ao fixar este na tubulação; a fixação deve garantir também que o ar do ambiente não penetre na interface tubo-isolante pois, a condensação poderá enxarcar o isolante, reduzindo sua eficácia.”
Não podemos esquecer das instalações dutadas, que merecerão atenção redobrada. “Os sistemas dutados têm a grande vantagem de possibilitar uma melhor distribuição de ar, evitando que algumas pessoas no ambiente sintam frio e outras calor. Em relação à preservação de energia nos dutos, existem dois pontos importantes: 1o) a isolação térmica é não somente para evitar condensação na superfície de duto, mas também para reduzir o consumo de energia; 2o) é importante evitar vazamentos de ar para não resfriar o espaço acima do forro. A Multivac, desde 2008, possui o MPU, um sistema de fabricação de dutos em painéis pré-isolados com espuma rígida de poliuretano que facilmente podem ser fabricados na obra com excelente isolação térmica, se fabricados corretamente, com grande estanqueidade, tornando-se a solução ideal para a rede dutos.”
Renovação do ar
Em ambientes residenciais a renovação do ar pode não ser um grande problema. Mas, em se tratando de ambientes de uso público, ela é cada vez mais essencial. Cabe, assim, byscar soluções que possam dispender o menor consumo de energia possível.
“A renovação de ar é muito importante para a saúde dos usuários, mas também significa um aumento da carga térmica. Para reduzir o consumo de energia é importante escolher bem o local de captação de ar externo. Escolher um lugar com boa qualidade de ar, longe de escapamentos de veículos, ou descargas do próprio prédio, e, se possível, na parte da construção que recebe menos sol, ou seja, menos quente, com o objetivo de reduzir a carga. Depois, é importante definir bem a necessidade de renovação de ar para aquele ambiente para não superdimensionar o sistema e evitar carga térmica desnecessária. Por fim, se possível partir para um sistema mais sofisticado com sensores e controles que garantam a qualidade do ar interno com o mínimo de carga térmica. Na Multivac desenvolvemos o CMM, sistema de controle e monitoramento que permite, entre outros, a medição de CO2 e regular a velocidade do ventilador para garantir a renovação de ar adequada para a situação naquele momento, fugindo de renovação e, consequentemente, carga térmica maior que o realmente necessário. O sistema CMM também pode medir a diferença de pressão antes e depois dos filtros, dando uma indicação da sua vida útil”, discorre van Hoorn.
Há, também, sistemas mais eficientes. “O mundo ideal é o uso de recuperadores de calor. Sempre que possível utilizar o ar de exaustão em um trocador para recuperar a energia de climatização e pré-condicionar o ar externo. O uso de filtros de boa qualidade e grau de filtragem no ar externo também ajudarão na durabilidade dos filtros internos, reduzindo a perda de carga neles”, completa Dutra.
Especificação do equipamento
Como em qualquer tipo de produto, existem diferenças substanciais entre um tipo de equipamento split para outro. Tais diferenças, em geral, expressam-se nos respectivos preços. Por isso o usuário, orientado pelo projetista ou pelo instalador, a depender da situação, deve avaliar a relação custo x benefício do equipamento a ser instalado.
“No mercado existe ar-condicionado com diferentes tecnologias, a mais recente e com elevada economia de energia, é a tecnologia inverter. Inclusive, somos pioneiros na tecnologia no mercado brasileiro. Outro ponto a ser levado em consideração é o gás refrigerante utilizado, os mais recentes deixam o condicionador de ar mais eficiente, além de ser mais sustentáveis ecologicamente, permitindo redução no efeito de aquecimento global e na preservação da camada de ozônio. Somado a tudo isso, também temos que selecionar o equipamento adequado para a carga térmica do ambiente, verificar um produto com a melhor eficiência energética e realizar a instalação com um profissional habilitado que irá seguir as recomendações do fabricante, instruindo o consumidor sobre o uso adequado do ar-condicionado. Por fim, verificar a etiqueta de eficiência energética do Inmetro e do Selo Procel, contidos nos equipamentos, pois é uma forma de encontrar os aparelhos mais eficientes do mercado, como no caso dos nossos equipamentos que são conhecidos pela qualidade e confiabilidade”, defende o Presidente da Fujitsu General do Brasil.
“No Brasil, temos um selo de eficiência energética Procel emitido pelo Inmetro. Neste selo, temos a classificação energética dos equipamentos que recebem notas, sendo A o maior e F o menor. Este selo está em constante evolução e em breve novas regras serão publicadas, porém, ainda teremos o A como melhor tipo de equipamento em termos de consumo energético. Portanto, à semelhança de outros aparelhos eletrodomésticos, o selo Procel é um bom indicativo de uma decisão de compra a favor da eficiência energética. Equipamentos com tecnologia de velocidade variável, chamados comumente de inverter, também são capazes de fornecer uma boa eficiência energética, sendo uma escolha adequada”, instrui Rafael Dutra.
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